Capítulo 65 -''C-como?''

766 76 41
                                    


"Ame o que você tem, antes que a vida lhe ensine a amar o que você tinha" 



Arthur


Os meus ''pais'' falaram algumas coisas de mim, minha personalidade, meus hobbies, tudo o que eu era, tudo o que eu deveria ser.. Entretanto,eu não me sentia daquele modo, aquela pessoa que ambos estavam falando não era eu, não me sentia aquela pessoa e me doía ver que eles estavam tentando me tornar alguém que eu não era, não mais.



Irei comprar café, alguém quer? -perguntou Henrique, algo nele me deixava confuso.


Eu vou contigo -digo atraindo a atenção dele e dos outros para mim, tive a impressão de ver seu olhar brilhando, mas isto não deve ser nada.


Certo.. Já voltamos- disse Henrique dando um sorriso pequeno em direção aos meus pais


Tome cuidado - disse minha ''mãe'' preocupada, me esmagando num abraço.. Bufei e assenti.



Saímos de perto de todos a passos lentos e num silêncio confortável, era como se ele não estivesse me pressionando a ser o Arthur de antes e isto de certa forma me deixa tranquilo, como se ele fosse um dos poucos que me aceitavam assim. Não odiava os meus pais, aliás nem conhecia eles, apenas me lembrava de fragmentos da minha infância e eu sempre me lembrava de ser solitário, poucas vezes via eles nas minhas poucas lembranças, mas sei que amava eles e que eles me amam, mesmo eu sendo essa pessoa, então não é justo eu odiá-los... Enfim, assim que saímos do hospital, fomos caminhando até um café ou seja lá o que era o estabelecimento, no meio do caminho me veio aqueles olhos, aqueles olhos verdes, aquele garoto.. Eren, ele me era familiar, assim como Henrique, eles me pareciam próximos de mim, mas eu não sabia o que Eren era de mim, parente obviamente não era, amigo era uma possibilidade, namorado (?) seria uma possibilidade se eu gostasse de homens, mas eu não sabia se gostava... Talvez eu consiga as respostas para minhas dúvidas.



Hã... Henrique?- chamei-o. Já tínhamos entrado no Café, mesmo que eu não tivesse prestado a mínima atenção para o estabelecimento.


Sim?-perguntou se virando para me encarar, estávamos numa fila pequena, provavelmente para pedir o bendito café.


Eu estou com muitas dúvidas e pensei que talvez você pudesse me ajudar nisso..- digo desviando o olhar de si,  seu olhar me causava coisas estranhas.


Ah, entendo.. Podemos pedir um café e algo para comer e sentarmos para conversar um pouco, tudo bem para você?-perguntou Henrique e eu o encarei, este tinha um sorriso sincero nos lábios, lindo.. O sorriso dele é lindo.



Apenas assenti, desviando o olhar de si novamente, sentia minhas bochechas quentes, provavelmente estão vermelhas, é como se fosse aquela vez em que estava eu e Tadashi olhando um romance e apareceu o casal se beijando, eu fiquei curioso e envergonhado, Tadashi riu da minha cara pois disse que provavelmente o meu antigo não seria tão inocente, na verdade eu não entendi bem o que ele quis dizer com aquilo. Enfim, depois de finalmente termos sido atendidos, Henrique pediu um café preto para ele, pediu  cappuccino  para mim e um pedaço de bolo de chocolate, depois caminhamos até uma mesa longe das outras.

''Você me pertence!''Onde histórias criam vida. Descubra agora