Mãos dadas

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— Posso ter gotas de chocolate nas minhas panquecas, papai? E elas podem ser verdes? – Soya perguntou, segurando pão de gengibre em seu colo enquanto esperava pacientemente na mesa da cozinha. Jimin estava sentado ao seu lado, trançando seu cabelo.

— Claro, passarinho. – respondeu Jeon distraidamente, tentando evitar adicionar muita corante às panquecas para que não ficassem com a cor estranha, sendo associadas a substâncias um tanto quanto nojentas. 

— Jimin... – disse Soy calmamente. Ele estava cantarolando baixinho enquanto trançava o cabelo dela, mas parou quando ela disse o seu nome. — Meu outro papai era do mau. – Jimin parou de trançar, surpreso.

— Soy...

— Ele era. – seus olhos se voltaram para Jungkook, tentando se certificar de que ele não podia ouvi-la. — Ele era mau para mim e para o meu pai, ele não nos deixava partir. Tivemos que esperar um ano inteiro para ele assinar os papéis.

— Papéis? – questionou Park. Ele não pôde deixar de ficar intrigado.

— Os papéis do divórcio. – esclareceu Soya. — Meu pai acha que eu não sei, mas eu sei. – ela mordeu o lábio. — Mas você não é mau.

— Eu... Não, eu não sou. – concordou, confuso. Soya sorriu.

— Eu sei que você não é. Você tem olhos bonitos.

— Olhos bonitos? – Jimin a respondeu com uma pergunta, sorrindo um pouco. Soya assentiu.

— Papai diz que é como mágica. Eu posso dizer quando as pessoas são legais. Meu outro papai costumava ter olhos bonitos, quando eu era menor. Mas eu fiquei maior, e então os olhos dele não eram bons. Eles estavam tristes e zangados, e eu não gostei disso. – suas mãos minúsculas tremeram com a lembrança, e Jimin gentilmente as cobriu com as suas até que pararam de tremer. — Ele costumava me assustar. É por isso que saímos, eu acho.

— Soy, eu não sei o que você está tentando me dizer. – disse finalmente.

— Nada. Eu apenas gosto de você. – sorriu, voltando para o seu normal, animador.

Então seu pequeno sorriso se tornou travesso, e ela se inclinou para sussurrar no ouvido de Jimin.

— Meu pai gosta de você também.

— Ohhhh, árvore de natal, oh! Árvore de natal! – gritou pela janela.

O ar que entrava pela janela dela estava gelado, e Jimin estremeceu.

— Soy, feche sua janela. – disse Jeon, e ela recostou-se, fazendo beicinho.

Houve um minuto de silêncio, e então Park bateu palmas, guinchando um pouco.

— Eu amo o natal! É tão bonito e natalino aqui fora. – Jungkook o olhou, o olhar cintilando entre ele e a rua em frente a eles com um sorriso carinhoso no rosto.

Jimin parecia tão fofinho e confortável, o casaco rosa pálido encolheu seus ombros sobre a roupa, e possuía um gorro na cabeça. Jungkook não conseguia parar de sorrir – suas mandíbulas doíam –. Pão de gengibre e Soya estavam felizes e aquecidos no banco traseiro, sorrindo para os dois homens na frente.

Quando eles pararam, Soya saiu do carro e pegou gengibre com as duas mãos, o levando na neve animadamente para brincar.

— Qual árvore você vai escolher, Soy? – Jimin perguntou.

Em algum momento, Soya tinha puxado os dois juntos e saíra correndo, deixando Jungkook e Jimin de mãos dadas. Para ser honesto, nenhum deles se importava, mas nenhum deles queria mencioná-lo também.

— São tantas opções... – resmungou. — Como eu vou chegar em uma decisão?

— Você tem tempo. – Jungkook assegurou ela. — Não se preocupe com isso, baixinha. Apenas olhe ao redor, e quando você ver alguma que goste bastante, nós vamos pegá-la. E agora feche o seu casaco. –  Soya revirou os olhos, mas obedeceu, ajustando o chapéu de macaco antes de assobiar por pão de gengibre. Ele correu atrás dela, e ela riu.

Jungkook e Jimin caminharam lentamente atrás dela, ainda de mãos dadas.

— Está tudo bem? – Jungkook perguntou após um minuto de silêncio, apontando para suas mãos.

— Sim. – disse Jimin, um pouco timidamente. — Quero dizer, está tudo bem para você também? – Jeon assentiu, e eles continuaram em silêncio por alguns minutos antes de Jimin falar de novo. — Você é realmente bom com ela, você sabe. Está claro que vocês são próximos um do outro, ela adora você. – isso fez com que Jungkook sorrisse.

— Essa é a minha baixinha. Eu a amo muito. – Jimin riu.

— Ela se parece com você. Ela tem as covinhas e tudo mais.

— Você realmente gosta de covinhas. – disse Jungkook, um pouco provocante. Jimin riu e esticou o braço, cutucando uma das covinhas que pairavam no rosto de Jungkook.

— Eu gosto. – disse, guinchando um pouco, quando Jungkook fingiu morder seu dedo.

Quando Park moveu sua mão, Jungkook se abaixou, perseguindo-o, fazendo com que seus rostos ficassem a polegadas de distância.

Jimin estava prendendo sua respiração, e Jungkook mordia sua língua com tanta força que sentira o gosto do sangue, após parar por um segundo inalou profundamente.

— Eu deveria ir, uh, ver o que Soya está fazendo. – ele se afastou e soltou a mão de Jimin, chamando o nome de Soya enquanto caminhava entre algumas árvores.

Enquanto se afastava, Jimin respirou normalmente, mas o rubor de suas bochechas não foram embora.

icicle » jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora