Estamos morando aqui tem uns dois anos eu acho.
Minha mãe conta que essa casa era do pai do avô dela. Acho que o velho tinha uma pegada estranha pras coisas.
Tem um quadro na sala que dá arrepios, parece que te segue com os olhos.
O velho não tinha o olho esquerdo, uma cicatriz no canto da boca.
Tivemos que vir morar aqui pela falta de emprego da mãe.
Eu sou um tanto quanto curioso, logo que achei o quarto aqui em cima. Fiz um reconhecimento na casa. Tem um armário feito dentro da parede, tem uma parte no fundo dele que solta, vira uma entrada para um outro quarto.
Acredito que aqui estavam guardadas as coisas do antigo velho na foto da sala.
Ainda existe móveis lá, restos de papel colado em partes nas paredes, tem um gigantesco baú que virou banco.
Sempre estou por aí, procurando, descobrindo.
O baú é pesado, sozinho não iria poder vira-lo.
Tive que contar para meu irmão mais velho, para que ele virasse o baú. Achei uma chave estranha ao lado de um livro, escrito a mão.
Não sabia que existia tanta coisa estranha.
O livro está cheio de animais que eu nunca vi, plantas mais estranhas que os animais.
E a chave que não há na casa uma fechadura que ela sirva.
Na parte atrás do terreno, tem uma árvore que parece estar no livro, sendo que existem as diferenças. Os galhos na árvore são maiores no livro. Posso notar que pelo livro é a mesma árvore. Tem um estranho monumento retratado.
Eu só achei o que seria o pé dessa escultura.
***
Meses depois voltei perto da árvore, para examinar com mais atenção o pé onde havia um monumento parecido com um tecido voando.
Nessa base, tinha uma estranha escritura em símbolos.
A maior parte deles eram pentagramas invertidos. Não sei bem o motivo disso, mas tinha esperança de encontrar um tesouro ou algo valioso.
Então limpei a base com uma das mãos, retirando a poeira e areia acumulados com os anos.
Antes da base encostar no chão, havia uma espécie de altar, pelo desenho no livro ficava atrás da escultura.
Estava um tanto gasto o metal nesta parte, parecia haver alguns arranhões, como se aquele ponto fosse bastante usado.
Olhei mais de perto, notei que era uma espécie de peça protetora.
Por baixo dela uma fechadura.
Tentei colocar a chave ali, mas ainda faltava alguma coisa.
A chave era de estágio, cada parte inserida dava uma volta no miolo da fechadura.
Ao chegar no último estágio da chave, uma rajada de vento do interior da fechadura soprou com voracidade. Aquilo me congelou, como algo escondido por tanto tempo, faria aquilo ao tentar ser aberto. Talvez haja uma outra abertura, que faz o ar soprar assim.
A base deu lugar a uma escada caracol. A escuridão e teias de aranha era tudo que podia ser visto pela claridade inserida.
Deixei aberto enquanto voltei a casa para apanhar uma lanterna.
Quando retornei a base estava abaixada de novo e trancada.
Como poderia ser trancado se eu estava com a chave?
Então desci o que parecia um local secreto.
Assim que meus pés tocaram o chão do Interior do buraco. Um som gutural estrondoso, me fazendo pensar em voltar pelas escadas ao jardim, e mais uma vez a rajada de ar. Pior que dá primeira vez, toda a poeira foi projetada fazendo com que me abaixa-se buscando abrigo.
Com as mãos a frente das vistas, notei algo se mover rápido no que parecia o fim do túnel.
Quando pude tirar a mão das vistas, notei que uma parede próxima, mais ou menos uns cinco passos. No chão, mais uma escotilha.
Sendo que dessa vez a chave estava pendurada na parede.
Não pensei duas vezes, peguei a chave e tentei abrir a próxima passagem.
Uma gargalhada vindo das profundezas do local aberto. Luzes, sons de coisas caindo, algo de metal bastante pesado sendo arrastado.
Não sabia se descia ou corria para lacrar tudo.
Chifres saiam do buraco, acompanhado por mãos as suas bordas, um tom acinzentado como galhos secos, uma pele escamosa. Aquela face enrugada, usava uma coroa, ornada com pedras e joias presas.
A mão estendida a minha direção, unhas negras com pontas amoladas.
- Eres mortal?
- Quereis tu minhas riquezas ou quereis o conhecimento dos tempos?
Aquilo falava, piscava e parecia estar vivo.
- Estou vivo pobre humano, mais vivo que possas imaginar!
- Podeis chamarem de Seir!
Sou o demônio do conhecimento, podeis eu tornarte rico, podeis ver gemas e tesouros escondidos e dizer-te se quereis. Me liberte e irei recompensar por tal feito!
- O...oque faço para te libertar?
- Dai as chaves e um tufo de seus cabelos e sangue senhor! Assim serás rico e sabio tão rápido quanto a podes pensar!
Não pestanejei, usei uma das chaves para cortar o pouco de cabelo e furar um dos meus dedos, entreguei como foi pedido.
Então ele foi saindo vagarosamente do buraco, gargalhando, estendeu mais uma vez a mão para obter o que havia pedido.
- Já sois sábio, fizeste uma ótima troca senhor!
Entreguei como foi pedido. Como instantâneo um brilho quase cegante dourado, partia do buraco por trás da estranha criatura.
- Tereis meu reino, tereis a sabedoria de todos os mortais, tereis a riqueza de dez legiões, tereis a força e a força que tenho, tereis de viver preso como eu, tereis senhor o tempo para pensares e buscares uma alma para viver em teu lugar.
- Mais falaste que eu teria riqueza e sabedoria!
- E já tens senhor, olhai por si mesmo, não notas a mudança em teu corpo?
Fui empurrado para o buraco, trancado e esquecido pelo tempo, obrigado a ser esquecido pela ambição!
E o demônio que liberei da sua prisão viveu em meu lugar, com minha família, com meu corpo e aparência.
- Rogo a vós que tomeis cuidado!
Isso estava escrito na última página do livro.

VOCÊ ESTÁ LENDO
DISTÚRBIO
TerrorReservei os piores contos e os mais perturbadores. se você quiser dormir esta noite não abra esta porta. Tenha total ciência que pode e consegue apenas ler, sem deixar as criaturas do obscuro entrar em suas mentes.