Rui (1) '87

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Sandra estava olhando para trás dentro do carro. Rui sabia o que ela sentia, ele podia presenciar aquela dor.
Ele reparou nos lábios da mulher, em seus traços finos do rosto e em como seus olhos eram delicados quando estavam com lágrimas... Rui sabia que ela era um ponto fraco, ele sempre soube, desde que se conheceram sabia que ela iria atrasá-lo.
Mas não bastava saber de tudo, não bastava estar ciente do risco que estava passando, Rui estava cego. O homem não conseguiria fazer absolutamente mais nada sem Sandra do lado, e se ela quisesse partir o homem iria até o inferno atrás dela. Rui preferiu se juntar a ela, do que ir contra ela.

Rui (2) '89

Rui notou que sua mulher não estava bem. Sentiu-se meio desajeitado ao ver que ela rejeitara seu beijo e disse que iria sair. O homem não se preocupava mais com o que ela sentia, sabia que algo a incomodava, mas nessa altura nada mais o impressionava. Cometera erros e ela também. Essa era apenas uma das inúmeras consequências quem estavam por vir, e Sandra teria feito suas escolhas. Nada, absolutamente nada, iria fazê-lo sentir pena dela, ou até mesmo compaixão.

Ela teria feito um trato e nada pode fazê-la voltar atrás. Nem que ela queira.

A hora que a mulher fora embora, Rui se dirigiu aos fundos da casa, acendeu um cigarro e ali ficou.
O quintal era imenso, e Rui particularmente amava aquilo. O Sol refletindo nas janelas, sua pele quente e arrepiada. Era uma sensação que por ele poderia se tornar eterna. Começou a pensar em Sandra e sua mente começou a se desesperar por ele.

O gosto amargo do teu ser (EM PROCESSO)Onde histórias criam vida. Descubra agora