Quatro. - Nathaniel

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NATHANIEL

Não fazia ideia de que horas eram quando acordei pela madrugada, mas me vi embaixo das cobertas com o ruivo ao meu lado em uma expressão calma e serena de sono, haviam muitas coisas novas que estava aprendendo sobre ele, e essa era mais uma. O sol já havia nascido e o quarto estava um pouco claro, não fazia ideia de que horas eram, mas quando olhei para mim foi que me dei conta de que não era mais um gatinho, havia voltado a minha forma humano, contudo havia um grande porém, eu estava nu. Enrolei-me o máximo que pude em uma das cobertas e comecei a mexer o corpo do ruivo, tentando acordá-lo.

- Castiel... Castiel... Acorda....

Ele parecia uma pedra dormindo e por mais que eu o chamasse e balançasse seu corpo ele não se mexia, eu estava quase desistindo da ideia de acordá-lo quando ele finalmente se virou para mim com um olhar sonolento. Seus cabelos bagunçados deixavam ele mais sexy ainda, e apenas agora é que minha mente concluiu que eu passei a noite na cama dele e agora eu estou nu na cama dele.

- Nath... Você voltou a ser humano mesmo? - Ele perguntou sonolento enquanto esticava sua mão para tocar o meu rosto.

- S-Sim... - A mão dele estava quente e confortável, era definitivamente aconchegante estar ali, era um outro lado do ruivo que não achei que veria. - C-Casitel... Eu preciso de roupas... - Não consegui deixar de ficar corado depois da frase, mas eu precisava mesmo de alguma roupa e não sabia aonde estavam as minhas ou se eu podia pegar uma ele.

- Suas roupas estão na sua mala, eu trouxe tudo para cá ontem... - O maior se levantou com muita preguiça e foi até a escrivaninha, onde pegou minha mochila que estava ao lado dela e trouxe para mim. O que eu agradecia muito, já que não era nada confortável estar enrolado apenas em uma coberta. - Aqui... Eu vou fazer algo para o café da manhã enquanto você se veste...

- Obrigado... - Respondi baixo e com um pequeno sorriso.

Assim que a porta do quarto se fechou, e eu fiquei sozinho, comecei a me vestir com as roupas que estava usando ontem, menos o moletom, já que a casa parecia estar em uma temperatura aconchegante. Eu fiquei apenas com a camiseta pólo e a calça jeans, com isso saí do quarto e fui para a cozinha da casa dele. Aquela era a primeira vez que eu ia lá por motivos que não fossem apenas trabalhos escolares, então era a primeira vez que eu podia olhar melhor a casa.

Ela era mais organizada do que eu esperava para um adolescente que mora sozinho, principalmente pelo adolescente ser o Castiel. Já que eu também era um adolescente que morava sozinho, mas era algo natural se esperar que a minha casa fosse organizada. Se a casa do ruivo fosse uma desordem gigantesca não seria estranho, seria mais natural do que ela ser organizada.

Assim que cheguei a cozinha pude me deparando com o ruivo passando café e fazendo torradas. E aquela cena parecia ser uma das cenas mais sensuais possíveis. Nós não vamos para o colégio hoje.

- Posso ajudar em algo? - Não queria ser apenas um estorvo para ele, queria ao menos ajudar no que podia.

- Sim... Coloca as coisas na mesa, as xícaras e pratos ficam ali. - Ele disse com calma apontando para um das portas dos armários. - Você tem explicações a me dar...

Ele havia sido bem direto, o que me fez concluir que o Castiel ainda estava dentro daquele ruivo que estava sendo tão gentil comigo nos últimos dias, eu não teria como negar nada a ele, a verdade era a melhor coisa a se dizer nesse momento, o que incluía a verdade sobre os meus sentimentos. Eu preferi não dizer nada a ele até que sentássemos para comer, o que não demorou muito e tudo estava na mesa incluindo o café e as torradas.

- O que você quer que eu responda primeiro? - Perguntei com receio, se ele fosse direto ao fato de que eu desejava ele seria o pior de tudo, todo o resto era menos tenebroso.

- Por que você virou um gatinho e agora ta "normal"? - Eu sabia que aquele normal não era bem normal já que ele olhava fixamente as minhas orelhas felinas enquanto eu comia.

- Porque eu virei um gato depois humano eu não sei explicar... - Respirei fundo antes de continuar, me lembrando de tudo que o Alexy havia dito. - Mas... Alexy me disse que existe um feitiço sobre mim... E que... Eu vou me transformar lentamente em um gato permanentemente se o feitiço não for quebrado antes...

- E você realmente acredita nisso? - Ele perguntou totalmente incrédulo em minhas palavras, como se eu ter orelhas e um cauda, e depois virado completamente um gatinho não fosse real o bastante.

- Tem como não acreditar? Eu tenho orelhas e uma cauda... E ontem eu era um gato... - Meu olhar se desviou do dele quando senti minhas bochechas corarem levemente ao meu lembrar que como gato eu havia dormido sobre o abdômen do ruivo.

- É... Realmente você tem orelhas e uma cauda, toda essa história é estranha, mas não podemos lutar contra o fato... - Ele disse sério enquanto continuava a tomar o café da manhã. - E como desfaz essa maldição? - Simples e direto como sempre.

- Bem... O Alexy disse que o feitiço se quebra se eu me sentir amado... - Ok, eu não precisava dizer que ele precisava me amar para o feitiço ser quebrado, era um detalhe e talvez ser o gato de estimação do Alexy fosse ser o meu fim.

- E isso nos leva a outra pergunta, você gosta de mim? E não estava dando em cima da Debrah naquele dia? - Por favor pare de ser tão direto Castiel?! Nesse momento eu havia virado um pimentão de tão corado que eu estava, e tudo o que consegui fazer foi concordar com cabeça enquanto continuava a escutá-lo. - Então por que nunca me disse que você não deu em cima dela?

- Eu disse... Pelo menos dez vezes naquele mês...- Disse ainda sem encará-lo.- Mas você apenas falou que eu estava mentindo e que você tinha certeza do que havia visto... - Eu respirei fundo outra vez enquanto me lembrava de todas as vezes que ele havia gritado comigo quando eu tentei me explicar. - E quando você me deu um soco... Eu desisti de me explicar...

Sim na décima vez naquele mês que eu tentei falar com ele e tentei restabelecer a amizade que tínhamos ele havia me xingado mais uma vez e me dado um soco no estômago que me fez cair no chão. Enquanto eu apenas continuava a ouvir que eu era a pior pessoa do planeta pelo que eu havia feito e o quanto ele me desprezava e queria me socar até que eu morresse pelo o que eu, em tese, havia feito. Quando se escuta essas palavras de quem você ama seu único desejo é morrer, você tem a certeza de que é inútil para a pessoa e que nunca sentirá um pingo em retorno dos seus sentimentos.

- Me desculpe por tudo o que aconteceu aquele dia... - Ele disse com calma mas com real remorso em sua voz. - Foi naquele dia que havia terminado oficialmente com a Debrah, e eu achava que era sua culpa tudo o que havia acontecido... - Ele estava realmente arrependido pelo que ele havia feito, não havia como não desculpa-lo. - Eu deveria ter me desculpado antes, quando eu descobri a verdade, quando descobri que ela apenas me usou... Mas... Eu não sabia como fazer isso, e eu não queria aceitar também o quanto eu fui um imbecil com você por meses...

- Obrigado... Por me dizer tudo isso... - Eu disse com calma, voltando meu olhar ao ruivo, mesmo ainda sentindo minhas bochechas coradas. - Você cuidou de mim quando eu realmente precisava, acho que isso compensa os últimos meses.

Agora as coisas faziam mais sentidos, toda a mudança de atitude esdrúxulas dele quando viu as orelhas e cauda, ele estava tentando da maneira dele se desculpar por ser rude comigo tantas vezes. Depois de tudo o que havia acontecido naquele mês eu achei que ele não iria mais olhar na minha cara nunca mais, e que eu havia destruído qualquer chance entre nós, mas agora era diferente, eu sabia disso, e todas as atitudes dele gritavam que sua ex não era mais um problema entre nós.

A Maldição FelinaOnde histórias criam vida. Descubra agora