Capítulo 13

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— Não fala nada. — Vitória sussurrou enquanto acariciava seu rosto. Um suspiro escapou antes de selar seus lábios ao de Ana de novo por segundos. — Se isso for errado, deixe para consertar depois. — Sussurrou novamente antes de beijá-la outra vez. Todas as dúvidas de Ana estavam totalmente sanadas. Ela realmente estava apaixonada por Vitória Falcão. Esperava que em um momento elas fosse se beijar, mas não tão cedo e muito menos desse modo. Vitória havia entendido naquele exato momento Ana. Os sentimentos florescendo para ambas era como a primavera se iniciando no Alasca após muitos dias de escuridão. O ar ficou escasso durante o beijo mesmo que tenha sido lento. Vitória se afastou um pouco mais dessa vez e sorriu ao limpar delicadamente com a ponta do dedo ao redor dos lábios de Ana que estava com seu batom.

— Não vamos consertar nada depois, não é errado. — Ana disse baixo.

— Melhor assim. — Sorriu fazendo Ana sorrir junto.

— A propósito, você ficou linda com ele. — Disse ao pegar a mão de Vitória, a levantando e a fazendo dar uma volta.

— Obrigada por isso. — Disse em meio a um sorriso.

***

— Ana... — Vitória disse assim que ela parou o carro em frente ao prédio de Flávia.

— Não me agradeça por mais nada.

— Mas nem deu tempo de falar.

— Isso é meio previsível.

— Apenas saiba que estou grata. — Disse ao conter o sorriso.

— Eu também estou. — Sorriu.— Como se uma fosse o polo positivo de um ímã e a outra um metal, o magnetismo as trouxe para perto. Os dedos de Ana estavam emaranhados no cabelo de Vitória enquanto o beijo lento manifestava tudo o que se passava dentro delas.

— Você sabe que vamos precisar conversar sobre isso, não sabe? — Ana proferiu baixo devido a proximidade em que seus narizes se tocavam.

— Isso fica para depois. — Falou antes de lhe dar um selinho demorado. — Boa noite, Ninha. — Ana sorriu com o mais novo apelido, já que sempre foi chamada de escape. Vitória sorriu ao se afastar e antes que sua vontade lhe impedisse, abriu a porta do carro.

— Boa noite, Vitória. — Saiu como um suspiro. — A morena lhe deu um último sorriso e desceu do carro. Ana esperou que ela entrasse no prédio para voltar a ligar o carro.

Vitória no elevador olhou para a caixa com o logotipo da grife em que o nome de Ana estava bem trabalhado e sorriu sozinha, tocando seus próprios lábios com as pontas dos dedos. A noite havia sido quase como uma vida paralela a sua. Ao abrir a porta do apartamento devagar por precaução para não acordar Flávia caso a mesma estivesse dormindo, se deparou com a amiga sentada no sofá com o notebook no colo.

— Três horas da manhã, Vitória Falcão. — Disse sem desviar os olhos da tela. — Não acredito que ela tirou seu batom. — Olhou direto para a boca de Vitória que estava encostada na porta e sorriu.

— Você me disse para não voltar para casa sem beijá-la.

***

Alguns dias depois

O quinto dia de céu nublado em São Paulo era semelhante ao que acontecia dentro de duas pessoas que habitavam a cidade e ao mesmo tempo habitavam uma a outra. Cinco dias depois da primeira entrega, cinco dias depois das primeiras demonstrações de um outro tipo de afeto, tudo estava ainda mais confuso do que antes daquela noite. Ana tivera suas dúvidas tiradas com aquele primeiro beijo de iniciativa mútua e os outros que partiram de Vitória, mas todas elas voltaram de modo triplicado quando no dia seguinte não obteve nem sinal de vida da outra. E nem no outro dia. Quando o terceiro estava se aproximando, aquele momento que a tirou do caos a empurrou de volta para um precipício forrado de perguntas sem respostas que ela não poderia encontrar sozinha. As mensagens que comumente mandava foram ignoradas, e não havia outro interesse a não ser apenas saber se estava tudo bem na única ligação que fez e em noventa e seis horas não fora retornada.

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