And everything I am is gone

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Alice não conseguia pregar o olho desde que descobriu que seu marido era o mais famoso assassino de Riverdale, o "Blackhood" como ficou conhecido. Ela sempre sentiu algo estranho em Hal que nem mesmo ela sabia o que era, mas nem em seus piores pesadelos ela imaginara que ele era um maníaco como se provou ser, e mais, que usaria a própria filha em seus planos diabólicos. O ódio a corroía por dentro todas as vezes que lembrava de tudo que ele havia feito, e como ele tinha feito Elizabeth sofrer, "aquele bastardo!" pensava.

Sua cabeça era um constante emaranhado de pensamentos que a mantinham acordada e alerta a todo o momento, Hal como assassino, ela e Betty e os incontáveis minutos que passaram com Hal naquela sala aquela noite, Chic sendo um impostor e a ideia de que seu verdadeiro filho estaria morto por sua culpa, e FP... Ela não conseguia deixar de imaginar como ele estaria agora, ela havia o arrastado para toda essa confusão e ainda tinha lhe dito sobre a morte do filho que eles tiveram e que ele nem sabia da existência, sem falar que ele quase havia perdido Jughead. Assim como ela, ele provavelmente não estaria bem agora, e por algum motivo ela não conseguia deixar de se preocupar com ele.

- Mãe? – Betty carregava sempre um semblante preocupado em seu rosto e passava os dias tentando animar Alice a levantar do sofá e fazer qualquer coisa além de ver televisão ou fazer tricô. – Você está bem?

- Sim Betty, estou bem. – respondeu forçando um meio sorriso.

- Uma hora tudo vai ficar bem, mãe. – Ela disse abraçando-a. Alice se sentia mal por todo esforço de Betty nos últimos dias, cuidando ainda mais de Alice do que a própria cuidava da filha. Betty também estava sofrendo, mas tinha Jughead e seus amigos, já Alice se sentia ainda mais sozinha depois que Polly voltara para a fazenda (que ela veemente se recusou a ir, mesmo com toda insistência da filha) e a filha mais nova voltara para escola, o que dava a Sra. Smith muito tempo em casa sozinha já que não sentia vontade alguma de sair e enfrentar os olhares das pessoas.

-Eu sei, querida. – Apertou ainda mais o abraço com a filha.

***

Aquela noite ela resolveu finalmente levantar do sofá e ir ao Pop's, já que Betty havia ido ao cinema com Jughead e nenhum filme que passava aquela noite na televisão conseguiu lhe prender e ela precisava urgentemente clarear a cabeça mesmo que pra isso precisasse enfrentar todos os julgamentos e os sentimentos de pena que dividiam os cidadãos de Riverdale em relação a ela, ora "fod*-se, Alice Smith não se esconde de ninguém!".

Enquanto dirigia por caminhos que deixavam ainda mais demorada sua chegada à lanchonete, passou por uma rua meio escura e esquisita, e foi quando o viu, sentado na borda da calçada em uma parte que a luz do único poste aceso não chegava, e qualquer pessoa que ali estivesse no lugar dela só notaria a silhueta de um homem sentado com a cabeça apoiada entre as mãos, mas Alice conhecia aquela silhueta, ela sempre o reconheceria.

-FP? – Ela disse descendo do carro e se aproximando dele já que não obteve resposta. – Ai meu Deus! Você voltou a beber? – Ela disse um pouco alto demais e ele tirou as mãos do rosto e levantou a cabeça a olhando assustado e ela teve problemas em discernir se ele estivera chorando ou os olhos vermelhos eram só da bebedeira.

-Alice? O que faz aqui? – Pela sua voz ela podia ver o quão bêbado ele estava.

- Eu estava indo ao Pop's. Venha, vou te levar pra casa. – Ela disse segurando a mão dele o puxando para que levantasse.

- Não posso ir pra casa e deixar que Jug me veja assim.

- Para sua sorte ele está no cinema com minha filha, e você terá a chance de deitar e dormir antes que ele o veja assim. – Ele se apoiou nela e eles caminharam até o carro. Quando, por uma fração de segundo ela se distanciou do corpo dele para deixa-lo entrar, ele segurou seu braço, fazendo sua espinha arrepiar com o toque suave, porém firme dele, e a puxou fazendo com que ela se encostasse na porta, chegando tão próximo a ela que podia sentir o cheiro doce que emanava de seus cabelos.

- Me desculpe. – A voz dele carregava uma dor que Alice conhecia bem.

- Pelo que?

- Por ter te deixado no ensino médio... Eu achava que você ficaria melhor com Hal, que eu não podia te dar tudo que você merecia, e então você teve nosso filho e eu não estava lá com você e você estava sozinha, não consigo imaginar o que você passou tendo que dar nosso bebê para adoção...

- FP! – ela falou cortando a fala rápida e descoordenada dele, e respirando fundo e forçando que as lágrimas que ameaçavam cair ficassem exatamente onde estavam, ela continuou – Você está bêbado, então por favor, entre no carro para que eu possa levá-lo para o trailer.

Chegando ao trailer ela o ajudou a entrar e ligou o chuveiro para que a água esquentasse e ele pudesse tomar um banho e assim sentou em sua cama esperando não ouvir algum baque de alguma queda que potencialmente ele poderia levar naquele banho, e tendo que ouvir ele dizer "obrigado" de 5 em 5 segundos, "Ok, ok, FP, agora, pelos céus, termine esse banho!".

- Se sente melhor? – Ela perguntou enquanto entregava a FP um copo de água na cama que ele estava deitado.

- Sim, obrigado Alice. – Ela podia ver que ele estava naquele estado da bebedeira o qual cairia no sono a qualquer momento, então foi se afastando para ir embora quando ouviu a voz dele e se virou para encará-lo.

- Alice? Me desculpe.

- Você já disse isso e eu já lhe disse que você está bêbado e precisa descansar para melhorar.

- Não pelo que disse mais cedo, me desculpe por não ter ido vê-la desde... bem, desde o que aconteceu com Hal, eu a deixei sozinha de novo então me... – Sua voz era baixa e devagar e ela só conseguiu encará-lo enquanto ele caia no sono antes mesmo de terminar a frase, e nessa hora pode finalmente deixar que as lágrimas que segurava desde cedo rolassem por seu rosto. 



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