O aparecimento

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De repente, em um campo aberto coberto de grama alta e algumas árvores, as materializações começaram. Primeiro um flash de luz e uma sombra em seu interior, que tornou-se sólida. Uma pessoa. Várias pessoas. Elas olhavam as próprias mãos, suas vestes e o lugar em que estavam. Demorou alguns minutos até fazerem os primeiros movimentos. Os Flashes não paravam e a cada minuto apareciam dezenas de pessoas em todas as partes daquele lugar. Zoni, um dos materializados, olhava para o céu: azul sem nuvens, um sol imenso e alguns pássaros voando. Ao menos pareciam pássaros. Não demorou até começarem as conversas e interações com o ambiente.

- Zoni? - disse uma voz atrás dele.

Ele se virou rápido e ficou impressionado com a leveza do próprio corpo.

- Opa.

Era uma mulher com a mesma armadura que ele, mas alguns ajustes para se adaptar ao corpo feminino.

- Sabe onde estamos? - ela perguntou, baixando-se e arrancando um pouco de grama.

- Em algum lugar de Pritium, acho.

- Hmmm... já reparou nisso? - ela apontou para o chão.

- O que é que tem? - ele olhou, mas não viu nada diferente.

- A grama que eu acabei de arrancar cresceu de novo. A que arranquei segue na minha mão. Vê? - ela lhe deu a grama.

- Interessante. A grama será considerada um recurso? Preciso fazer alguns testes - Zoni saiu caminhando

-Ou! Nos vemos por aí!

- Certo. - ele disse, meio que desinteressado.

- Então até mais. - ela caminhou na direção oposta.

Depois de alguns minutos de caminhada, Zoni chegou a uma árvore solitária. Ela era um tanto alta, com cerca de seis metros de altura e um tronco fino. Zoni encostou a mão nela. Parecia, de fato, uma árvore. A textura da madeira era incontestável. Aquilo era muito real. Ele arregalou os olhos e um pensamento veio à mente, mas foi repentino demais para ser mantido somente na sua cabeça, sem que a língua se envolvesse na história, o que ocasionou uma fala:

- Como ela sabia meu nome?

Ele olhou em volta: mais e mais pessoas aparecendo. Fixou os olhos em uma delas e viu, acima da sua cabeça, um nome. Além do nome, havia uma designação, em letras menores, abaixo: "aprendiz". Quando Zoni estava perto o suficiente, analisando a cabeça do homem e passando a mão acima dela, o rapaz disse:

- What are you doing?

- Calma aí cara, to só checando esse título aqui.

- English please. - ele disse

Zoni olhou para o rapaz, branco de cabelos escuros e estatura mediana.

- Where you come from? - ele perguntou, com um sotaque típico das galinhas.

- USA, buddy. You?

- Brasil. I got to go, sorry. - Disse Zoni, afastando-se dele e indo em direção a outras pessoas, recém chegadas.

- Olá? Hello? - tentou ele, para o primeiro que viu.

As palavras que a pessoa disse, ou tentou dizer, eram de um idioma que Zoni nunca antes ouvira.

Ele entendeu a lógica. O mundo inteiro estava conectado. Por isso tantas pessoas chegavam. O mundo se unia ali. Ao mesmo tempo que isso parecia legal, poderia se tornar um caos, já que boa parte dele não ia se entender.

Zoni voltou para a árvore, agora rodeada de pessoas tocando-a.

"Deve ter alguma maneira" ele pensou.

- Menu! - tentou

Uma imagem apareceu na sua frente, em verde. Ela era simples, com bordas cor de cobre semi transparentes. Tinha 5 opções em verde vivo e 2 em cinza: Inventário, Status, Mensagens, Configuração e Aliados em verde e Grupo e Guilda em cinza.

- Interessante. Vejamos Status. - Clicou no ícone, com um desenho de DNA modificado, meio preto, meio verde.

Uma imagem dele mesmo apareceu, semi transparente, com diversas estatísticas ao lado. Ele era nível 1. Sua vitalidade era de 100. Todos os outros status, o que incluia força, agilidade, sabedoria, destreza, sorte, mana, vigor, inteligência e mágica estavam zerados.

- Fascinante. Sou um noob.

Um alarme interrompeu a proclamação. Parecia uma campainha, mas tocava dentro de sua cabeça, como um pensamento. Um símbolo em forma de sino surgiu não exatamente a frente, mas no canto superior direito de sua visão, quase entrando na linha da visão periférica. Zoni apontou seu dedo e clicou. Era uma mensagem. Todas as pessoas ao redor receberam a mesma notificação. Verdade seja dita: para quem via de fora, parecia um bando de idiotas tentando tocar o vento.

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