twenty six

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— Ainê.

— Vamos logo, amor! A gente vai se atrasar. — Philippe apareceu na porta do quarto e eu quase vomitei.

Passei o batom vermelho e peguei minha bolsa. Philippe estava encostado no batente da porta, andei até ele e comecei a ajeitar o nó da sua gravata.

— Não sei do que seria de mim sem você. — ele sorriu e eu me segurei para não revirar os olhos.

— Vamos. — falei e sai dali.

— Ainê! — o encarei. — Você está estranha, aconteceu alguma coisa?

A campainha tocou e eu desci para atende-la, ignorando completamente a pergunta de Philippe. A babá de Maria havia chegado, dei algumas instruções para ela e saímos de casa.

— Você não respondeu minha pergunta. — disse ele, dentro do carro.

— Não aconteceu nada, vida. — sorri e coloquei a mão em cima da perna dele.

Acho que mais dois minutos ao lado desse homem e eu o enforco. Ele arqueou as sobrancelhas.

— Eu só estou com sono, fiquei o dia todo em reuniões e fui dormir tarde. — menti.

— Eu não sei porque você trabalha tanto. Eu tenho mais do que o suficiente para nós três.

Daqui você só precisará se preocupar consigo mesmo. Pensei.

— Eu gosto do que faço.

Eu administrava a empresa da Adidas em Barcelona, havia recebido a meses atrás a proposta de ir administrar a empresa no Rio de Janeiro. E agora, aceitei.

Philippe estacionou na frente do restaurante, que por sinal, era o mais caro da cidade. Falamos nossos nomes para o segurança e entramos. O local estava cheio, mais de duzentas pessoas.

— Venham tirar fotos! — Loris nos chamou e nós andamos até ele e Nicoly.

A garota não me olhou mas era perceptível que estava nervosa, já que suas mãos tremiam. Nos posicionamos e sorrimos para a foto.

— Meu maxilar vai quebrar. — Loris falou e eu ri. — Depois tiramos mais fotos. — falou para Nicoly e o fotógrafo.

Eles se retiraram dali e seguiram até onde estava acontecendo o jantar, Loris falou que o meu lugar e de Philippe era na mesa com os outros membros da Seleção Brasileira. Assentimos e fomos até lá. Sentei ao lado de Isabele, mulher de Thiago.

— Sinto muito por tudo isso, Ainê. — ela sussurrou e eu sorri fraco.

— Não sei do que seria de mim sem sua ajuda. — fui sincera.

— Mulheres ajudam mulheres, não é? — sorri e assenti.

Nicoly sentou na mesa com a família dela e de Loris. E ficava o tempo todo olhando para a nossa mesa. Sorri para ela, e ela virou o rosto.

Nossa mesa estava dividida, as mulheres estavam de um lado e os homens do outro. O celular de Philippe estava na minha mão e acendeu. Era uma mensagem de Nicoly e dizia "Ela sabe". Ri e desbloqueei o celular.

Mostrei para Isabele e ela tirou o celular da minha mão, digitou algo rapidamente e me entregou. "Ele só vai saber que eu sei quando eu quiser que ele saiba. Se cuida 💖" balancei a cabeça negativamente e apaguei as duas mensagens.

A noite foi tranquila, Nicoly estava apreensiva, não parava quieta, ficava andando de um lado para o outro, indo até o banheiro, subindo até o segundo andar do restaurante e todos os segundos em que ficou sentada em sua mesa, não parou de me encarar. Por volta de meia noite o pessoal começou a ir embora, agora são duas da manhã e para variar, apenas a seleção brasileira e Loris.  Eles estão tão bêbados que não são capazes de contar quantos dedos tem na mão.

— Eu queria falar algumas coisas! — bati o garfo levemente na taça de vinho, fazendo todos calarem a boca e me encarar. — A amizade da Nicoly é uma das coisas mais importantes que eu tenho na minha vida! — menti e Isabele riu discretamente. — Sua amizade trouxe cor para a minha vida e você se tornou a irmã que eu nunca tive.

Encarei Philippe e ele mordia o lábio, estava se sentindo culpado. E olha que eu nem comecei.

Nicoly engoliu seco, o copo de plástico que estava em sua mão estava destruído. Ela não parava de aperta-lo.

— Eu me sinto muito feliz que você esteja se casando! Você e o Loris merecem toda a felicidade do mundo. Eu espero que esse casamento dure e que não apareça ninguém como você. — apontei para ela. — Para estraga-lo.

Me olharam incrédulos. Fiz um sinal para o dj e em segundos um vídeo apareceu no telão que antes mostrava fotos do casal. Nicoly e Philippe, se beijando na porta do banheiro e em seguida entrando no mesmo.

Andei até minha bolsa, com todos acompanhando meus passos. Retirei alguns papéis ali de dentro e joguei na mesa, na frente de Philippe.

— É o nosso divórcio, eu já assinei, só falta você. — entreguei a caneta na sua mão.

— Ainê...

— Vai ser pior para você se você não assinar.

— Tu é um lacre mesmo em mulher! — Marcelo gritou recebendo um cutucão de Gabriel.

— E sobre você. — me aproximei de Nicoly, ficando cara a cara com ela. A mesma se encontrava atônita. — Eu realmente te considerava minha amiga e não menti em momento algum quando disse que sua amizade trouxe cor para a minha vida. Fui otaria? Com toda a certeza, mas minha consciência está limpa. Você terá que lidar com as consequências do seus atos e eu espero de verdade, que você nunca passe pelo o que eu passei. Espero mesmo que você nunca conheça alguém como você, porque você, foi a maior decepção que eu tive.

— Se eu não fosse comprometido esse seria o momento certo pra mim levantar e te dar um beijo! — Alisson gritou.

— Assinou? — virei para Philippe.

— Vamos conversar. — pediu.

— Que pensasse duas vezes antes de me trair. E cá entre nós, tantos motéis bons na rússia, tanto dinheiro que vocês dois tem e vocês vão foder no banheiro? Chega a ser feio para a cara dos dois. — falei antes de sair dali.

Corri para fora do restaurante e entrei no carro de Philippe, a chave havia ficado comigo. Dirigi o mais rápido que consegui, a primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa, foi ir até a garagem. Peguei um taco de baisebol e quebrei os vidros de todos os carros de Philippe.

Fui até o cofre que ficava escondido atrás de um painel de ferramentas e peguei todo o dinheiro que consegui, colocando dentro da mochila que estava na garagem. Com certeza mais de cem mil reais.

Fui para a sala e liguei a lareira, quando o fogo subiu, joguei todo o dinheiro ali dentro, vendo ele queimar. Subi as escadas e fui até o quarto de Maria, paguei a babá e dei dinheiro para ela pedir um táxi. Peguei Maria e nossas malas e desci as escadas, chamando o táxi.

Quando estávamos saindo da rua da nossa casa, dentro do táxi, o carro de Neymar passou. Sorri, eu estava um passo à frente.

Descemos no aeroporto, fizemos tudo que era preciso e estávamos prestes a entrar na sala de embarque quando ouvi meu nome.

Virei para trás dando de cara com Loris.

— O que faz aqui? — perguntei surpresa.

— Eu comprei uma passagem, vou com vocês. — arqueei as sobrancelhas.

— Corações partidos se completam, Ainê. — ele sorriu.

— Eu sinceramente não sei, tem a Maria e... — ele em interrompeu.

— Vamos. Com o resto a gente se preocupa depois.


querem que o coutinho e a nicoly fiquem juntos no final?

futuro da história depende da resposta de vocês

scary love ↣ p. coutinho [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora