Capítulo vinte e quarto - Quando os desastres acontecem

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      Eu arrumo as minhas coisas e escondo debaixo da cama. Minha mãe gosta de entrar no meu quarto o tempo todo. Então, ali minhas malas estão seguras. Não estou levando muitas coisas. Tenho minhas roupas, alguns sapatos e alguns acessórios.

     Eu saio do quarto e vou para a sala de jantar. Meu pai, minha mãe e Yuri estão servindo seus pratos. Eles são uma família maravilhosa. Eu vou ter saudades deles.

     — Você chegou na hora certa. — Meu pai diz.

     — Estou com muita fome. — Respondo.

     Parece mentira, mas esse pode ser o nosso último jantar de família. Eu não queria que as coisas fossem assim. Tenho vontade de chorar.

     — Algum problema, filha? — Minha mãe pergunta.

     — Não. Eu estou bem. — Digo e começo a comer.

    Meu pai olha para mim de um jeito estranho. Esse é o olhar de desconfiança dele. Tenho a certeza que vai perguntar alguma coisa.

     — Você tem visto o Bratt? — Ele pergunta. Eu sabia.

    — Na faculdade. — Respondo com a boca cheia.

    — Não fale com a boca cheia, Sophie! — Minha mãe repreende.

    — Eu espero que você esteja estudando. Espero mesmo que me apresente notas excelentes como a sua amiga Blaire.

    Desde que meu pai conheceu Blaire e descobriu que ela é muito inteligente, que ele quer que eu seja como ela na escola.

    — Eu vou tentar. — Respondo. Por outro lado, eu não terei saudades disso. Ser comparada com Blaire ou ouvir que tenho que ter sempre as melhores notas.

    — Eu tive a melhor nota em matemática. — Yuri aproveita para receber elogios do meu pai.

     — Que orgulho! Você saiu ao seu pai. — Meu pai diz.

    — E você deve continuar assim. — Minha mãe olha para Yuri sorrindo.

    — Muitos parabéns, irmãozinho. — Eu sorrio para ele.

    Vou ter saudades de jogar vídeogame com ele. Vou ter saudades de receber um beijo de boa noite da minha mãe todas as noites e do meu pai. Vou ter saudades de tudo.

    Eu fico esperando que meus pais durmam para eu poder sair. Não consigo imaginar se meu pai me pegar saindo de casa com uma mala. Seria o fim do mundo.

    Eu saio de casa e fecho a porta com cuidado. Vou correndo até ao portão e saio para não acordar os seguranças também. Fecho o portão com cuidado e pego no celular para ligar para Bratt.

     — Minha garota?

     — Eu consegui sair de casa. A gente se vê daqui a pouco.

     — Eu gostaria que Grant trouxesse você. Mas não há nada a fazer. Eu vou estar esperando você.

    — Beijos. — Eu digo.

    — Me dê pessoalmente. — Ele desliga.

    Fico esperando o táxi que eu chamei antes de sair de casa, mas um carro preto pára na frente da minha casa. Eu começo a tremer quando vejo quem desce do carro.

    — Oi, Sophie! — Jacob sorri. — Eu vim levar você para o aeroporto.

    Eu não me movo, nem digo nada. Eu sei que isso não vai acabar bem.

                    Bratt

     Espero Sophie na frente do aeroporto. O nosso avião vai partir daqui a uma hora e ela não aparece. Estou esperando há duas horas e eu sei que a casa dos pais dela não fica tão longe assim. Deve ter acontecido alguma coisa.

Fortemente quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora