eighteen

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— Nicoly.

Meus olhos se encheram de lágrimas assim que o juiz apitou indicando o final do jogo. Eu olhava para as pessoas ao meu redor e era horrível ver toda aquela dor, as lágrimas começaram a cair compulsivamente e eu sofria junto com toda a torcida brasileira.

Colocamos tanta fé e acabamos voltando para casa. Mas tudo bem, essas coisas acontecem. Bruna me encarou e ela estava em um estado pior que o meu, abri os braços e ela me abraçou, ouvi ela soluçar enquanto chorava no meu ombro e eu não estava diferente.

— Calma, amor. — mexi em seu cabelo. — Em 2022 nós vamos estar aqui de novo.

Ela saiu do meu abraço e limpou suas lágrimas.

— Eu nem imagino como os meninos devem estar. — concordei, eles devem estar destruídos. — Vamos para o hotel logo, eu preciso ver o Neymar.

Eu e Bruna saímos do estádio e pedimos um táxi para ir até o hotel. Havíamos nos perdido de Nathalia, Gabi e Maju.

Assim que chegamos no hotel Bruna subiu direto para o seu quarto, ela queria tirar a maquiagem borrada e ver Neymar.

Fiquei na recepção, dessa vez eu dividia meu quarto com Gabi e precisava dela para pegar a chave. O ônibus da seleção chegou e os jogadores começaram a entrar no hotel, todos de cabeça baixa e com lágrimas nos olhos.

Corri até Gabriel e o abracei com toda a força do mundo.

— Você fez tudo que foi possível e correu atrás dos seus sonhos. Eu tenho muito orgulho de você, ok? — ele assentiu e me abraçou, afundando a cabeça no meu pescoço.

Gabi chegou e me entregou a chave do nosso quarto, dizendo que subiria para o quarto de Gabriel e que ele precisava dela naquele momento.

O que deu nessas mulheres? Aposto que vão fazer sexo com eles como consolo. Gente estranha.

Depois de pegar a chave do meu quarto com Gabi entrei no elevador e para variar, Coutinho também estava nele. Ele cruzou os braços e apoiou a cabeça em uma das paredes.

Visivelmente triste. O encarei.

— O que foi? — perguntou seco e eu apenas neguei com a cabeça.

— Você está bem? — perguntei e ele me encarou.

— Eu estou super feliz, como você não pode enxergar? Eu juro que por dentro eu estou pulando de felicidade. Sabia que minha bisavó morava na Bélgica? Por isso que eu não joguei caralho nenhum, para honrar a família e essas coisas. — ironizou.

Com certeza, ele estava de mau humor e eu não esperava menos.

— Eu sei que vocês perderam o jogo porque eu estava lá e sofri o tanto que vocês sofreram mas o fato de você estar triste não te da o direito de ser ignorante comigo. E sabe, se você fosse melhor do jeito que alega, teria marcado pelo menos um gol. — falei.

O elevador abriu e Philippe saiu dele. Me joguei na cama e então me dei conta do tamanho da merda que havia falado.

Eu sou uma máquina de tomar decisões erradas. Não é possível que haja outra explicação.

Sai do quarto e bati na porta do quarto de Coutinho, que dessa vez era de frente para o meu.

Em todas as cidades que já passamos, o quarto dele sempre fica no mesmo andar que o meu. Bati na porta pela segunda vez e ele não respondeu nada.

Abri a porta com tudo, o pior que eu poderia ver era Aine e ele em um momento desagradável. Mas ele só estava jogado na cama, com a cabeça afundada no travesseiro.

— O que você quer? — perguntou com a voz abafada.

Fechei a porta e me aproximei dele sentando do outro lado da cama. Comecei a fazer cafuné no seu cabelo.

— Desculpa por ter falado aquilo. Eu sei que todos colocaram pressão em cima de vocês.

Ele tirou o rosto do travesseiro e me encarou, com lágrimas nos olhos.

— Sinto que decepcionei todo mundo. Eu não queria que isso acontecesse, eu dei o meu melhor, eu juro. Mas parece que o meu melhor não foi o suficiente.

— Ei, tá tudo bem. — sorri. — Todo mundo erra e você tem muitas copas pela frente. Eu tenho certeza que assim como eu, todos os brasileiros têm orgulho de ter um jogador como você lutando pelo nosso país no futebol.

Ele deu um sorriso mínimo.

— Você vai embora, certo? — assenti. — Então é isso.

Assenti.

— É isso. — repeti. — Você vai voltar para a sua vida e eu para a minha. Foi bom te conhecer.

— Digo o mesmo.

— A gente se vê. — levantei.

— Espero que sim. — ele respondeu.

Sai do quarto e fechei a porta, respirando fundo em seguida. Estava entrando no meu quarto quando vi Aine e Maria indo na direção do quarto de Philippe.

Eles são uma família incrível e eu me sinto o pior ser humano do mundo por ter estragado isso. Mas agora as coisas voltarão ao normal. Ou não.


escrever esse capítulo me deixou muito triste e sensível

qual é a cor preferida de vocês?

vocês acham que o tite deve continuar como técnico da seleção brasileira?

scary love ↣ p. coutinho [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora