Capítulo 21

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Brooke dava umas boas gargalhadas com o pai. Estava reunida com o mesmo na casa onde morou a sua vida inteira. Quase todos os fins-de-semana, pai e filha, encontravam-se para beber uma taça de vinho, onde colocavam os assuntos em dia. Falavam de tudo, menos sobre a empresa. Queriam apenas aquele momento para eles.

- Sério que eu fiz isso, pai? Eu comi areia do parque?

- Foi, filha. - ri Carlos - Eu até tenho uma foto tua a comer areia.

- Pai, não acredito que tiraste uma foto minha a comer areia, em vez de ajudares-me a parar de comer.

- Eu fiz isso, mas depois de ter tirado a foto.

- Aonde está essa bendita foto? Quero vê-la.

- Está no meu quarto, em uns dos álbuns, em umas das gavetas. Mas não me lembro qual álbum ou qual gaveta.

- Deixa que eu vou à procura dessa foto. - falou levantando-se - Estás a ver? Estás a ficar é velho.

- Olho o respeito, menina.

Brooke ri e sobe as escadas rapidamente em direção ao quarto do pai. Ela praticamente vasculhou todas as gavetas até encontrar a foto. Sorriu para a mesma quando viu sua versão mais nova com a boca cheia de areia.

Ao fechar a gaveta, Brooke pôde reparar num pequeno caderno que se encontrava no fundo da mesma escondido. Apanhou o caderno abrindo-o. Não reconheceu a caligrafia da pessoa. Ao ler as principais linhas, pôde concluir que o caderno ou diário, pertencia à sua falecida mãe.

Sentou-se à beirada da cama, lendo atentamente cada palavra escrita pela mãe.

23 de Março de 1995

"Minha querida filha,
provavelmente quando leres este diário, estarás já crescida. Pedi à Carlos que te dê este diário quando estiveres mais velha para entenderes melhor o que se passou comigo, pois tenho a certeza que o teu pai não terá coragem de contar-te como tudo se passou.

Estou muito doente, Brooke. Espero que o teu pai te dê esse nome que escolhi para ti, meu amor. Como já disse, estou doente. Provavelmente quando nasceres será a minha morte, mas não quero que penses que és a culpada de tudo, pois não és.

Eu preferi escolher a minha menina, ao em vez de estar sentada numa cadeira de hospital a receber químicos em mim, que no final do dia, podiam ou não salvar-me a vida, mas que definitivamente iriam com a tua que ainda nem começou. Assim que soube que estava grávida de ti, Brooke, logo disse aos médicos que ia desistir do tratamento.

Por anos, Carlos e eu tentámos construir uma família, mas sempre o nosso sonho foi adiado, e quando descobrimos que estavas a caminho, não pensei duas vezes.

Deve estar a ser bastante difícil para ti ler este diário, mas eu não encontrei uma outra maneira de dizer o quão eu te amo, a não ser esta. Se bem que conheço o teu pai, ele não vai contar-te de como morri, mas não fiques com raiva dele. Carlos sofreu muito quando soube que eu estava doente e que optei a tua vida em vez da minha. Eu sei do fundo do meu coração, que ele te ama, minha menina. Ele só quer o teu bem, sempre.

No momento, estou a chorar horrores em escrever este diário, porque daria tudo neste mundo para estar aí ao teu lado. Neste momento, estou grávida de ti de 5 meses e eu não podia estar mais feliz. Saber que estás aqui dentro de mim a crescer, é uma das coisas mais maravilhosas que uma mulher pode sentir.

Ao longo deste diário, irei escrever-te tudo sobre a minha gestação, para quando estiveres grávida também, para saberes mais ou menos o que fazer. E não te esqueças nunca, minha flor. Eu semprei amarei-te.

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