Nove. - Castiel

2.3K 238 181
                                    


CASTIEL

Eu provavelmente era o culpado pelo Nathaniel estar mais uma vez como um gato de estimação. Se o Alexy não tivesse basicamente me enxotado da casa dele, havia grandes chances de que eu pegasse o menor e o trouxesse comigo para casa. Eu me sentia mais do que péssimo pelo loiro estar daquela forma, passando por coisas que eu jamais conseguiria imaginar na vida.

Dragon estava deitado comigo na cama, era como se ele soubesse que eu precisava muito da companhia dele. E eu não conseguia negar como era relaxante fazer carinho nele, era como se tirasse o estresse que existia em todo o meu corpo.

- Eu sou um idiota, né? - Disse olhando para o cachorro que em resposta latiu. - Não era para você concordar! - Eu disse entre alguns risos, antes de ouvir o cachorro latir mais uma vez. - Não peço sua opinião para mais nada, Dragon! - O cachorro latiu mais uma vez antes de se aconchegar ao meu lado.

Estava confuso com tudo aquilo. Eu sentia algo pelo Nathaniel? Ou estava apenas me forçando a acreditar que sentia algo? Eu sentia culpa por tudo o que havia feito? Eu estava tentando me redimir dos meus erros daquela forma? Perguntas e mais perguntas era tudo o que havia em minha mente. Eu sentia a necessidade de ter uma conversa séria com o loiro assim que ele tivesse em condições.

Peguei meu celular no bolso para mandar uma mensagem para ele. "Nath, me desculpe pelo que você viu, mas te garanto que realmente foi apenas uma confusão. Queria que pudéssemos conversar. Assim que você se sentir pronto para isso." Não sabia quando realmente eu teria uma resposta, mas sabia que não seria aquela noite. Mesmo que eu não estivesse com sono, o melhor seria dormir.

***

- Me esquece Castiel! - Gritou o loiro comigo.

- Como assim Nath? - Eu não entendia porque ele falava daquela forma comigo. - O que eu fiz de tão errado?

- Além de brincar com os meus sentimentos?! - O menor continuava exaltado. - Eu fui amaldiçoado eu não fiquei burro!

- Mas Nath, eu não estou brincando com você! - Eu tentei me aproximar do menor, mas parecia que cada passo que eu dava, ele recuava dois.

- Não está?! - Ele parecia magoado, como se eu estivesse mentindo para ele, coisa que eu não estava. - Então como me explica essa foto que o Lysandre me mandou?!

Ele jogou o celular em mim sem pensar duas vezes, e eu tive que ser rápido para não deixar que o celular caísse no chão. Eu olhei imediatamente a tela do celular, e não conseguia acreditar no que via. Era uma foto minha, apenas de cueca deitado de bruços, dormindo na cama do Lysandre.

- E não esquece de ver a mensagem amável que seu namorado me mandou junto da foto! - O menor gritou.

"Preciso te mandar mais alguma prova de que ele não te quer?! Pare de tentar roubá-lo de mim!!!"

Eu não estava entendendo nenhum pouco aquela situação. Eu não me lembrava de ter dormido daquela forma na casa do Lys. Sim, eu havia dormido na cama dele inúmeras vezes, mas todas as vezes eu tinha certeza que estava vestido. Bem, todas as vezes que estava sóbrio eu lembro de ter dormido com roupa.

- Mas meu único relacionamento é de amizade com o Lysandre. - Disse com calma, procurando os olhos de mel que eu desejava me perder nesse momento.

- Então prove! - Mas os olhos de mel me olhavam com raiva, não conseguiria me perder neles, não enquanto o ódio estava presente.

Eu não iria discutir mais com ele, já havia sido discussão o suficiente. Se ele queria uma prova de que eu desejava cada pedaço daquele corpo perfeitamente desenhado, eu o daria. Deixei o celular sobre a mesa, e comecei a me aproximar lentamente do menor.

Cada passo que eu dava para frente, eu notava que ele dava dois para trás. Até que finalmente ele estava com as costas grudadas na parede, e seu peito colado no meu. Meu braço se apoiou na parede, ao lado da cabeça dele, enquanto minha mão pousava delicadamente em seu queixo.

- Você precisa de provas? Eu vou te dar quantas provas você achar necessário. - Meu olhar era penetrante, era como se eu pudesse ver dentro da alma dele. Como se todas as inseguranças dele fossem palpáveis.

Meu olhos se fecharam para finalmente meus lábios tocarem os do menor. Lábios macios e finos, totalmente diferente dos lábios de uma garota, e mesmo assim quentes. Meus dedos deslizaram de seus queixo para sua nuca, se enroscando em seus fios. Enquanto sentia seus braços se enrolarem em meu pescoço, eu podia sentir seus dedos em minha nuca, podia sentir meu corpo se arrepiar com suas carícias.

Nossos lábios tomaram uma leve distância. O suficiente para que nossos olhos se encontrassem uma vez mais. Havia sido apenas um selar, eu não queria forçar mais do que isso, eu não tinha certeza se ele queria mais do que isso.

- É prova suficiente? - Perguntei ainda perdido no universo dourado que eram seus olhos.

- Não... Eu preciso de mais para que... WOLF! - O quê? - WOLF! WOLF!

Eu abri meus olhos para ver Dragon em cima de mim latindo. O que eu havia feito de errado? Aquele sonho havia sido bom demais para ser verdade. E bizarro também. Eu sabia perfeitamente que Lysandre só tinha olhos para uma garota baixinha de cabelos brancos. Duvidava muito que eu fizesse o tipo de pessoa dele. Mas imaginar o loiro tão enciumado me deixava com um sorriso muito bobo nos lábios, pensando como ele ficaria com ciúmes na realidade.

Os latidos ainda continuavam em meus ouvidos. Foi então que finalmente dei atenção ao cachorro que achava que ainda era um filhote, porque ele estava em cima de mim!

- Dragon! Sai de cima! - Disse quase em gritos, batendo no colchão. E por sinal ele entendeu e saiu de cima de mim. - Que horas são?

Provavelmente era quase hora do almoço, se não, Dragon não estaria aqui me acordando em pleno sábado. Eu procurei o celular sobre o criado mudo, e por sorte ele estava ali. Olhei a tela confirmando que eram 11:48, e que o Nathaniel ainda não havia respondido minha mensagem.

Sai da cama com zero de vontade e me dirigi até a cozinha. Confirmei o que era mais óbvio que o fato do céu ser azul, a tigela de ração estava vazia, e a de água quase no fim. Não demorei nenhum pouco para encher os dois potes e ver o pequeno cachorro atacado tudo.

Por precaução estava com meu celular ao meu lado enquanto preparava qualquer coisa para comer. Eu estava ansioso para receber uma resposta do menor, saber que ele já estava bem, saber que já conseguia conversar nem problemas.

Meu sonho havia feito com que eu pensasse muito. Sonhos normalmente diziam coisas que nosso subconsciente pensava certo? Bem, de tudo que me falaram a vida toda sim. E também tem o fato de que eu gostei de encurralar o loiro na parede, gostei de sentir seus dedos em meu cabelo, gostei de sentir o sabor dos lábios dele.

Mesmo que tivesse completa certeza de que todos aqueles toques seriam completamente diferente quando acontecessem. Espera, quando acontecessem? Então, eu queria que aquilo se tornasse real, certo? No meu sonho não havia orelhas e nem cauda felina.

Eu desejava ter o Nathaniel em meus braços. Mas, eu poderia chamar isso de amor? Eu poderia fazer ele se sentir amado o suficiente para que todo o feitiço fosse desfeito?

Quanto mais eu pensava nos meus sentimentos, mais eu me sentia perdido. Acabei passando a tarde "assistindo" filme enquanto mexia no celular. Meu coração acabou dando um pulo que quase o fez fugir de dentro do meu peito quando eu recebi a resposta do loiro.

"Posso ir te ver amanhã de tarde? Umas 14h? Hoje eu realmente não estou bem ainda, me sinto muito cansado." Precisei de alguns segundos antes de responder o menor, meu coração batia com tanta força que estava doendo. "Claro, amanhã de tarde seria ótimo! E descanse hoje. Da outra vez você realmente estava cansado quando voltou ao normal."

De uma coisa eu tinha certeza, eu passaria o resto do dia ansioso por amanhã. Mas no momento, o sorriso bobo nos meus lábios provava que eu estava mais do que feliz. Ele já havia voltado ao normal, o loiro dos olhos dourados que eu adoraria repetir a cena dos meus sonhos.

A Maldição FelinaOnde histórias criam vida. Descubra agora