Sábado, 18 se setembro, 17:00
Ana P.O.V
Eu não acredito que estou fazendo isso, não acredito que Vitória me convenceu a fazer essa loucura.
Saí de casa com violão nas costas, Vitória carregava seus equipamentos de filmagem e Gabi estava eufórica, ela sempre pediu pra eu mostrar minhas composições pro mundo.Chegando no café, o sorriso de Thiago ao me ver com o violão estava tão aberto e tão branco, que quase o confundi com o Firmino.
- Eu sabiaaaaa, sabia que você viria! - disse empolgado.
- Thi, tu não sabe a luta que foi tirar essa menina de dentro de casa. - disse Vitória.
- Tirar vocês três, né? Me abandonaram nesse café e nunca mais vieram me ver.
- Ai tatinhu tu pepêzinho iti nenêzinhu lindu tu meu colação. - disse Vitória com sua voz de bebê.
- Aaah eu tava com saudade disso já! - exclamou Thiago com aquela cara que fazemos quando vemos vídeo de cachorro na internet.
Nos organizamos numa mesa perto do palco, assim vitória pode posicionar tripé e câmera num ângulo bom.
Peguei o violão pra ligar na caixa e me deparei com um pequeno problema: não tinha cabo pro violão.
Entrei num leve desespero, mas estava feliz, não teria como cantar, uma pena mesmo.Estava de pé, com as mãos na cintura e pensando numa solução, até que senti uma mão gelada me tocando.
- Era isso que você estava procurando? - disse uma voz masculina.
Me virei assustada, e dei de cara com o Mike, o rapaz que tinha conhecido ontem, mas que já havia visto em algum lugar.
- Meu Deus, tu quer me matar, garoto?
- Ih, tá assustada?
- Haha, me dá esse cabo aqui e vai pra platéia que hoje o show é meu.
- Como quiser, dona assustada.
Liguei meus equipamentos e fiz uma pequena lista das músicas que tocaria.
"Nós" abriria a lista, seguida de "Tua" e "Cor de Marte". Adicionei mais algumas e fechei com "Agora eu quero ir".Thiago veio anunciar a apresentação e não pude evitar de sentir um frio na espinha.
- Atenção galera, a apresentação de hoje é mais que especial, quem vem do Tocantins merece muitas Palmas, então, uma salva de palmas para Ana Caetano!!! - ri do trocadilho, que fez eu me acalmar um pouco.
- Boa tarde, gente! Essa música se chama "Nós" e é sobre uma pessoa extremamente importante pra mim. Ela ainda não pôde ouvir, mas espero que vocês gostem.
Comecei a tocar e evitava olhar os rostos em minha frente, a ansiedade aumentava cada vez que via alguém prestando atenção em mim.
Nunca havia cantado nós em voz alta, senti um arrepio ao chegar na parte em que dizia:
"Ei você, que se alojou nos meus
Olhos e na minha boca, por que não tá aqui?"Aquele era um momento pelo qual a Letícia esperou tannnnto, o sonho dela era me ver cantar num palco, e além dela perder aquele momento, ela não estaria alí vendo e ouvindo a música que fiz pra ela.
Terminei o show segurando o choro, sentia muita falta dela, não conseguia evitar. Fui aplaudida por toda a clientela, mas não conseguia me vangloriar por isso.
Fui em direção às meninas tentando disfarçar o que estava sentindo. Acho que não funcionou muito.- Ana, tá tudo bem? - perguntou Vitória.
- Tá sim, Vi, só estou um pouco nervosa, já passa.
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Obsession
AléatoireAna e Letícia são um casal apaixonado e cheio de sonhos, mas num piscar de olhos, algo pode atrapalhar a vida das duas, fazendo com que se afastem de uma forma devastadora.