O Despertar

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Eu estava rodeado de escuridão assim que ia recobrando a minha consciência, não sentia nada, não ouvia e não conseguia sequer me mover, era como se a morte tivesse batido em minha morada. Foi se passando o tempo, não sei afirmar se foram dias ou apenas horas, eu apenas sabia que estava existindo.

Até que eu senti um calor intenso, aquilo me queimava, sentia como se fosse morrer por aquilo. Mas ele logo acabou após um grande choque, que estremeceu todos os meus ossos, era como se eu estivesse sendo esmagado por uma tonelada.

Meu corpo estava retornando a funcionar aos poucos, mas eu sentia que havia algo a faltar em mim. Eu abri os meus olhos devagar e logo fui cegado por uma intensa luz amarelada. Meu corpo ardia em chamas, eu não conseguia compreender o que havia acontecido com ele.

- Al... de... – Ouvia alguns berros vindos ao longe, mas as suas palavras não chegavam até mim, elas estavam a se perder no ar.

A luz que tampava a minha visão logo foi coberta por uma sombra, e o meu corpo foi acolhido, por mãos calorosas e gentis.

- ... – Eu tentava me comunicar com ela, mas meus lábios estavam selados, eu me sentia morto.

Até que gotas de agua atingem o meu rosto, aquela que me recolhia em seus braços gentilmente sofria por mim, mas por qual motivo toda aquela gentileza? Eu nem a conhecia, e mesmo assim ela me acolhia em seus braços.

Mas logo após sentir suas doces lagrimas, eu não senti mais nada, tinha retornado ao meu estado inerte, fiquei a vegetar por um período de um mês, mais ou menos, o tempo para mim não se passava.

Então depois de um longo os meus movimentos retornaram, eu conseguia mover novamente a minha mão, o meu pé, a minha cabeça, retornei a ouvir o som ao meu redor, era uma sinfonia de sons muito confusos, eu não conseguia identificar nenhum, mas ao fundo eu ouvia vozes felizes conversando.

Quando as vozes se cessaram, eu abri os meus olhos aos poucos, no começo só vi a escuridão, mas logo após uma luz azulada iluminou o cômodo onde eu estava, aos poucos. E quando a luz cobre todo o quarto a minha primeira visão é de uma menina, com mais ou menos doze anos, seu cabelo formava uma trança que descia por seu delicado ombro, e acima de sua cabeça ela tinha duas grandes orelhas pontudas e peludas que tinham a mesma tonalidade de seus cabelos, e uma longa e fina calda que escorria pela cadeira onde ela estava sentada dormindo.

Era uma visão angelical, seu rosto mostrava paz enquanto estava dormindo, pensei que não seria uma boa ideia fazer barulho, para não atrapalhar o seu sono.

Eu me levanto com cuidado, e vou andando silenciosamente pelo quarto, até a sua porta que tinha um espelho, onde parei para me observar por um momento, meu corpo inteiro estava atado, e em meu rosto havia uma queimadura profunda, mas não estava tão ruim, eu estava vestindo apenas uma calça preta, o resto de minhas roupas...

- Eu vestia mais alguma coisa...? – Murmuro bem baixo.

Ignoro esse detalhe e continuo a observar o meu corpo. Meu cabelo era preto, um tom de preto que se dava para dizer que aquela parte do espaço não existia mais, os meus olhos cintilavam em vermelho na escuridão, sendo que o esquerdo tinha o formato de um...

- Um losango...? – Murmuro assustado, não sabia o motivo, mas por alguma razão aquele olho me assustasse, como se fosse algo fora do normal.

Cambaleio de volta para cama e coloco a minha mão direita em minha cabeça, a apoiando.

- Quem eu... sou...? – Eu finalmente tinha compreendido, eu não sabia mais nada sobre a minha existência, tudo havia se apagado, e eu estava sendo rodeado de escuridão.

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