Capítulo 21

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Estarei assistindo quando você encontrar alguém a quem vai assimilar felicidade.

As palavras da mais velha haviam sido completamente ignoradas por Ana quando ditas na cozinha da casa dos seus pais, dias após conhecer quem iria contradizer o seu silêncio como resposta negativa. De fato, Mônica estava assistindo durante os meses que transcorreram, o sorriso bobo da filha quando olhava para o celular quando recebia uma mensagem em horário de trabalho ou durante jantares na casa dos pais, quando comparecia sozinha; via seu semblante mudar a cada vez que fazia ou recebia uma ligação; e testemunhava de perto que seus olhos, quando tocavam no nome de quem agora Ana assimilava à felicidade, ganhavam mais brilho, e os mesmos, tiveram suas pupilas dilatadas quando Vitória abriu devagar a porta da sala de Ana na empresa.

— Estão transferindo os funcionários do hospital para cá? — Ana perguntou. Letícia estava em sua sala há horas. Seu dia de folga fora completamente dedicado à Ana que insistiu para que fossem para outro lugar, porém, a amiga negou de todas as formas impedir seu trabalho, só queria passar um tempo com ela. Mônica tinha se juntado às duas fazia pouco tempo, como sempre, passara para se despedir da filha quando todos já haviam ido embora, mas acabou prolongando os assuntos.

— Sua filha, às vezes, é uma irresponsável, Mônica. — Vitória disse depois de cumprimentar a mesma, após ter cumprimentado Letícia também.

— O que eu fiz dessa vez? — Arqueou as sobrancelhas.

— Você se lembra de que tem um jantar em... — olhou o relógio em seu pulso e voltou a encarar a morena — meia hora?

— Pelo visto não mesmo. — Letícia gargalhou ao ver a expressão assustada de Ana que levou as mãos ao rosto.

— Você me avisou uma semana atrás e eu esqueci completamente.

— Eu te mandei mensagens mais cedo e não foram visualizadas, nem minhas ligações atendidas.

— Você está encrencada, Aninha. Está na minha hora. — Letícia se levantou da cadeira onde estava e se aproximou de Ana lhe dando um beijo no rosto. — Foi ótimo meu dia de estilista.

— Foi ótimo passar meu último dia de vida com você. — Deu um riso que mostrava o quão nervosa estava, Vitória de braços cruzados a encarando séria lhe dava medo, mas ainda assim, só a achava mais linda ainda.

— Boa sorte, filha. — Mônica alternou o olhar entre sua filha e sua nora enquanto segurava a porta aberta aguardando por Letícia que se despedia de Vitória. Ana olhou para Vitória que continuava imóvel no meio da sala ao ficarem a sós.

— Eu já estou me sentindo culpada, já pode parar de me olhar assim.

— Eu fui até seu apartamento, Ana Clara, cogitei incontáveis métodos de tortura quando o porteiro disse que você ainda não havia chegado.

— Meu nome soa completamente sexy quando você fala.— O sorriso malicioso que os lábios de Ana formavam ao contornar sua mesa quase fizeram Vitória ceder. Quase.

— Odeio atrasos, você sabe disso. Odeio mais ainda quando você não olha essa droga de celular.

— Avise sua irmã que vamos nos atrasar.

— Eu já avisei.

— Então agora me desculpe.

— Nem mais um passo que não seja em direção à porta, Ana Clara. — Vitória deu um passo para trás a cada passo que a morena deu em sua direção, até encostar na porta.

— Pronto, estamos na porta.

— Não quero saber das suas gracinhas agora. Você só está atrasando mais ainda. — Tentou empurrá-la mas foi em vão. As mãos de Ana seguraram firme em sua cintura, a prendendo entre seu corpo e a porta.

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