Despedida?

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Quinta-feira, 3 de maio, 11:45

Ana P.O.V

Não lembro de ter chegado em casa, só lembro de ter me divertido um monte na festa da Vi. Já estava acordando quando ouvi a Mari me chamar desesperada.

- Ana, acorda, rápido!
- Mari? O que você está fazendo aqui?
- No caminho eu te explico, temos que ir pro hospital, urgentemente!
- Hospital? Não tô entendendo, o que aconteceu?
- Levanta Ana, toma um banho, coloca uma roupa e vamos.

Sem entender nada do que estava acontecendo, porém bastante preocupada, tomei um banho rápido e me arrumei pra ir até o hospital.
No caminho a Mari me explicou o que havia acontecido depois da festa.

- Léo deu as chaves do parque pra Lê, ele estava indo pra casa rápido pois a Gabi estava passando mal. O tio dela estava indo fechar tudo, não demoraria muito. Como você estava no meu carro, ela pediu para que eu levasse você pra casa e ela viria em seguida.
Algo aconteceu depois disso. Ao sair do parque, Letícia sofreu um acidente, está em estado grave no hospital.

Letícia está em estado grave no hospital. Assim que essas palavras saíram de sua boca, senti meu peito arder, não consegui mais prestar atenção no que ela disse depois. É surreal, você está com uma pessoa que ama, se divertindo, amando, e de repente, ela está em estado grave, você não sabe se vai conseguir vê-la de novo. Minha cabeça nesse momento estava repleta de pensamentos e memórias bagunçadas. Eu só sabia chorar. Eu só queria gritar. Aquilo tinha que ser mentira.

Chegando no hospital, o médico explicou o que exatamente estava acontecendo. Ela estava em coma induzido, seu estado era muito grave. Ela poderia voltar com sequelas, ou poderia não voltar.

Eu não consigo me imaginar sem a Lê, não dá, tínhamos tudo planejado, tantos sonhos, tantas memórias. Eu não tinha dúvidas de que ela era a mulher da minha vida e que eu era a da dela. Nós éramos felizes, cada segundo ao lado dela era a certeza de que era com ela que eu ia crescer, envelhecer, sorrir, chorar, amar... viver. Sendo que, agora, eu só conseguia chorar.

Os peritos disseram que ela esteve com mais alguém momentos antes de entrar no carro, já que possui marcas pelo seu corpo que indicam que ela entrou em luta corporal. Também descobriram que o carro foi sabotado, o que fez com que ela perdesse o controle e capotasse.

- Iniciamos as investigações, até o momento o único suspeito é Marcelo de Melo, ele estava no local na hora do acidente. - explicou um dos policiais
- Mari, esse não é o tio da Gabi?
- Esse mesmo.

Não faz sentido, por que o tio da Gabi faria isso? Ele nem a conhecia, estava lá pra pegar as chaves do parque... Tem algo errado, mais alguém esteve lá.

- O senhor Marcelo está sendo encaminhado para prestar depoimento.
- Não pode ser ele, ele é dono do parque, estava lá pra fechar tudo.
- É o que ele nos disse, porém, ele era a única pessoa na cena do crime. Vamos continuar com as investigações e tentar encontrar o culpado.

Não queria mais pensar naquilo, meu coração estava despedaçado queria saber como a Letícia estava, queria vê-la. Não queria perdê-la, só queria voltar com ela pra casa e proteger pra sempre.

Quinta-feira, 3 de maio, 14:56

As horas pareciam não passar, via enfermeiras, médicos e pacientes correndo de um lado para o outro.
Não aguentava mais não ter notícias.

Quando o doutor voltou até a sala de espera, levantei às pressas e me dispus a ouvir o que ele tinha pra dizer.

- Bom, o estado clínico da dona... Letícia Tavares - disse lendo a ficha presa a sua prancheta - não melhorou, ela vai continuar em coma, não temos mais o que fazer.
- Posso vê-la? - disse quase que implorando.
- O horário de visitas já acabou, mas imagino a dor que você está sentindo, posso deixar que você entre bem rapidinho, me acompanhe.

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