Onze. - Nathaniel

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NATHANIEL

A quantos dias eu estava fugindo do Castiel? Dois, talvez três. Eu não tinha certeza. Apenas sentia que se ficasse mais do que cinco minutos na presença dele eu iria surtar. Eu não conseguia deixar de lembrar como seus lábios eram quentes enquanto tocavam os meus. Como sua língua dançava perfeitamente junto da minha.

Sim aquele beijo foi algo que esperei por muito tempo, mas também foi tão repentino que me fez ter minha mente completamente bagunçada.

Eu queria começar com mais calma, de forma lenta, não ligava para a maldição mais. Desde que pudesse ter Castiel ao meu lado, mesmo como amigos. As coisas não começaram calmas, elas foram intensas.

Ficar na mesma sala de aula com o Castiel era uma tortura psicológica. Eu queria apenas sair da minha cadeira e me jogar nos braços do ruivo. Ao mesmo tempo que eu não tinha coragem de fazer nada.

Era quarta depois das aulas. Estava mais uma vez enrolado com toda a papelada que a diretora me passara. As vezes me questionava se eu não era um escravo que ela chamava de aluno para não ser processada pelos direitos humanos.

Pelo menos três vezes naquele dia eu havia dado uma desculpa para o Castiel e fugido. Já estava começando a ficar ridículo a minha situação. Eu havia ido atrás dele, indiretamente, mas havia ido. E agora fugia.

- Se você fugir de novo eu juro que te dou como lanchinho pro Dragon! - Disse o ruivo adentrando a sala do grêmio sem nenhuma delicadeza.

- Fugir? Eu não estou fugindo de nada. - Disse me fingindo de santo, algo que eu com certeza não era.

- Você está fugindo sim Nathaniel! - O ruivo disse parando em frente a mesa e colocando as mãos sobre a mesma.

- Não estou, apenas estava muito ocupado com as coisas do grêmio. - Disse enquanto apontava para a pilha de papéis que eu ainda não havia verificado.

Sim eu havia fugido dele várias vezes durante aquela semana, mas nem sempre a desculpa era uma mentira. Estava mais para uma meia verdade. Eu sempre tinha coisas para fazer no grêmio, apenas ocorria que nem todas as coisas eram urgentes.

- Eu matei aula essa semana e você não foi atrás de mim no dia seguinte para que eu assinasse o papel - Apontou o ruivo ainda irritado.

- Castiel você não é o centro do mundo, eu tinha assuntos mais importantes do que pedir para você assinar a folha de ausência. - Expliquei enquanto pegava uma das folhas. - Mas já que está aqui, pode fazer a gentileza de assinar?

O ruivo assinou a folha irritado, mas não demorou a voltar ao assunto inicial.

- Mas isso ainda não é motivo para você nem olhar para mim na sala de aula. - Ele continuava a reclamar.

- Se eu não estava olhando para você era porque eu estava prestando atenção na aula. - Continuei me defendendo. - Algo que você também deveria fazer.

O ruivo deu a volta na mesa e veio para o meu lado, virando minha cadeira para que eu ficasse de frente para ele. Ele se apoiou na mesa e abaixou seu tronco para que seu rosto ficasse da mesma altura do meu.

- Quantas desculpas você ainda pretende dar? - Perguntou o maior, com um olhar muito magoado.

- Eu não... - Tentei me defender mais uma vez mas fui interrompido por ele.

- Pare de dizer que não está dando desculpas, porque está. - Castiel dizia com uma voz chateada. - Antes de domingo você estava sempre de alguma forma perto de mim. Me pedindo para assinar minhas folhas de faltas, ou brigando comigo pelas minhas atitudes infantis.

Ele fez uma pausa desviando seus olhos dos meus. E eu apenas sentia que minhas bochechas estavam ficando vermelhas de vergonha.

- Se eu soubesse que iria piorar as coisas não teria te beijado.

Castiel estava chateado comigo. Isso estava claro. Mas dizer que não me beijaria me deixou com uma dor no coração. Um sentimento de vazio dentro de mim me invadiu. Eu não queria que ele pensasse assim.

O ruivo já havia virado de costas e começado a sair de perto de mim. Meu corpo agiu por impulso. Por medo de afastá-lo para sempre desta vez. Eu me levantei e segurei o braço dele, fazendo com que ele me olhasse mais uma vez.

- As coisas não pioraram. - Comecei dizendo com calma, olhando em seus olhos. - Eu não esperava pelo beijo. O dia tinha sido muito divertido, achei que... - Fiz uma pequena pausa para respirar. - Achei que as coisas iriam mais devagar.

Vi o olhar confuso que o Castiel me deu, e tentei continuar me explicando rapidamente.

- Eu apenas não estava preparado que as coisas fossem avançar rápido... Eu... - Respirei mais uma vez fundo juntando coragem para continuar falando. - Eu apenas estava fugindo porque estava com medo de acabar te agarrando no meio do corredor.

Abaixei meu olhar envergonhado, minhas bochechas deveriam estar mais vermelhas do que o cabelo dele. Eu não conseguia manter o olhar, não conseguia aguentar o fato de que ele me encarava com uma expressão complexa demais para alguém que não queria olhar muito entender.

Eu soltei o braço dele e tomei uma pequena distância dele. Imaginando que ele não iria mais me querer por perto dele.

Mas para a minha surpresa vi que o Castiel deu um passo mais perto de mim. Sua mão quente tocou meu queixo me fazendo erguer o rosto, e ver que agora seu olhar emanava luxúria. A outra mão livre dele tirou a toca que eu ainda usava para esconder as minhas orelhas.

E então deslizou com a mão pelo meu cabelo, parando na minha nuca. Com um carinho delicioso que me faria ficar ali para sempre se ele quisesse. Meu corpo acabou se mexendo sozinho, fazendo com que minhas mãos parassem na cintura dele.

Seus lábios se encontraram com os meus, em um selar calmo. Senti ele apertar um pouco o meu cabelo, o que me fez soltar um pequeno gemido em prazer. Meus lábios se abriram levemente quando senti sua língua pedir passagem.

Uma dança calma começou entre nossas línguas, como se a necessidade fosse palpável. Uma necessidade de ter o outro junto. Mas uma necessidade calma, e não desesperada.

A mão que segurava meu queixo desceu por meu corpo, parando em minha cintura. Com um aperto forte, me senti mais grudado ainda ao corpo do maior. Minhas mãos passeavam por suas costas, como se eu quisesse tatear cada músculo dali.

Eu não queria desfazer aquele beijo, queria continuar sentindo aquele gosto delicioso de cereja que ele tinha. Um gosto delicioso e viciante. Mas por mais que ele estivesse se tornando um gato, o oxigênio ainda era algo necessário para a sobrevivência.

O beijo continuou com mais alguns selares calmos. Minhas bochechas estavam coradas, e eu sentia meu peito subir e descer mais rápido do que ele deveria.

- Não tem gosto de pizza dessa vez, mas ainda é delicioso. - O ruivo disse.

E como se fosse possível, minhas bochechas estavam mais vermelhas ainda. O calor do meu corpo provavelmente era maior do que eu imaginava. Eu queria ignorar aquele comentário que me envergonhava e me perder outra vez em seus lábios.

Mas não foi bem assim. Era Castiel no fim das contas. O ruivo não demorou a sair pela porta, me deixando ainda atordoado pelo que acabou de acontecer.

A Maldição FelinaOnde histórias criam vida. Descubra agora