Ana e Letícia são um casal apaixonado e cheio de sonhos, mas num piscar de olhos, algo pode atrapalhar a vida das duas, fazendo com que se afastem de uma forma devastadora.
Era por volta das 23h, eu e a vi estávamos assistindo Grey's Anatomy, e, apesar de ter vários furos - profissionalmente falando -, eu amava aquele seriado, por N razões e uma delas era pelas reflexões que traziam, tipo uma nesse ep que o Karev fala: “Traumas sempre deixam uma cicatriz. Nos seguem até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos. Mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo e as besteiras... talvez viver isso é o que nos faz seguir adiante. É o que nos impulsiona. Talvez precisemos cair um pouco, para levantar novamente“.
- EU AMO ESSA CENA, MENINA - Dei uns tapinhas na perna da Vi, para expressar minha empolgação - ANA CLARA, TU FALA ISSO Á CADA 5 MINUTOS e essa cena não é nada legal! - Vi estava destruída com a história.
Dei risada, porque sim, eu já havia assistido, porém era a primeira vez com a Vi, o que a irritava um tanto muito, mas no fundo, bem lá no fundo mesmo, ela gostava, eu sei que gostava. A última vez que assisti esse seriado, havia sido com a Lê, e batia uma saudade da sua companhia. Eu queria comentar com a Vi, mas tenho medo de isso começar a ser uma encheção de saco. - Ninha? - Eu? - Conheço essa sua cara, o que foi? - É que eu to pensando – celular toca bem na hora, é a Maria Paula. - Deixa tocar, o que foi? Me fala - Sei que isso é chato, pois tô sempre falando, mas é que – celular insiste em tocar -, eu já falo Vi, deve ser importante.
Me afastei um pouco e atendi já esperando alguma notícia do hospital, já que ela trabalha lá.
- Fala, Ma, que foi? Ta tudo bem? – Maria estava com uma voz estranha, e meu sinal estava péssimo, minha operadora sempre me zoa quando é algo importante – Ma, eu não estou conseguindo escutar direito, sinal tá ruim, calma que eu vou para cozinha.
VITÓRIA P.O.V
Observava a ninha falar com a Maria, ela estava mais ouvindo do que falando e sua expressão não era tão boa, deduzi que não era coisa boa. Resolvi me aproximar dela, me encostei no armário e apenas olhava para seus olhos cabisbaixos, não era o momento de abraça-la, até que ela levantou seu olhar para o meu, suas lágrimas começaram a escorrer e meu coração se derramava junto.
- Certo, Ma. Eu... eu agradeço por você estar ficando com ela, sério, eu prometo que vou aí assim que eu puder, obrigada por tudo amiga, não sei o que faria sem tu. Eu já imaginava que era sobre a Lê, e eu não poderia impedir a Ana de ir para lá, não queria que isso voltasse logo 'agora', mas devia ser algo muito sério, então respirei fundo, eu queria muito que a Ana ficasse comigo por mais um tempo, muito de verdade, estava tudo indo muito bem, mesmo ela não sabendo, eu precisava mais dela do que ela de mim. Ela estava me salvando de algo que eu já havia perdido todo controle.
- Pode deixar... eu tô bem, sério, eu tô com a Vi, tu não tem noção do quanto ela tá me ajudando, então eu tô bem...eu tbm amo tu... hey, obrigada por tudo tá?... boa noite, fique bem.
Ninha desligou o celular, bloqueou e desbloqueou a tela, e ficou olhando para ele, era a foto dela com a Lê, depois olhou para mim, respirou fundo... e eu sabia que iria soltar palavras com mais lagrimas.
- Vi... – apressei meus passos para sua direção e a abracei, me apertou tão forte com seu choro incontrolável, um choro tão agudo, eu não estava me aguentando, mesmo sabendo que a Lê não havia falecido -, Eu só quero fugir, Vi, para algum lugar distante, onde eu não possa sentir, eu não quero voltar pra lá, eu não quero ficar aqui, eu só... – Suas palavras se misturava com as lagrimas, e as minhas escorriam também. - Ninha, respira, respira, eu tô aqui, eu tô aqui... Eu sempre vou estar – Despenquei a chorar, a impotência é a uma sensação horrível, eu não podia fazer nada, apenas chorar. Resolvi a levar até o sofá, desliguei a tv, e a abracei, ela não ia conseguia explicar o que aconteceu, seu choro foi se tornando silencioso, ela apenas enfiou seu rosto em meu abraço, e ficou ali. Eu beijei sua cabeça, e acariciei seus cabelos, fechei meus olhos, pedindo a vida que aquilo melhorasse logo. - Vi, obrigada, é que fiquei com tanto medo... - Medo do quê? Por favor, tenta me explicar - A Ma disse que houve complicações com o fluxo sanguíneo no cérebro, vi, a Ma não tem detalhes de nada, não soube explicar muito bem, mas tô com medo da Lê ter uma morte encefálica, ela não falou nada disso, mas.... Vi isso ta sendo um pesadelo, eu só queria acordar, eu só queria arrancar do meu peito essa tormenta, eu...Eu só – A interrompi, com um abraço. - Ei, esquece seus anos na faculdade, esquece tudo que aprendeu lá, tenta esquecer todas as possibilidades dela piorar, para de pensar um pouco, e só acredita quem que vai acordar nisso tudo, será ela, e ela vai precisar de uma mulher forte, todos os medos desses dias tristes virarão dança, se emancipe Ninha, amanhã vamos lá visitá-la, já ta na hora né? - Tu tem razão, eu já vi tantos casos assim que só consigo ter medo, mas ela vai melhorar, eu sei que vai... vamos dormir tá? Depois terminamos essa série JUNTAS, você tem muito que sofrer ainda – Ela riu, não foi algo tão engraçado, não naquele momento, mas foi uma risada de alivio por alguns instantes. - Ninha? - Eu - Nunca mais vou assistir isso, sério, sem condições... - Vi? VOCÊ FALA ISSO A CADA 5 MINUTOS – Agora sim rimos mesmo Fomos deitar e eu só conseguia pensar em todo aquele medo da Ana, eu também estava, mas precisava escondê-los, é... Dr. Karev, você tinha razão, traumas derrubam a todos. Mas talvez seja viver isso que nos faz seguir em frente. Talvez precisemos cair um pouco, para levantar novamente; eu só queria saber quando seria esse momento, quando iriamos levantar... Aninha havia colocado sua playlist no spotify para tocar até à última música, acho que algumas delas expressavam um pouco o que ela sentia. No fim, dormimos ao som de Carry You...
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