Obsession

Sorte

Sábado, 4 de agosto, 10:37

Vitória P.O.V

Já fazem 3 meses desde o acidente e a Ana perdeu completamente sua felicidade. Não é pra pouco, ela perdeu a pessoa com quem havia planejado uma vida, pra uma cama de hospital.
Todos esses meses tem sido extremamente difíceis, Ana vive apenas da faculdade e do hospital, mal come, percebi que emagreceu bastante desde que comecei a viajar e deixá-la sozinha. Preciso mudar isso, preciso ajudá-la a encontrar alguma distração.

- Ninha, já tomou café?
- Não, Vi, tô sem fome...
- E tu jantou ontem?
- Não lembro... Acho que não.
- Ana, sério, tu precisa se cuidar, tá toda magrinha, só sai de casa pra ir pra faculdade e pro hospital. Agora é capaz de sair só pro hospital já que a faculdade acabou.
- Ah, Vi, não tenho vontade de sair, sei lá, ficar sozinha é bom às vezes.
- Sim, às vezes, não sempre. Vem, vamos tomar café. Vou te tratar como uma filha agora pra ver se tu cria juízo.

Arrastei Ana até a padaria da esquina, ela estava com fome sim, só não tinha forças pra encarar a vida. Precisava acordar.

- Olha, tu precisa se animar. Hoje vamos no salão cortar esse cabelo que tu nunca mais cuidou, tá enorme já.
- Tá, Vitória. Que mais?
- Roupas, tu gosta de comprar roupas, vamos fazer isso.
- Ah não, Vi, sério, shopping hoje não, é sábado, vai estar lotado, vamos fazer outra coisa.
- Tá, então... Que tipo de coisa tu toparia fazer?
- Ficar em casa tocando violão.
- Hmmm, tá, então tu vai tocar violão e eu vou gravar você cantando.
- Ainda não desistiu dessa ideia?
- Claro que não, nem vou.
- Tá, então o que tu quer que eu toque?
- Aquela música que tu fez pra Lê, é a coisa mais linda...
- Tá, qual delas, né? fiz várias.
- Aquela dos móveis e cheiro e zatsnastrasts.
- Nós.
- É. É tão linda, tu tem um coração tão grande e um olho bonito pra essas coisas.
- Então vamos no salão logo? Quero ir pra casa, mas concordo que meu cabelo está grande demais e feio.
- Bora minha parceirinha.

Ana P.O.V

Vitória cismou que eu preciso sair de casa. Tá que eu não saio nem pra cortar o cabelo mais, mas... Ah, sei lá, acho que ela tá certa mesmo.

- Como você vai querer o corte?
- Do mesmo jeito de sempre, um pouco abaixo do ombro.
- Vai fazer alguma mudança? Ia ficar lindo colocar umas luzes nas pontas.
- Não, hoje é só o corte e a hidratação mesmo, não estou no clima de mudanças radicais.
- Ah entendi, tá triste. Aninha, se anima, você é uma menina tão nova, cheia de vida. Vai viver pelo menos um pouco.
- Ah, Carlos, tu não sabe tudo o que se passa aqui. - disse colocando a mão no peito - Aqui, então, é difícil entender. - apontei pra cabeça.
- É, não deve ser fácil, eu entendo... Mas ainda acho que você tem que viver, você não está vivendo.

Até o cabeleireiro que não vejo a mais de três meses está dizendo o que a vitória diz o tempo todo... É, tá difícil pra mim.
Saí do salão um pouco mais feliz, me sentia bonita, não me sentia assim fazia tempo, e eu sou o amor próprio em pessoa.

Na volta pra casa com a Vi, conversamos sobre como seriam esses vídeos. Ela queria fazer vídeos completos e vídeos curtos, como os do instagram.

- Precisamos pensar no cenário, onde vamos gravar.
- Na varanda.
- Na varanda?
- Sim, tá de dia ainda, a iluminação natural vai ficar bem legal no vídeo.
- Ah, entendi, mas todos vão ter o mesmo cenário?
- Não, cada um vai ter um cenário, tenho tudo pensado, deixa comigo.

Chegando em casa, fui escolher as roupas que usaria em cada vídeo, já que todos eram diferentes. Enquanto isso, Vitória passava pra cá e pra lá com seus equipamentos, câmera, tripé, luminárias, alguns objetos pra preencherem os vazios do cenário...