Sandra (2) '89

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Na cabeça dele, a única coisa mais natural do que a morte era o sexo.
(Stephen King- A Hora do Vampiro)

Fúria.

Sandra ficara sem reação. Não disse uma palavra. Pegou a chave do carro que teria deixado no balcão e partiu.
Seu corpo fervia de ódio e raiva.

Sandra se deitara com muitos homens durante sua relação com Rui, homens que ele mesmo selecionava como vítimas. Seria diferente?

A mulher deixou que toda raiva e ódio se esparecesse enquanto chorava. Não estava triste, não sabia se sentia algo por ele ainda... mas fora um choque. A quanto tempo ele mantia isso? Sempre souberam de tudo relacionado um ao outro.

Sandra deu um suspiro junto de um sorriso de canto.

Ela se deparou pensando neles como um casal normal. Irônico pois o que mais chamou sua atenção em Rui fora o fato dele não ser normal.

A mãe de Sandra teria apresentado muitos rapazes a ela durante sua adolescência. Um deles no colegial, teria a tocado na frente dos amigos. A reação da menina fora correr, enquanto os garotos riram. 
Mais tarde naquele dia, o rapaz fora falar com ela. Disse que ela teria sido mesquinha e precisava relaxar. Ainda a xingou pois um dos seus amigos teria ficado de pau duro ao presenciar a cena.
Esse rapaz era o favorito de sua mãe.

Algumas semanas depois Sandra conhecera Rui. O rapaz era mais velho e vinha entregar a merenda dos alunos. Fora fisgada logo de cara. Quando se tornaram íntimos Sandra contara sobre o ocorrido.

"17 de novembro de 1981

ALUNO DO COLÉGIO VIGÍLIA FORA ENCONTRADO MORTO NESTA MANHÃ. "

Sandra deu outro suspiro ao se lembrar da manchete no jornal.

Ele vingou algo que pra ela teria sido importante. Isso foi a brecha pro amor se habitar ali. Sandra nunca tivera uma visão sobre o amor então aquilo foi o suficiente pra ela mergulhar de cabeça e aliviar toda uma dor que acumulou na infância.
Rui fora a saída, fora o suspiro de alívio. A ideia de se juntar a um homem como ele a excitava e despertava a ansiedade na mulher. Era algo mais forte que ela.

E agora ele se distanciava aos poucos, ou ela se distanciava sem saber. De fato estavam vivendo algo confuso e sem sentido. Mas Rui prometera a ela.

Rui prometeu.

Sandra se encheu de fúria novamente. Segurou firme no volante.

Rui prometera a ela que nunca a machucaria por dentro. Ele nunca arruinaria a mente de Sandra, mas naquele momento... ela se sentia arruinada. Sentia seus órgãos se mecherem agressivamente.

(Nocturnal me - Echo)

Sandra acelerou o carro.
O ódio e nojo que sentia por Rui de repente veio a tona. O arrependimento de ter se entregado completamente a ele se manifestou.

Sandra acelerou novamente.
A rua estava deserta.

Essa cidade dos infernos está morta. Esse maldito lugar.

Sandra segurou mais firme no volante.
Mais rápido.
Mais rápido.

Um grito. Um grito agudo e perturbador.

Sandra arregalou os olhos. Teria passado por cima de uma moça. A mulher parou o carro e ficou olhando fixamente para frente. Estava espantada.

Continue

Sandra piscou e voltou a realidade. Olhou pelo retrovisor. A moça estava a se contorcer de dor, com fraturas expostas nas pernas.

Sandra respirou fundo, e abriu um sorriso largo no rosto.

Se inclinou para trás e voltou de ré. Ouviu os estralos dos ossos quebrando. O sangue jorrando, manchara o vidro do carro.

Parou o carro novamente e levantou levemente a cabeça para verificar se a mulher ja teria morrido.

Tinha certeza que sim, e para concluir o serviço acelerou novamente. Seus dentes rangeram e ela mordeu a própria língua. Mordera com muita força.

Passou por cima da mulher e o carro balançou. Sandra continuou acelerando e partiu antes dos moradores sairem de suas casas para ver o que acontecera.

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Sandra estava eufórica, pensou que deveria parar e se acalmar antes de qualquer coisa. Isso fora algo que Rui o ensinou. 

Encostou o carro na estrada e ligou o rádio.
Ficou parada e prestou atenção na música.
Estava tocando Sacrifice de Elton John.

Ela achou engraçado pois Elton John era algo distante do que ela normalmente escutava. Ela relaxou os ombros, respirou fundo e fechou os olhos. Encostou a cabeça no vidro e desceu a mão até sua coxa, então começou a tocar-se. Fez tudo com ritmo.

Talvez Sandra estivesse com sede da morte. Talvez ela e Rui tivessem deixado de lado o que eram e o que precisavam.

Ao ritmo da música ela ia forçando mais o ato e então começou penetrar seu íntimo com seus dedos.

De fato estavam perdidos, algo faltava para os dois e a mulher agora teria entendido o que era.
Ela queria Rui ali naquele momento, para que seu homem sentisse o mesmo que ela. Sandra queria Rui desesperadamente.

Começou a se tocar de forma violenta. Se arranhava por dentro e agora estava extremamente excitada. Abriu os olhos lentamente e notou o sangue da moça escondendo pelo vidro.
Revirou os olhos e jogou sua cabeça para trás soltando um gemido leve. Penetrou mais fundo e acabou gozando.

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Assim que terminou Sandra se recompôs e seguiu caminho para casa. Estava desesperada para encontrar Rui.

O gosto amargo do teu ser (EM PROCESSO)Onde histórias criam vida. Descubra agora