Sangue e Amor

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Não posso esquecer como era bom, dormir e sonhar com a condessa.
Eu era bem jovem quando comecei a receber essa visita ilustre.
Eu ainda não conhecia realmente uma mulher ou o seu corpo. A Condessa foi a primeira.
Nós conhecemos em um lago, ao cair da tarde, eu estava sentado em um dos muitos bancos naquele parque, ela pediu licença e sentou-se ao meu lado.
Fez um comentário sobre as aves que nadavam no lago.
Eu estava um pouco longe, não sabia de certo o motivo.
Ela sentou mais perto, e tocou minha mão, perguntou se eu morava próximo.
Achei bem estranho, uma mulher falar comigo.
Então passamos um bom tempo falando sobre nós. Foi então que acordei.
Passando o dia a pensar na mulher do meu sonho.
Rezava para que o dia não se demorasse, e pensava que podia voltar a falar com aquela mulher.
Ia cedo pra cama, esperar o sono abater-me e ser arrebatado pelo carinho da Condessa.
Estávamos em um casarão, perto de uma das janelas em uma sala, olhando o bosque no fim dos muros.
- Acho que poderiamos desfrutar esse momento em meu quarto, tenho a melhor vista desta casa.
Subimos por uma longa escadaria, até uma porta esculpida.
Ela empurrou a porta e com gesto pediu que eu adentrasse o aposento.
- Então esse é seu quarto? Realmente tens razão quanto a vista daqui.
- Mandei que deixassem minha cama na frente da janela, assim tenho sempre a impressão de acordar flutuando. Hoje irei mostrar-lhe como é essa sensação!
Deitamos enquanto nós perdoamos na paisagem, ela segurava minha mão. Naquela noite passei a saber o que as mulheres tem por baixo das roupas. Foi um sonho estranho, sentia cada mordida nos lábios e arranhões em minhas costas.
Acordei com o lençol ensopado de suor e sujo de sangue.
Escondi tudo, até que pudesse lavar sem ser notado.
Na época frequentemente ia a um centro espírita, um dos médios havia dito que eu estava com problemas, que minha namorada não era quem eu realmente via.
Lógico que fiquei bem assustado. Mas rezava mesmo assim que chegasse logo a hora de cair na cama.
Na terceira noite, tudo foi bem mais realista, uma diversidade de cheiros, gostos e sensações.
Não sabia se ao certo quando a condessa estava por cima de meu corpo, se aquilo realmente seria um orgasmo, mas minha cama mostrava que era real cada experiência vivida.
Estava pior a cada noite, sentia mais e mais vontade de estar com ela.
Em uma certa noite a coisa mudou, depois de tudo que vivemos, tanto sexo que fizemos.
Ela me fazia entrar em um frenesi, e os lençóis ficavam limpos no dia seguinte.
Fui ao centro me consultar com o mesmo médium, a entidade ali presente, relatou que essa coisa era difícil de explicar. Que naturalmente eu teria de fazer alguma coisa pra essa mulher sumir dos meus sonhos ou ela iria me levar qualquer dia, iria me matar.
Fui pra casa, e não estava nem um pouco animado com a ideia de dormir.
Estava vivendo um filme de terror. Como essa maldita entra em meus sonhos, trepa comigo, me faz gozar, me deixa aproveitar de seu corpo. Mas de verdade ela não existe ou existiu em algum lugar ou época desconhecida. A entidade disse que era normal ela fazer isso com quem ela escolhia.
Reuni alguns símbolos religiosos, espalhei por todo o quarto antes de deitar.
Parecia que eu havia dormido de olhos abertas, eu realmente estava vivendo aquilo e o espírito se assim pode ser chamado queria foder literalmento comigo.
A filha da puta estava só de calcinha, mas desta vez o senário era em meu quarto. As cruzes que eu havia posto perto da cama, quebravam e caiam sem ninguém ter tocado.
Ela parecia estar com raiva, entrando batendo a porta ao canto, gritava igual uma louca.
Estava me acusando de ser impostor e de não ser certo para viver o amor verdadeiro ao seu lado.
Falei sobre a entidade e tudo o que havia me dito que aconteceria.
- Seu idiota, te dei tudo que nenhuma mulher vai te dar. Você pode viver em um castelo, ter a mulher mais bela que irá ver nessa merda de vida mortal. Mas não você tinha que achar que é esperto, buscar outro homem que passou em minha cama, que fiz gozar e que me deu  fruto inesperado.
Eu jamais imaginei que um espírito pudesse gerar alguma, pior ainda  um filho.
Ela se despiu e começou a passar as mãos pelo seu corpo, me chamava e pedia para que fossemos para cama.
Fui envolvido pelo encanto e beleza, caímos na cama.
A desgraçada me fez gozar logo de cara, então consegui ficar por cima. Enquanto fazia sexo com aquilo que parecia uma mulher, busquei na parte de cima da cama perto de uma prateleira, havia uma cruz de madeira.
Fiz um momento para pôr as mãos atrás de minha cabeça e larguei a cruz pelas minhas costas.
Deitei meu corpo no dela, começando a beijar seu pescoço, seus seios e barriga, abri suas pernas. Comecei passando a mão, sentia que cada vez mais ela ficava molhada.
Ela se contorcia, quase rasgando os lençóis e o colchão com as unhas.
Com um movimento rápido entroduzi a cruz em sua vagina.
Um grunhido acompanhado de uma gargalhada estrondosa.
A cruz sumiu no corpo estranho que havia sob minha cama.
Ela começou a mudar, a pele caia como se estivesse sendo queimada, um odor de fezes e urina saia de seu corpo.
Aquele ser esticou a mão, não tinha como fugir, estava em cima daquilo.
Tocou meu pescoço com a boca, parecia ter lançado um ácido.
Tentei pular da cama para fugir dos ataques.
Não sei o que houve, mas acordei quando cai perto da janela que fica bem afastada da cama. Minha cama estava sangue puro, não sei se era meu ou era da tal condessa.
Depois disso nunca mais sonhei, ou não me lembro. Acordei com o que pode se dizer a marca do demônio.
Um arranhão no peito e algo que parece um beijo em meu pescoço.
Cuidado com quem entra em seus sonhos!

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