1. Suíça roubou!

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Eu poderia me perder nos lindos olhos de Alisson. Poderia contemplar a beleza dele o dia inteiro.

Ah,bom... na verdade, é exatamente isso que eu faço. Todos os dias. Ou sempre que posso.

Mas está tudo bem. Eu tenho certeza que não deixo essa paixonite adolescente que tenho por ele aos plenos 23 anos de idade seja tão transparente assim.

Se meu tio descobre que a criação perfeita dele é meu crush, eu realmente não sei o que ele faria. Não sei se ele aprovaria, não sei se ele desaprovaria. E não sei se eu iria gostar de me relacionar com Alisson no dia e no outro, tudo sair do controle e uma rachadura se formar na equipe por minha causa. Deus me livre. Eu consigo lidar com minha própria frustração, mas definitivamente não consigo lidar com a frustração alheia. Nem de Alisson, nem de meu tio, nem dos outros caras.

Ah, a propósito, Alisson têm uma filha, Helena Becker, de apenas um ano de idade. Ele tem cabelos loiros tão claros que eu diria que são fios do sol. E seus olhos azuis são exatamente como os do pai: acinzentados e charmosos. Ela é uma bebê linda.

E talvez, e eu repito, apenas talvez, eu tenha ficado feliz com o separamento dele e de Natalia. Eu sei, falando assim parece mesmo que eu sou uma péssima pessoa -acredito que uma faceta minha realmente seja ruim. E eu não me defendo totalmente, mas aposto que qualquer um se sentiria feliz vendo sua paixonite voltar para o mercado do amor depois de alguns anos casado.

E, me agarrando ao pouco de respeito e honra que me sobra, eu nem mesmo pensava em flertar com Alisson quando tinha uma aliança no seu dedo.

Mas isso não importa agora. Estou tão nervosa que posso desmaiar a qualquer momento. A Suíça é ótima...

No roubo.

Eles fizeram um gol! Roubado! R-o-u-b-a-d-o!

Meus olhos foram em direção ao Alisson, quase que de automático. Ele pode parecer um cara calmo, mas se ele der um chute na trave do gol... a trave amassa.

—Foi roubo! -Grito, ao lado do meu tio. Bem, ele me trouxe para assistir à Copa, ao seu lado. Eu tenho que ficar com ele e os jogadores reservas. Algo sobre ele ter privilégios... Confesso que ajudo algumas vezes com táticas de jogo, o que acaba causando pequenas discussões entre a equipe. Adenor costuma ser bem paneleiro. Essa é a palavra certa. Paneleiro. E nem eu, nem meu tio e nem os preparadores físicos gostam disso. A maioria são jogadores de 29 á 35 anos, e mesmo que sejam boas adições ao time, essa média de idade também pode prejudicar. Velocidade e durabilidade são coisas que importam muito no futebol. E esse é um dos pouquíssimos pontos negativos de Tite.

Sentar na reserva piora minha situação, já que Ederson sabe da minha paixonite no Alisson. Graças ao Firmino. O curioso fofoqueiro senhor Roberto Firmino.- Que merda! MEEEEERDA! –Estava prestes a me levantar, para reclamar com o árbitro sobre o roubo descarado que estava acontecendo. Ederson me puxa pelo pulso.

—É só um gol, Bruna! E a gente não tá em amistoso pra você fazer isso. -Ele diz, seu tom quase que me repreendendo enquanto eu sento de novo. Forçada, vale ressaltar.- Você sabe o quão competente nosso time é, dá pra reverter. Honra no coração, Taffarel.

—Não vem com esse papo de honra não, Ederson. Honra vai ser eu meter o supapo nesse Zuber!

—Bruna é toda a torcida brasileira em um só corpo, por isso o estresse.  – Cássio brincou, enquanto eu o olhava séria. Eles dois pararam de falar e começaram a prestar atenção no jogo.

Pude ver um balão vermelho entrar em campo e ir direto para a área do Becker.

Deixei uma risadinha escapar por entre meus lábios quando Alisson, irritado, correu até a enorme bola vermelha e a espocou

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Deixei uma risadinha escapar por entre meus lábios quando Alisson, irritado, correu até a enorme bola vermelha e a espocou. Alisson é o tipo de pessoa que se concentra ao ponto de perder a nocão do mundo externo, e aquela bola muito provavelmente o trouxe de volta a realidade contra seu desejo. Colocando em palavras mais simples, aquela bola estava o irritando e ele acabou com ela.

Tenho certeza que ele deseja fazer o mesmo com uma boa parte da seleção suíça.

Mais alguns minutos, e o jogo acaba. Coutinho, completamente sem fôlego e tão suado que parecia que havia saído de um banho com a roupa, vem em minha direção. 

—Little Couto, você foi incrível! – Ele sorriu, prontamente recebendo a garrafa d'água que eu erguia na sua direção em mãos. 

—Valeu Bruna! -Ele disse, enquanto ria. Logo, me pôs no chão dando um tapinha no meu ombro.- Tu vai virar notícia, garota. Os suíços tavam falando da garota da comissão brasileira que queria invadir o campo e imagine quão rápido eu fui em perceber que estavam falando de você.

—E a culpa é minha se eu faço o que todo mundo quer? Eu ia meter o supapo naqueles suíços.

—Não tenho dúvida alguma de que você faria isso. – Ele deu uma risadinha fraca, jogando o que sobrara da água gelada em seu rosto e devolvendo a garrafa para mim. – Mas as regulamentações da FIFA estão mais sérias do que nunca. Espera para encontrar eles fora de Campo. Eu até te ajudo nesse caso.

— Não vale voltar atrás com a palavra! – Meu tom era sério e isso só fez Coutinho rir alto.

angry || alisson becker Onde histórias criam vida. Descubra agora