Capítulo Quatro

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" Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender." - Blaise Pascal

Não poderia ser, por que razão justo aquele banco? Senti meus olhos arderem, senti a lágrima solitária quente fazendo o caminho por meu rosto gélido, por que justo aquele banco?

- estás bem, Elizabeth? - perguntou Christopher, rapidamente limpei a lágrima solitária de meu rosto

-Apenas admirando a bela vista- disse dando-lhe um sorriso amarelo,

ele apenas assentiu e andamos até o banco, sentamos. Apenas passava-se em minha cabeça que no mesmo banco em que jurei nunca ficar com outro homem, onde jurei vinga-lo , em que beijei-o pela primeira vez, estava agora quebrando meu juramento.Em meu peito meu coração ficava cada vez menor.

- conte-me sobre a senhorita?- pediu Christopher

- há nada para contar-lhe- disse olhando o horizonte com a expressão firme

- Sua cor favorita, seus gostos, seriam um bom começo minha querida- disse tocando minha mão, a fúria tomou conta de meu corpo, como ousava tocar-me e chamar-me de "minha querida", só por ser nosso futuro rei pensava que poderia tratar como bem entendesse qualquer ser. Levantei-me com brutalidade

-Por favor, Não chame-me novamente de "minha querida"- disse entre dentes olhando-o nos olhos, ele sorriu de lado e a minha fúria só aumentou.

-admiro vossa sinceridade senhorita, admiro muito- disse sorrindo educado, uma faísca de culpa começou a surgir em meu coração, mas não deveria me sentir culpada afinal ele permitia e até mesmo ordenava que maltratasse os escravos, os camponeses, todos eles estavam na situação dolorosa por que ele não fazia nada para impedir, como poderia sentir culpa por alguém assim?

- Para senhorita, de pouco importa quem sou ou o que poderei fazer-lhe apenas falas o que pensa- disse com sinceridade em seus olhos sorri sarcástica

-Como já havia lhe dito, vossa majestade - disse-lhe sarcástica e ele riu- para conseguir justiça aos menos afortunados devo ser sincera

- Não critico-lhe por isso, mas creio que algumas pessoas não merecem nossas sinceridade- disse agora olhando para o sol se pondo em nossa frente, o qual refletiu em seu rosto majestoso, seus olhos tão azuis e brilhantes que antes emanavam alegria, seriedade e compaixão agora continha mágoa, embora pequena contrastavam em minha mente com os olhos de Fred, tão escuros e cruelmente opacos, mas mesmo assim tão lindos, seu nariz era exatamente igual ao de Fred até mesmo a pequena pinta imperceptível no canto esquerdo suas bochechas mais morenas do que a de Fred, mas mesmo assim com traços tão parecidos, sua boca tinha o mesmo formato de um coração mais arredondado, porém era mais carnuda e levemente mais convidativa do que a de Fred, se não soubesse que o irmão de Christopher havia morrido há uns 15 anos atrás e que Fred fosse órfão, poderia dizer que são irmãos, mas algo me fez voltar a atenção em seus olhos: aquela pequena faísca de mágoa me intrigava, mas resolvi deixa-lo pensando. Lembrei-me de Fred, quando ele se declarou para mim, seu beijo como era delicioso, como seu sorriso me levava para o céu, como quando estava com ele nada mais existia, além de nós, nossas promessas, nossos desejos, nossos sonhos, e com isso também a imagem de seus olhos já sem vida seus pulsos marcados, seu corpo gélido e a única coisa que deixou para mim: a saudade.

Sentimento tão forte e tão estúpido, sabia que ele apenas dormia sem sonhos ,sem nada, apenas dormia tão profundo que nunca mais acordaria e diria para fugirmos, nunca mais ouviria daquela boca que tanto amei os "eu te amo" . Essa saudade é algo que nada nem ninguém nunca poderia tira-la de meu coração, tão intensa e dolorosa, que ,na maioria das vezes, a morte me parecia tão doce e saudosa. Mais uma única lágrima deixou meus olhos tentando tirar aquele sentimento tão grandioso.

Blue Blood: o assassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora