XII

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Maria Eduarda

Acordei três vezes durante a madrugada, até o relógio marcar oito da manhã e eu ouvir barulhos na cozinha indicando que minha mãe já tinha chegado. Théo estranhou a cama durante toda a noite, quase não consegui descansar. Agora eu olhava seu rostinho sereno, procurando o mínimo de coragem que fosse para contar a minha mãe que eu havia o encontrado e que iria torná-lo meu filho.

Passei minha mão em seu cabelo ralo, na intenção de fazer carinho e meu coração se encheu de amor quando ele sorriu ao sentir meu toque. Era tudo muito estranho, eu o conhecia a poucas horas e já o amava mais que qualquer coisa. O sentimento de mãe crescia em mim a cada minuto acordada velando seu sono. Eu cuidaria e o protegeria de qualquer mal. Não importa o que aconteça, agora ele era meu e ninguém o tomaria.

Ajeitei ele na cama para não haver risco algum dele cair. Fui até a porta, lhe dei uma última olhada, respirei fundo e sai do quarto deixando a porta aberta para ouvir caso ele chorasse. Passei no banheiro antes de encontrar minha mãe na cozinha.

Procurei ser o mais direta possível com ela. De início ela ficou em choque por terem abandonado uma criança tão frágil e indefesa. Depois ela pareceu apreensiva com a minha decisão, mesmo se orgulhando da minha atitude. No final, nós duas estávamos no quarto paparicando o meu bebê.

- Eu saio de casa por uma noite e quando volto já tenho um neto - ela comenta acariciando o rostinho pequeno do Théo
- E eu que sai só para tomar um açaí e voltei para casa sendo mãe - ri
- Eu sinto que você vai ser uma ótima mãe para o Theozinho - ela me olhou e sorriu
- E a senhora vai ser a avó mais coruja que eu sei - nós rimos
- Ninguém vai falar do tio mais babão que esse moleque vai ter não? - meu irmão se juntou a nós
- Sem querer eu arrumei a melhor família do mundo para o Théo - sorri e limpei a lágrima teimosa que escorreu

O resto da manhã foi tranquila. No almoço, mandei mensagem para o Vitinho, nós tínhamos muito o que conversar. Ele não me respondeu e isso me deixou inquieta por toda a tarde. Perto das seis da tarde eu dei um banho no Théo e coloquei nele uma roupinha que minha mãe guardava desde o tempo em que meu irmão era neném. Estava dando a mamadeira de leite para ver se ele dormia, quando meu celular apitou.

 Estava dando a mamadeira de leite para ver se ele dormia, quando meu celular apitou

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Um frio percorreu meu corpo todo quando terminei de ler aquelas três mensagens. Uma angústia se instalou no meu peito. Eu sentia medo e não sabia exatamente o porque. O que ele tinha de tão sério para me falar? Será que tinha acontecido alguma coisa com o Kauê? Ai droga! Eu odeio ser ansiosa, paranóica e ainda por cima insegura.

- Mãe, eu preciso resolver um negócio agora, tem como a senhora olhar o Théo? Ele acabou de dormir
- Alguma coisa importante filha?
- Um trabalho da escola, a gente precisa entregar amanhã e parece que deu algum problema
- Pode ir tranquila, eu cuido do meu neto - sorrimos - Só toma cuidado para não voltar muito tarde
- Pode deixar, obrigada

Meu amor tão erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora