8th

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— Nos seguiram? — perguntou Hannah.

— Provavelmente pediram para outra pessoa parar o trem e ver se nos achava.

— O que vamos fazer? Não dá pra correr sem que nos vejam.

— Estamos perdidos. Me perdoa, Hannah, estraguei tudo...

— Não, você não estragou tudo. Sempre tem outro jeito, lembra?

Ela olhou em volta e pensou um pouco. Dei uma espiada lá fora e uma pessoa, ainda distante, caminhava em nossa direção.

— Se puder ser rápida...

— As caixas!! Entra nessa que já está aberta!

Ela pegou sua mochila e a minha e jogou dentro da caixa, entrando lá também em seguida.

— Vem logo, Matthew!

Eu me escondi na caixa com ela e puxei a tampa para fecha-lá. Ficou tudo escuro e em silêncio. Nossas respirações produziam um eco quase assustador.

— Acha que ele tá chegando? — perguntei.

— Shhh!

Ela achou um buraco na caixa de madeira e olhou lá fora por um tempo.

— Hannah, ele tá vindo?!

De repente ela encostou na "parede" da caixa e me deu um tapa, pra me fazer ficar quieto. Acho que ele estava lá.

— Aqui que disseram que eles entraram? — alguém lá fora disse.

— Sim. — respondeu uma segunda pessoa, mas sua voz era quase robótica como se a pessoa falasse com ele por ligação.

— Bom, se eles estavam aqui, não estão mais.

— Ora, seu idiota, procure direito!

— Estou procurando, chefe. A única coisa aqui são caixas...

— Droga. Aquela tal de Besson, a mãe do menino,  está no meu pé pra achar essas crianças! Não há nenhum sinal deles aí, você tem certeza?

— Bem, tenho... Não, espere. Tem algo ali no canto.

— E o que é?

— Parece uma touca.

Coloquei a mão na minha cabeça e minha touca não estava lá. Mesmo estando escuro, eu sabia que a Hannah me olhava furiosa e queria me socar naquele momento.

— Traga pra mim.

Tudo ficou em silêncio, mas esperamos um tempo antes de sair da caixa. Hannah levantou um pouco a tampa e olhou lá fora.

— Ele já foi? — perguntei falando o mais baixo possível.

— Fica quieto, ele ainda tá ali.

Esperei um tempo até Hannah levantar a tampa e sair da caixa. Um tempo depois, o trem voltou a andar.

— Foi por pouco. — eu disse.

— Você deixou a touca cair, Matthew! — ela disse e me bateu.

— Desculpa! Mas, acho que não faz diferença. Afinal eles nos viram entrar aqui...

— É... Tá bom...

— E podem seguir rastros errados, achando que descemos antes de chegar aqui...

💫💫💫💫💫💫

O tédio naquele momento era grande. Já devia fazer umas quatro horas que estávamos no trem. A Hannah dormiu um pouco, mas eu não consegui, com medo de outra pessoa aparecer. Aos poucos, percebi que a velocidade foi diminuindo. Olhei lá fora e estávamos em uma estação, com pessoas andando por lá e tudo.

Runner 💫 Corbyn Besson Onde histórias criam vida. Descubra agora