*Duas semanas antes, na mesma boate*
A música já estava alta quando chegamos no Rhodes. Neymar me puxava para o segundo andar e eu sabia que ainda estava irritado por causa da minha demora para me arrumar e por ter lhe “enfrentado” e não ter trocado o vestido quando ele quis me impedir de sair porque “dava pra ver meu útero”. Namorado pior que pai? Eu tenho.
Encontramos a mesa dos amigos de Neymar. Cumprimentamos todos e nos sentamos. Eu dei sorte de me sentar perto de Gil, o amigo mais divertido de Neymar, já que meu namorado estava com um bico enorme e com a sua mão possessiva tentando tampar a parte da minha coxa que o vestido deixava a mostra.
- Não, e o pior, você acredita que ela vomitou no meu pé? Eu nem acreditei.
- Ai, chega, Gil, por favor. Vou morrer. - Eu gargalhava alto enquanto Gil me contava do churrasco de aniversário de sua prima.
- É, chega mesmo. Vamos pegar alguma coisa pra beber no bar. -
Neymar se levantou e me puxou pela mão. Fazendo uma careta para Gil, me levantei e fui. No Rhodes existiam 2 bares: o do primeiro andar só tinha barmans, e no segundo andar somente “bargirls”. Eu achava um tanto quanto desnecessário a beleza e as micro roupas delas. Somente para materializar meu desgosto, a menina que chegou para atender Neymar era ridiculamente bonita. Morena, olhos azuis, peitos enormes expostos num decote gigantesco. E era só sorrisos para o MEU namorado. Eu não a culpava tanto, pois sabia que ele era irresistível mas... Oi? Ele é meu. E o pior é que ele também estava com aquele sorriso estonteante no rosto pra ela. Como assim?
- Era esse o segredo pra você desemburrar então? Um par de peitos na sua cara? Se eu soubesse já tinha arrancado esse vestido. - Chamei sua atenção quando ela se virou para buscar as bebidas.
- Quê?
- Não se faz de desentendido, Ney. Eu não sou cega. Eu vi você secando essa piranha. - Fuzilei as costas da garota.
- Pelo amor de Deus, Bru. Eu não estava secando ninguém. Ao contrário de qualquer cara nessa festa, já que todos perderam os olhos em você, graças a esse vestido. - Ele me olhou, irritado novamente.
- Isso não te dá o direito de flertar com a porra da garçonete.
- E você pode se jogar em cima do Gil na minha frente?
- Eu não acredito que você disse isso. Ele é seu amigo, seu doente. Nem se eu fosse a pior das vagabundas.
- Não foi o que pareceu. - Eu arregalei meus olhos. Eu via os olhos de Neymar incendiados de raiva e ciúme, mas aquilo era demais pra mim.
- Deu, Neymar. Acabou depois dessa. - Me virei para sair, porém ele me puxou pelo braço.
- Onde você vai?
- Embora. Não quero mais te ver. Você está oficialmente liberado pra comer sua garçonete no balcão. - Tirei minha aliança de namoro e coloquei à sua frente em cima do balcão. Saí correndo da boate e peguei o primeiro táxi que consegui ver através das lágrimas que já inundavam meu rosto.
Flashback Off