12th

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Acordei naquela mesma posição, abraçado com Hannah em um beco imundo em Nova York. Meu braço estava um pouco dormente, mas eu sentia que a havia protegido do jeito que pude.

Tentei me desvencilhar dela, mas acabei acordando-a.

— Oi, Hannie. — forço um sorriso — Como se sente?

— Bem... — ela disse, passando as mãos nos olhos tentando se acostumar com a claridade.

— Que bom. — digo e afasto um pouco de seu cabelo que caía no rosto — Hannah, eu estava pensando... Talvez devêssemos voltar para West Virgínia.

— Corbyn, eu já disse...

— Eu sei, e prometi que ele não vai mais encostar em você, lembra? Mas você não pode mais viver assim e essa não é a solução. — digo e aponto para cima, me referindo a estar fugindo. — Se lembra do que escreveu naquela ponte? "Fugir dos seus problemas não os resolve, só os deixa mais distantes"?

— Mas é a melhor das minhas opções, Bean...

— Não é, agora você tem meu apoio. Vamos para minha casa e você pode contar para minha mãe, ela vai saber o que fazer. Seu pai precisa ser punido pelo que fez, Hannie. É crime com pena de morte em muitos países!

— Não sei se consigo contar para mais alguém...

— Você contou para mim. — digo, tentando encorajar — E não precisa, se não quiser.

Ela bufa em rendição e finalmente concorda. É para o bem dela e ela sabe disso.

Então nós juntamos todos centavos que ainda nos restava, que surpreendentemente deu vinte e cinco dólares, e compramos duas passagens de trem para West Virgínia.

Demorou longas seis horas de viagem, e mais meia hora de ônibus para a rodoviária depois andamos até minha casa, como no dia que partimos. Chegamos lá já eram quase seis da tarde. 

As luzes da sala estavam acesas. Andamos calmamente até a porta e eu bati. Instantes depois escuto a voz da minha mãe.

— Não estou interessada em dar outra entrevista, desculpe... — ela diz antes de abrir a porta e me ver ali. Eu achei que ela fosse gritar ou chorar, mas ela congelou, olhando para mim como se eu fosse um fantasma — Ray, venha aqui um instante, acho que estou tendo alucinações de novo. — ela chama meu pai.

— Mãe, sou eu!

Ela da um passo para trás quando eu me aproximei, era como se eu fosse um desconhecido para ela.

— Meu Deus, eu tive esse sonho tantas vezes. É real? Você é real? — ela diz, tocando meu rosto.

Eu apenas sorrio e a abraço, ignorando suas reações de medo anteriores.

— Ai, meu Deus. — ela diz com a voz falhando e me abraça apertado. — Corbyn Matthew Besson, o que achou que estava fazendo?

Eu solto uma risada aliviada e enterro minha cabeça na dobra do seu pescoço, sentindo seu perfume familiar. Meu Deus, como eu senti falta dela.

Meu pai aparece atrás dela, sorri e se junta a nós em um abraço coletivo, repleto de lágrimas de alívio.

— Hannah, venha aqui, querida. — minha mãe se solta do abraço, vai até a Hannah e a abraça. — Também estava muito preocupada com você. Meu Deus, o que deu em vocês?

— Tia, eu preciso de ajuda — Hannah diz entre soluços.

— Por que querida? O que houve? — perguntou minha mãe, com olhos preocupados, a segurando pelos ombros.

Então ela contou tudo para minha mãe. Foi um pouco difícil de compreender com ela chorando, mas sei que foi uma das coisas mais dolorosas que ela teve que fazer em toda sua vida.

Eu disse que minha mãe saberia exatamente o que fazer, e eu estava certo. Assim que Hannah terminou a história, minha mãe colocou nós dois no carro e fomos para a delegacia.

Aproveitando para dizer que tínhamos voltado, uma queixa contra o pai de Hannah foi prestada. Claro que ela teve que contar a história pela terceira vez em menos de quarenta e oito horas, mas ela foi forte. Sempre que me lembro desse momento sinto orgulho dela. Ela com certeza é a pessoa mais forte que eu conheço.

Voltamos para minha casa e em alguns minutos duas viaturas param na frente da casa de Hannah. Saímos para olhar e vemos um policial se aproximando da porta. Ele bate e ninguém responde.

— Talvez ele não esteja em casa... — começou Hannah, mas a porta abre e o pai dela aparece. Ela se encolhe atrás de mim — Não quero que ele me veja.

— Senhor Diaz? — pergunta o policial.

— Sou eu. — ele diz, um pouco apreensivo.

— Sua filha foi encontrada.

— Mesmo? — um sorriso falso surgiu em seus lábios — Onde ela está?

— Sob cuidados especiais, não se preocupe.

— Quando posso vê-la?

— Presumo que, depois do que ela nos contou, nunca.

— Como? — o senhor Diaz estava muito confuso.

— O senhor está preso por abuso sexual. Tem o direito de permanecer calado, tudo que disser pode e será usado contra você no tribunal. — O policial o segurou pelo braço e colocou as algemas nele.

— O quê? Não, deve haver um engano! Eu nunca... — ele dizia, tentando se soltar.

— Ah, cale a boca! — gritou Hannah, saindo de trás de mim e chamando a atenção de seu pai— Seu desgraçado! Passei onze anos da minha vida em silêncio, e agora você vai ter o que merece!

Ele semicerrou os olhos e contraiu os lábios como se fosse gritar, mas sabia que qualquer coisa que ele dissesse só prejudicaria a si mesmo, então ficou calado.

Colocaram ele no banco de trás da viatura e o levaram para o lugar em que ficaria por um bom tempo.

Hannah gritou mais alguma coisa e se jogou no chão do nosso quintal, aos prantos. Fui até ela e a abracei apertado.

— Acabou, Hannah. Ele não pode mais te machucar.

Meus pais se juntaram a nós, e os vizinhos curiosos estavam aparecendo nas portas de suas casas, cochichando sobre o que achavam estar acontecendo. Mas a verdade é que nenhum deles realmente sabia. Ninguém, nem mesmo eu, poderia saber, e entender, a dor que Hannah tinha suportado por onze anos.

💫💫💫💫💫💫💫

Não tava me aguentando pra postar esse capítulo, então aqui está!

O próximo é o Epílogo e assim esta será minha primeira fanfic concluída :)

Me digam o que acharam, namoral, mesmo que seja só um "legal" ou até " uma bosta"  (o que eu sei que é verdade mas palavras doem ok sejam gentis com suas críticas kdkdndndn)

Amo vocês vc

Beijos de luz 🌈💙

Runner 💫 Corbyn Besson Onde histórias criam vida. Descubra agora