"Ser amor pra quem anseia
Solidão de casa cheia
Dar a voz que incendeia
Ter um bom motivo para acreditar"
Duas semanas de pura calmaria, bom... Ou mais ou menos isso.
Na bolha que os dois estavam o tempo parecia engatinhar. Foram duas semanas de sossego para os dois. Betty e Jughead estavam cada vez mais acostumados com a relação entre seus pais, mas isso não significava que momentos constrangedores não acontecessem, eram bem frequentes na verdade, mas os quatro aprenderam a levar as situações com mais graça.
Certa noite Betty lutava contra sua insônia, os remédios que tomava não pareciam ser de muita ajuda no momento. Passava noites em claro e quando conseguia dormir tinha pesadelos. Quase cogitou tomar um chá especial que sua irmã, agora hippie, tinha a oferecido, mas preferia continuar com seus problemas de sono a ter qualquer contato com aquela fazenda.
Nessa noite em particular, Betty colocou o fone de ouvido no mínimo, ouvir musica clássica às vezes a ajudava a dormir e afastava os pesadelos. Ela quase adormeceu de verdade não fosse a sombra que viu em sua janela. Pensou por dois segundos que poderia ter dado um leve cochilo e sonhado com aquilo, mas apertou bem os olhos e a imagem de um homem em sua janela ficou mais nítida. Ela não era do tipo que grita, sempre enfrentou seus medos, mas não conseguiu evitar. O grito só não foi mais alto do que o estrondo de alguém caindo pela janela.
- Mamãe, tinha alguém na janela!- Ela dizia apavorada enquanto pegava o celular e discava o número da polícia.
Alice a olhava sem expressão, e a adolescente não conseguia entender porque a mãe não estava apavorada, ela não lembrava das ameças que sofreram de seu pai?
- Betty me dá esse telefone - Ela tomou o celular da mão de Betty e começou a descer as escadas as pressas com Betty na sua cola.
- Você tá louca? Onde está indo ele pode ser peri... - As palavras se perderam no ar e tudo que ela conseguia era ficar de boca aberta ao ver FP deitado no chão, bem abaixo de sua janela, se contorcendo de dor.
- Como você conseguiu errar a janela, FP? -Alice falava baixo, mas firme, e tudo que ele conseguiu foi dar um grunhido em resposta enquanto ela o levantava e o levava pra dentro passando por uma Betty ainda em choque na soleira da porta.
- Eu deveria colocar os dois de castigo. Dois adolescentes inconsequentes é o que vocês são. - Betty falou enquanto subia de volta ao seu quarto sem olhar para os dois, na verdade não sabia se ficaria cara a cara com FP nem tão cedo.
Aquela noite ficaria marcada pra sempre no rol de momentos mais constrangedores da vida dos três.
Alguns dias depois, enquanto comiam o café da manhã, Betty resolveu usar o assunto a seu favor.
- Eu acho que deveríamos bolar um esquema. – Betty disse enquanto pegava a jarra de suco e a entregava a sua mãe.
- Esquema para que exatamente, Elizabeth? – Alice levantou a sobrancelha desconfiada.
- Ora, mamãe, você sabe que eu tenho insônia, e ainda não consegui me acostumar a encontrar o pai do meu namorado perambulando pela madrugada aqui em casa. – No fundo ela já não se importava mais com a presença constante de FP em sua casa, na verdade até gostava, mas precisava de alguma tática pra que a mãe a deixasse dormir fora mais vezes. – Por isso, nós podíamos nos revezar, você sabe... Os dias que ele vier dormir aqui, eu poderia...
- Dormir com o Jughead no trailer? Você acha que eu nasci ontem, Betty? – Alice respondeu rindo da tentativa falha da filha, o que fez Betty sorrir, ela estava feliz por ver sua mãe tão leve, não lembrava de já tê-la visto assim antes.
As duas estavam mais próximas, o que era bonito de se ver. Durante essas duas semanas não ouviram falar de Hal nenhuma vez o que era um alívio, suas ameaças estavam ficando cada vez mais esquecidas.
***
Alice acordou com o sol batendo em seu rosto e não conseguiu deixar de sorrir ao ver que FP a observava.
- Oi, esquisito. – Ele sorriu com o jeito sarcástico de Alice.
- Você teve algum pesadelo essa noite? Estava inquieta enquanto dormia. – Ele passava gentilmente a mão pela cintura dela, em um vai e vem lento que a fazia arrepiar por completo.
- Não sei bem, não lembro de ter sonhado, mas lembro de algumas sensações ruins... Talvez eu tenha tido um pesadelo. – Ela falava com a cabeça enterrada no pescoço de FP.
Ficaram daquele jeito por algum tempo, deixando que o silêncio dissesse tudo, silêncio carregado de um amor antigo que nunca curou.
- Isso... Você e eu... Parece tão certo. – Ele disse beijando o alto da cabeça dela e a trazendo para mais próximo de seu corpo e os dois continuaram distribuindo carinho um no outro por um longo tempo.
O resto do dia passou mais devagar que o normal, e algo embrulhava o estômago de Alice. Aquela sensação de que algo ruim estava por vir. "Esses dias de paz não durariam pra sempre" pensou, deixando que um pessimismo horrível a inundasse. Ligou para Betty para saber se estava tudo bem, agora que a filha andava sempre com os serpentes ela tinha medo, não pelos serpentes em si, mas porque sabia que Betty sempre se metia em tudo e isso a deixava constantemente preocupada.
- Mãe, eu já estou indo para casa. – Ela desligou antes que Alice tivesse a chance de falar alguma coisa, mas ela conseguiu notar algo estranho em sua voz.
- O que aconteceu, Elizabeth? – Alice correu até a porta enquanto Betty entrava. – Aconteceu algo com você?
- Não, mãe... Não aconteceu nada comigo.
- Então o que é essa cara de quem viu alguém morrer? Elizabeth não teste minha paciência, o que...
- A mãe do Jughead voltou, mamãe. Gladys está em Riverdale.
Gente, eu quero pedir inúmeras desculpas pela demora. Eu tenho uns probleminhas de ansiedade e depressão e tive umas crises horríveis esses últimos tempos, o que me impossibilitou de fazer muita coisa, inclusive escrever a fic. Eu espero que vocês entendam e não abandonem a história!
Espero que gostem do capítulo, e desde já peço desculpas pelos eventuais erros.
Ps: Quero dizer muito obrigado por todos que comentam e me incentivam a continuar escrevendo, vocês nem imaginam a diferença que vocês fazem! <3
Beijos, Mi.
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Time To Learn From Our Mistakes
RomanceDepois de revelado quem era o misterioso homem por trás da mascara, aquele conhecido por Blackhood, Alice assistia do sofá da sala a sua vida passar. Sem perspectiva de futuro e nenhuma força para viver o presente ela se corroía atormentada por seus...