Capítulo 12

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No outro dia

— Bom encontro. — Flávia sorriu atrás de Vitória que estava prestes a abrir a porta.

— Isso não é um encontro!

— Que seja, só não volte para casa antes de beijá-la. — Vitória lhe mandou um beijo de longe e saiu do apartamento antes que Flávia tivesse oportunidade de falar mais alguma inconveniência. O tempo que passou dentro do elevador até chegar no térreo foi como se minutos tivessem durado bem mais, e seus passos da porta do elevador até a escada de entrada do prédio podiam ser confundidos com câmera lenta.

Ana estava encostada na porta do carro enquanto olhava para o celular, Vitória deu um sorriso ao vê-la com outra jaqueta branca e se aproximou mais. O que fez Ana a olhar para cima foi sentir o perfume de Vitória, o qual já podia reconhecer de longe. Dois sorrisos se abriram para duas pessoas que estavam sendo reviradas por dentro no mesmo momento em que seus olhares se alinharam um ao outro.

— Hey. — Disseram em uníssono. Era a palavra que mais usavam para se cumprimentar, quase como uma marca registrada. Ana se desencostou do carro, dando um passo a frente simultâneamente a Vitória. Seus braços passaram por seus corpos no abraço em que ambas estremeciam, os braços de Vitória ao redor do pescoço de Ana, e os braços dela ao redor da cintura de Vitória, colando seus corpos que por dentro pareciam estar em combustão; uma sendo comburente e a outra combustível.

— Você está linda. — Ana disse em meio a um sorriso.

— Você é linda. — Vitória enfatizou o "é".

— Você também, mas entendeu o que eu quis dizer.

— Apenas usei a oportunidade para falar a verdade. — Vitória encolheu os ombros. A noite mal havia começado e já estavam implorando internamente para que não acabasse. Assim que entraram no carro, Vitória questionou o lugar onde Ana a levaria, fazendo Ana rir da sua curiosidade nítida uma vez que ela não tinha dito em nenhum momento onde iriam cumprir o combinado feito há mais de um mês enquanto a morena ainda estava sob os cuidados da médica. Vitória tinha percebido que apreciava até um simples riso de Ana do mesmo jeito que Ana apreciava o seu de forma secreta. Sua ficha caiu aos poucos que seus sentimentos estavam aflorados e seus batimentos cardíacos acelerados estavam começando a ter nome, sobrenome e endereço. Depois do fim de tarde no Central Park no dia anterior, ela se viu completamente perdida em meio a momentos que foram importantes para que fosse despertado em si tudo o que estava lhe acometendo. Odiava ter que admitir que sua melhor amiga sempre via as coisas antes dela mesma. Flávia havia citado várias vezes sua possível paixão por Ana, e ela também, mesmo que minuciosamente, já conseguia enxergar algo acontecendo dentro de si, só não era tão fácil admitir para si e sua amiga colocou tanto em sua cabeça que trouxe à tona.

Se perdia tentando contar quantas vezes no dia anterior ficaram em momentos em que a tensão se fazia presente entre as duas. Possivelmente, ao seu ponto de vista, Ana permitia esses momentos acontecerem porque talvez sentisse o mesmo. Se tudo estava acontecendo, era notório que não era unilateral.

Utilizaram o tempo gasto até chegar no lugar que Ana havia escolhido para conversarem sobre assuntos quaisquer, a companhia de uma para a outra desde o início nunca fora monótona, todas as vezes em que estavam juntas era significado de novas descobertas tanto de uma sobre a outra e até de sensações ainda desconhecidas. Ao adentrarem o local, Vitória prendeu seu braço ao de Ana para que ela a guiasse. Ana escolhera um lugar onde claramente tinha uma boa vista para a vida noturna de São Paulo, onde o primeiro e o segundo piso eram um restaurante, e no terceiro, o deck era um bar.

— Você realmente tem bom gosto. — Vitória disse ao olhar ao redor, assim que se sentaram em uma mesa no canto, onde estava um pouco mais vazio.

— Nós que temos gostos parecidos. — Ana sorriu ao olhar para ela.

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