Capítulo 16

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Ao mesmo tempo que sentiu duas mãos segurarem a barra de sua blusa, sentiu seu celular vibrando no bolso de trás da calça social que usava, segundos depois, o toque do mesmo ecoou pelo apartamento que estava sendo preenchido apenas pelo som de respirações ofegantes.

— Ninha, eu preciso... — Sussurrou e antes que terminasse, Ana assentiu, a permitindo se afastar um pouco. Tirou do bolso o celular que ainda tocava e atendeu ainda mais rápido quando viu o número do hospital. — Chego em dez minutos. — Falou antes de retirar o celular de perto da orelha. Ana que encarava o chão a olhou. — É uma emergência. — Franziu o cenho.

— Tudo bem. — Deu um meio sorriso e se levantou, acompanhando Vitória até a porta e abrindo a mesma para ela.

— Eu sinto muito. — Disse com pesar.

— Vitória, é o seu trabalho. — Lhe deu um selinho rápido. — Me avise quando chegar na sua casa, ok?

— Ok. — Deu um último sorriso ainda com pesar e deu dois passos ainda olhando para Ana, antes de virar seu corpo e caminhar com mais pressa até o elevador. Ana fechou a porta assim que as portas do elevador também se fecharam. Encostou na mesma e seus olhos pararam no seu casaco caído no chão perto da escada. Suspirou enquanto passava a mão em seu cabelo. Foi até a outra porta, pegando seu casaco do chão e fechando a mesma. As coisas do terraço ficariam para quando acordasse, tudo o que precisava era um banho que amenizasse os efeitos que Vitória lhe causara.

Qual era a dificuldade em pelo menos uma vez tudo caminhar nos trilhos? Estava pronta e queria tanto quanto aparentemente Vitória. Ao menos tudo o que fora planejado saíra melhor do que esperava. Vitória fazia não só alcançar, mas também ultrapassar as expectativas.

***

As luzes do ambiente diminuíram, deixando em destaque a passarela. A música gradativamente foi alterada enquanto a apresentação do evento era feita ao lado do designer escolhido. Bárbara foi uma das primeiras e assim que pôde, discretamente piscou e deu um meio sorriso para as duas que a assistiam. Ana retribuiu seu gesto enquanto Vitória apenas sorriu.

— Ela é tão... — Vitória sussurrou.

— Linda? Sim, ela é. — Desviou seu olhar da outra modelo para ela.

— De modo exagerado! — Completou voltando seu olhar para Ana também, que concordou. Nas poucas vezes em que Vitória olhou de canto para Ana e a viu assistindo ao desfile concentrada e com notória admiração, sentiu-se agradecida e finalmente, depois de muito tempo sem saber o que era de verdade, poderia dizer que sentia feliz com alguém. Sempre soube que ser feliz nunca dependeria de alguém sem ser ela mesma, e não poderia negar que era com sua independência, sua vida profissional em ótimas condições, sua estabilidade na maioria das partes da sua vida, as pessoas que amava por perto e principalmente, não tinha problemas consigo mesmo. Contudo, Ana só ajudava a transbordar, e isso nada no mundo seria capaz de pagar. Em um evento de moda pela segunda vez na vida, estava tendo prazer em conhecer mais um pouco do mundo que a pessoa ao seu lado tanto amava. Uma vez que o desfile fora encerrado, a maioria já começava a ir em direção à outra parte do salão.

— Antes de irmos... — Disse enquanto se levantavam, fazendo Vitória voltar sua atenção à ela.

— Sim?

— Não quero fazer você me prometer nada, ok?

— Ok...

— Quero que esteja aqui no ano que vem.

— Eu prometo estar aqui no ano que vem. — O sorriso que deu, refletiu em Ana.

— É...

— Espero não estar interrompendo nada. — Bárbara interrompeu Ana, parando ao lado das duas.

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