O Primeiro ataque

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A mensagem, ao ser tocada, gerou um vídeo holográfico fabuloso, repleto de cores vivas.

SEJA BEM VINDO AVENTUREIRO. ESCOLHA UMA ARMA!

O vídeo holográfico mostrou três armas: uma espada curta, de um aço muito bonito e um cabo cinza adornado com um leão, um cajado de madeira comprido, com a cabeça de uma coruja esculpida na ponta e, por fim, um arco simples, sem qualquer adorno.

"Clichê" ele concluiu, apontando o cajado. O vídeo foi ficando mais transparente até desaparecer, deixando apenas o cajado, mais sólido do que nunca, flutuando a frente de Zoni. Ele o pegou, da mesma forma que todos os outros jogadores pegaram suas armas.

Acima de todos, numa parte do céu, um cronômetro surgiu, e, abaixo dele, as palavras: PREPAREM-SE. SUAS HABILIDADES ESTÃO DISPONÍVEIS.

"00:01:00"

"00:00:59"

"00:00:58"

...

Zoni olhou para o cajado em suas mãos. Era pesado e realmente não parecia poderoso. "Deve ter algo por aqui" pensou.

— menu!

"00:00:57"

"00:00:56"

— AHÁ — ele disse,tocando o novo menu que aparecera: "habilidades"

O menu continha várias linhas, mas apenas uma magia estava liberada: faísca.

— Faísca? Tá. — Ele disse para si mesmo, apertando na habilidade

Um pequeno menu surgiu com as seguintes informações: Faísca, habilidade nível 1, dano baseado na mágica do usuário, suporta 3 acúmulos, sem custo de mana, 1 minuto para relançamento.

"00:00:15"

"00:00:14"

O clima era de aflição. Todos empunhavam suas armas e tentavam estudar sua habilidade o mais rápido possível. Enquanto isso, Zoni planejava, após tudo aquilo, queimar algumas formigas aleatórias com sua incrível habilidade.

O cronomêtro zerou e o silêncio prevaleceu. Abaixo do contador, outra informação surgiu. Uma caixa vazia com os seguintes dizeres ao lado: mortes.

Uma música tocou. Era sombria e ajudou a aumentar o medo que já havia se instalado quando o cronômetro apareceu. O dia virou noite e a visão quase se perdeu, não fossem as estranhas bolas de fogo que formaram-se em várias partes do lugar, cerca de quatro metros acima do chão. Alguns segundos depois, um grito percorreu o lugar.

— AAAAAAAAAAAAAAH

Feminino, agudo e longo.

Não houve tempo para absorve-lo. Braços de ossos brotaram do chão, que, com sua grama alta, não permitia localizá-los. Diversas pessoas desapareciam. Boa parte conseguia levantar-se. Outras não. Os gritos intensificaram-se. A caixa de mortes junto ao cronômetro mostrava agora o número 8, com uma sugestiva caveira branca ao lado.

Zoni, com sua coragem quase transbordando de seu corpo, observava os acontecimentos de cima do galho mais alto que encontrara na árvore do campo, que ele escalou tão rápido quanto uma garrafa de café matinal esvazia num escritório contábil. Mas ele não era o único. A árvore estava coberta de bravos guerreiros que viram nela a oportunidade de não serem tão bravos assim.

...

A cerca de 500 metros da árvore, vários esqueletos desenterrados cercavam um grupo de três aventureiros. Eles estavam de costas um para o outro e portavam espadas, apontadas para os esqueletos.

Todos conhecem o aspecto de um esqueleto, mas os do campo eram peculiares. Suas estaturas eram de homens comuns, com seus 1,75m, porém suas mãos eram vermelho rubro com garras negras e longas. Seu corpo era amarelado. Chamas alaranjadas ardiam onde deveriam estar os olhos, ou, neste caso, onde não deveria ter nada além de dois buracos. Estava longe de ser o típico esqueleto dos jogos, que aparecia num cemitério, era branquinho, dropava o item "osso" e fazia parte de uma missão chamada "Primeira aventura".

A caixa de mortos agora marcava 42.

Os três aventureiros, cercados, não demonstravam medo. Na verdade, seus rostos permaneciam intransponíveis.

— Preparem-se — disse um deles, negro de cabelos curtos e encaracolados.

— Sim —respondeu outro, branca com longos cabelos negros.

— O último deles não disse nada, apenas concordou com um leve aceno de cabeça. Para fins de harmonia textual, vale citar que ele não tinha cabelos.

Os esqueletos mais a frente investiram contra eles, que esquivaram-se dos golpes e contra atacaram golpeando-os nas pernas, que desmembravam-se do corpo, fazendo com que tombassem, mas não morressem*, já que continuavam se movendo com a tradicional persistência dos mortos. Os aterrorizantes esqueletos continuavam atacando. Os aventureiros aplicavam bons golpes, mas os mortos não paravam de surgir, acumulando-se cada vez mais ao redor deles. Dois esqueletos mais ousados atacaram o rapaz negro, o mais habilidoso entre os três. Ele se esquivou do primeiro golpe, mas o segundo atingiu seu braço com uma mordida. A barra de vida do aventureiro caiu pela metade. Com um grito de dor, ele tentou recuar para mais perto dos outros dois, mas não houve tempo. Foi pego pelas pernas e arrastado para o meio dos monstros, que mataram-no com arranhões e mordidas. Os outros dois aproveitaram a chance e fugiram, derrubando alguns esqueletos no caminho. O problema é que não havia para onde correr. O campo aberto e mal iluminado estava tomado. Esqueletos, sangue e gritos.

*Teoricamente um esqueleto já está morto, mas consideraremos morrer o fato de ele ficar incapacitado de se mover e combater. Façamos uma analogia com as abelhas, que, mortas, ainda liberam seu ferrão caso toquem nele. O esqueleto, por sua vez, morto, anda por aí matando coisas, obedecendo invocadores sagazes e, ocasionalmente, atuando em peças teatrais dramáticas. É quase a mesma coisa.

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