Capítulo 10

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Anahi parou em frente ao King's Fort Inn, desligou o motor e permaneceu por um
minuto dentro do carro com as mãos no volante.
- Ao menos, tentamos - disse, fitando os olhos azuis condescendentes de Larry. - Espero
que o seguro esteja pago.
- Acha que ele vai ficar tão bravo? - perguntou Larry.
Ela respirou fundo.
- Eu não tinha permissão para ir atrás de você - admitiu. - Acho que tenho idade suficiente para tomar minhas próprias decisões, mas Poncho não concorda.
Vou proteger você prometeu, sorrindo e apoiando a mão sobre a dela, no volante.
Ela não pôde retribuir o sorriso. Pensar que Larry podia protegê-la de Poncho era hilário. Ainda chovia quando entraram no hotel e Anahi colocou o casaco sobre a cabeça para se proteger da chuva. Ela riu ao parar debaixo do toldo para recuperar o fôlego.
Ele sorriu para ela com seu cabelo vermelho encharcado.
- Foi ótimo encontrar você aqui!
- Nem tanto - riu, tentando arrumar o cabelo. - Devo estar parecendo uma bruxa.
Ele balançou a cabeça, negando.
- Está maravilhosa, como sempre.
- Obrigada, cavalheiro. - Ela olhou rapidamente para a entrada do hotel. - É o único hotel da cidade suspirou , e tenho certeza de que vamos escutar comentários, mas é só ignorá-los e continuar subindo as escadas. Vamos fingir que não conhecemos ninguém.
- Essa cidade não é tão pequena assim - ele disse. Ela sorriu sem jeito.
- Não, mas a matriz da fábrica de tecidos fica aqui e todos conhecem a minha família.
- Devia ter imaginado. Desculpa.
- Não tem problema. Vamos? Podemos pegar a mala depois.
Ele a seguiu pelo lobby.
- Como você vai fazer para trocar de roupa? ele perguntou.
Ela balançou os ombros.
- Acho que não vou trocar... Sua voz sumiu e ela ficou totalmente pálida.
Larry lançou-lhe um olhar confuso. Ela olhava fixa-mente para um homem alto que lia o jornal perto da janela. Ele parecia um pouco cansado, como se estivesse sentado ali por muito tempo. Mesmo de longe, parecia ameaçador. Enquanto Larry observava a cena, ele largou o jornal, levantou-se e andou em direção a eles.
Larry não precisou que ninguém lhe dissesse quem era o homem, já sabia. Anahi
parecia muito apreensiva.
- Poncho, imagino - arriscou em voz baixa.
Anahi não conseguia dizer nada. Poncho colocou as mãos nos bolsos e, sem nenhuma
emoção em seu rosto, perguntou:
- Pronta para ir para casa?
- Como... você me encontrou? - sussurrou ela. Ele a encarava com olhos escuros.
- Poderia encontrá-la até em Nova York na hora do rush - respondeu. Seus olhos ferozes
encararam Larry e o homem mais novo lutou contra a vontade que sentia de recuar. Pensava já ter conhecido todo tipo de gente, mas não havia ninguém como aquele homem. Autoridade fazia parte dele, como a calça marrom que apertava suas coxas ou a camisa vermelha que evidenciava seus músculos.
- Donavan, não é? - perguntou Poncho rispidamente.
- S... sim, senhor. - Larry sentia-se como um menino. Poncho Herrera lhe intimidava e
sabia que não havia causado uma boa impressão.
- A ponte está inundada - disse Anahi.
- Eu sei - respondeu, caminhando em direção à saída, esperando que o seguissem.
- E o meu carro? insistiu Anahi.
- Tranque-o e deixe-o aí. Quando o rio baixar, alguém vem pegá-lo.
Anahi olhou para Larry sem saber o que fazer. Ele balançou a cabeça afirmativamente
e os deixou em frente ao hotel.
- Vou buscar minha mala e tranco o carro para você disse.
Ela permaneceu ao lado de Poncho, inconformada e tremendo de frio.
- Por quê? - ele perguntou. Essa única palavra fez com que ela quisesse chorar.
Ela soltou um suspiro.
- É tão perto de carro.
- Há vários avisos de furacão - disse, encarando-a e tentando esconder sua fúria.
Ela desviou o olhar.
- Como vamos chegar em casa? - perguntou sem forças.
- Vou ter que deixar você e seu namorado irem andando - respondeu friamente, olhando para o tráfego, na rua molhada.
Ela olhou para seus sapatos molhados e de volta para ele. Estava apenas com um
casaco leve por cima da camisa e sem capa de chuva.
- Você não tem guarda-chuva? - perguntou, gentil. Ele encolheu os ombros, sem fitá-la.
- Não tive tempo para procurar. - Seus olhos a encaravam e seu rosto era duro. - Tem idéia de há quanto tempo estou aqui preocupado sem saber onde você estava? perguntou, ríspido.
Ela esticou o braço para tentar tocar a manga da camisa dele.
- Sinto muito, Poncho, muito mesmo. Eu queria ligar, mas tive medo de... - De repente,
percebeu novos traços o rosto dele. - Estava preocupado mesmo? - indagou. Ela sentiu a mão em seus cabelos, um gesto carinhoso, porém indelicado.
- O que você acha? - Seu rosto pareceu relaxar um pouco ao olhar para aqueles olhos doces. - Estava louco de preocupação, Any - sussurrou tão documente que o coração dela derreteu.
- Poncho...
-- Cheguei - disse Larry, com a mala nas mãos. - Está trancado.
Anahi cruzou os braços e tentou mostrar-se calma.
- Como vamos atravessar o rio?
- Aluguei um helicóptero.
Ela sorriu. Ele sempre simplificava até mesmo os problemas mais difíceis.

Manha de outono AyA - ADP (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora