Uma semana havia se passado desde a noite em que Vitória conversara com Luis sobre pedir o divórcio e a responsabilidade dele de ir atrás dos papéis havia sido deixada de lado de propósito. Com os dois vivendo sob o mesmo teto ainda, Luis alegava não ter tempo para tal coisa mas que faria em breve, quando tudo o que tinha em mente era ter esse tempo para que talvez Vitória pudesse voltar atrás da sua decisão.
Durante esses sete dias não havia passado um sequer em que ela e Ana não conversaram por mensagens. O tempo que lhe sobrava no hospital entre um atendimento e outro e o período da noite era preenchido com conversas entre as duas. Os assuntos, felizmente, deixaram de ser somente o casamento arruinado da morena e passaram a ser sobre diversas coisas aleatórias. Tinham uma amizade basicamente formada, onde descobriram inúmeros gostos em comum e semelhanças nas personalidades. Ana sempre dava alguns dos poucos motivos que ela tinha para sorrir no dia. Ana estava sentada na sala de espera do hospital aguardando para a retirada dos pontos e do gesso, acompanhada por Edimilson Já estavam lá há minutos esperando, a cacheada com a cabeça encostada no ombro do pai que por sua vez tinha o braço esquerdo passado por seus ombros. Vitória abriu a porta devagar fazendo Ana levantar automaticamente a cabeça do ombro de Edimilson. Ambas sorriram quando seus olhos se encontraram e a morena indicou com a cabeça para o corredor.
— Bom dia, escape! — O apelido permaneceu entre as duas. Vitória o pronunciou baixo por estarem seu local de trabalho.
— Bom dia! — Ana disse após Vitória fechar a porta atrás dela. — Aliás, bom não, ótimo. Não via a hora de tirar essas coisas. — Fez Vitória rir.
— Seu desespero é nítido.
— Impossível conter.
Ao entrar na sala de Vitória, ela instruiu Ana para que se sentasse na maca.
— De qual tormento quer se livrar primeiro?
— Tira isso da minha perna, por favor. — Suplicou.
— Como quiser.
Vitória tirou o que estava incomodando a morena há dias.
— Não acredito que ainda existe uma perna. — Ana sorriu satisfeita.
— Venha. — Vitória lhe estendeu a mão e ela segurou para descer, firmando seus dois pés no chão.
— Sente alguma dor? — Perguntou e Ana negou com a cabeça. — Ótimo, agora ande até a porta e veja se ainda não dói. — Ana soltou sua mão da de Vitória e andou normalmente até a porta, se virando de novo para a morena.
— Dor nenhuma. A minha única dor é ter tido uma perna de uma das minhas calças cortadas para poder usá-la.
— Creio que isso não seja um problema tão grande para você. — Semicerrou os olhos, sorrindo. — Vamos tirar os pontos agora, senhorita Caetano.
— Voltamos às formalidades?
— De jeito nenhum, escape.
Ana voltou para a maca, dessa vez se deitando, e puxou a blusa que estava por dentro da saia, a levantando. Sentiu seus pelos arrepiarem quando Vitória tocou a pele do seu abdômen. Seu corpo reagia assim estranhamente.
— Vai fazer mesmo hoje o que me disse ontem? — Ana perguntou tentando tirar o foco da aflição que sentia enquanto Vitória retirava os pontos sem pressa e com delicadeza.
— Sim. Vou sair mais cedo para isso.
— É o certo.
— Não sei onde estava com a cabeça quando concordei em deixar nas mãos dele.
— Foi melhor para ele ganhar tempo. Ele foi esperto. — Ana recebeu um olhar de desaprovação.
— Tão esperto que não conseguiu nada do que queria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Folhas De Outono
FanfictionNuma noite de outono, após sofrer um acidente, Ana Clara Caetano, que carrega o nome um tanto quanto conhecido no mundo da moda em Nova York, fica sob os cuidados da médica Vitória Falcão. Os cuidados tendem a se estender para fora do hospital, de u...