Horas passavam sem eu dar conta devido aos numerosos cochilos que eu fizera ao longo da navegação, a minha face estaria completamente dormente, as olheiras muito evidentes e os meus olhos inchados de cansaço. Digamos que eu estaria semi-morta.
Analisei o meu redor e como o esperado estaria desguarnecido. Caminhei sobre as arcaicas tábuas de madeira até chegar aos extremos do navio e por fim, enquanto me apoiava na balaustrada do navio, inclinei-me, desci o meu olhar até o raso e avistei o mar, mar e mar. Não havia mais nada para além disso.
Suponho que seja o oceano Atlântico, não me perguntem porquê, foi apenas um pequeno palpite, uma vez que este está mais relacionado com a mitologia.
Há uns dias atrás eu estaria em casa vendo dorama, coberta por uma manta e tomando chocolate quente. Agora aqui estou eu, num navio fantasma flutuante, esperando que este me leve a um lugar qualquer na qual não faço a menor ideia onde se situa.
Será que devo confiar no meu destino? Eu sinto saudades de todo mundo. Dos meus avós, da A-Yeon... Torço para que ela esteja bem, que nada de mal lhe tenha acontecido, visto que o mundo já não é mais um lugar são e seguro. E meus avós estão agora num lugar melhor...
Fechei a minha visão e, de repente, senti que o navio tinha parado de se movimentar. A luz do dia, oriunda do sol radiante, dera agora lugar a uma escuridão tenebrosa de nuvens negras carregadas de tempestades que cobriam o azul do céu, de tal forma o sol tornara-se oculto, originando a uma atmosfera pesada e melancólica.
Senti a presença de fortes correntes de ar que se intensificavam gradualmente, não sabia do que se tratavam mas fui dar uma espreitadela para investigar.
Do nada formara-se um enorme redemoinho de água, rodeado por um robusto ciclone. O navio deslocara-se até o local em vez de ser arrastado pelas fortes correntes. Aparentava ter força de vontade.. de morrer, eu suponho. Não... Apesar de este ter vontade própria, não é um ser vivo, é apenas um objeto. A minha vida está realmente posta em causa? Será que tudo isso é real..? Ou apenas um pesadelo?
Eu estaria calma até então. Mas não consegui segurar mais. Despertei o pânico dentro de mim, não fui capaz de parar de berrar e de implorar aos Deuses para que estes me salvassem. Rompida em lágrimas, apoiei-me ao mastro enquanto aguardava pela minha morte, se é que eu estava viva.
ㅡ Comigo você está segura, não precisa de panicar. - uma voz grave e angelical sussurou por detrás de mim. Os meus olhos estenderam-se ao máximo e com eles tentei a seguir, mas infelizmente não consegui avistar ninguém.
Isso não importava mais, pois eu já sabia distingui-la. ㅡ Kim Taehyung... - apenas uma pessoa- neste caso Deus, tem a voz tão maravilhosa e única assim, capaz de me acalmar nos piores momentos, ou até á porta da morte — Obrigada, eu acredito em você...
Eu estaria cada vez mais próxima do redemoínho, faltavam apenas alguns segundos para ser engolida juntamente com o navio. E assim foi, no último milésimo de segundo resolvi surtar. Fechei os olhos enquanto senti a descida, só pareceu que nada estaria a acontecer.
Na minha mente questionei á cerca de eu estar viva ou não. Entre enormes túneis de água resolvi abrir o meu olhar e notei num brilho tão cegante, proveniente do colar que estaria no meu pescoço, aquele que eu encontrei no chão á porta da casa de A-Yeon.
De repente, houve um enorme apagão e rapidamente cheguei á tona de águas que não seriam as do mar que eu conhecia. Mais estranho ainda foi o facto de eu ter descido o tempo todo, mas acabar por subir á tona destas águas, como se a gravidade do planeta tivesse invertido.
Que lugar espiritual é este? Tão surreal... Será que isto é o após morte? Não cara... Eu estou bem viva, sinto o molhado nas minhas pernas.
Afinal, este deve ser o local na qual era suposto chegar!? Ou seja, estou num paraíso divino..? A natureza é espantosa, nelas habitam seres vivos que nunca antes tinha visto, um tipo de fadas! Eu estaria muito maravilhada com o esplendor deste local que acabei por ignorar os seus perigos, se é que existissem. Já passei por tanta miséria que até acho que mereço apenas me servir do bem que as coisas podem nos dar.
Caminhei descalça pela vegetação sem saber o meu rumo, apenas contemplando o esplendor deste ambiente divino. Pouco depois estranhei. Parecia que tinha chegado ao seu limite, já não haveria mais terra, apenas água, e muito profunda, nela também existia vida. Mas qual seria o propósito deste local?
Uma criatura mística de repente aparecera por detrás de mim e eu surtei. Cara que é isso? Um tipo de humanoide marinho, meio homem, meio peixe? Afastei-me um pouco.
— O mestre.. estar esperando por ti. - oi?! A criatura acabou de falar! Este também me dera indicações com o seu dedo para um local submerso de água, um tipo de gruta marinha.
Bem, parece que terei de confiar nesta coisa.. Mas não vou negar, isto foi deveras impressionante.
Olhei para a água e... como assim? É suposto eu ter que mergulhar e chegar a lado algum? Mas eu nem sei nadar direito! Nem conter minha respiração por muito tempo...
Hesitei um pouco pois estava receosa, mas finalmente fechei os meus olhos, conti a respiração e mergulhei pelas profundas águas.
Eu estaria já um pouco desesperada e sem conseguir conter mais a respiração. Tentei subir á tona da água mas não consegui porque já teria percorrido por uma valente profundidade.
Que se dane, desisti de lutar e deixei-me respirar dentro d'água, por mais extraordinário que pareça, eu estaria mesmo respirando nela! Não sei como, nem porquê. Talvez seja fruto dos Deuses?
O meu colar brilhava profusamente. Isso já não seria a primeira vez que acontecera, também brilhou há algum tempo atrás, quando tinha sido engolida pelo redemoinho. Talvez isso tenha função protetora. Esse colar pertence aos Deuses, essa seria uma possível explicação do seu poder mágico.
Continuei nadando sem problema algum enquanto seguia uma fonte luminosa que parecia me guiar ao destino. Enquanto isso notei que estariam submersos numerosos edifícios e objetos harmonizados com as plantas marítimas e seres vivos que aí habitavam.
Finalmente voltei à tona dessas águas do paraíso que parecia não ter fim. As minhas roupas estariam todas encharcadas e eu sentia um pouco de frio, mas prossegui mesmo assim, que mais poderia eu fazer em relação a isso?
Mal abri minha visão, avistei um enorme e majestoso templo. Arrepiei-me enquanto permanecia perante aquele monumento. Como é possível alguém ter criado este tipo de local? Deve ter sido por magia.
A verdadeira questão é... Eu realmente mereço estar aqui?
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GUERRAS DIVINAS 》Kim Taehyung ❲BTS❳
FanficConhecem aquele provérbio que muito se ouve falar? Quando algum fenômeno natural ocorre, como as chuvas torrenciais, significa que os Deuses estão zangados. Eu sempre achei que isso fosse apenas um mito, até ver com os meus próprios olhos e presenci...