03:00 AM.
Deslizo para dentro do cômodo escuro sem propagar um ruído sequer. A porta branca permanece entreaberta e a luz fraca do corredor rasga parte do quarto com um feixe luminoso.
Mesmo no escuro total, uma estranha sensação familiar me traz paz.
Paro ao chegar em frente a cama.
Possuo uma faca de cozinha em minhas mãos.
A lâmina brilha ao ser beijada pela luz. O sangue que pinga da mesma também está em minhas mãos. O lençol vermelho — outrora branco — pinga em meus pés, os manchando pelo líquido carmesim.
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Me agarro ao sofá, ofegante. Os esforços que fiz para acordar fazem o descanso que tive ser em vão — novamente. Suor frio cai pelo meu rosto. Limpo a testa com as costas da mão, prendendo o cabelo bagunçado em um coque improvisado em seguida.
O mesmo pesadelo, mais uma vez.
De todas as vezes que tentei dormir essa noite, todas as vezes o tive.
Estou esgotada e perturbada.
Uma sensação estranha mexe com o meu corpo. As imagens do pesadelo se fixaram na minha mente. É como se eu entrasse em um cômodo, e ao tentar sair pela porta, me deparasse com o mesmo lugar. Uma prisão mental. A mulher na construção, as celas, o homem na clareira. Tudo me atinge como um soco no meio da cara.
Jeff me fez assassinar John. De certa maneira, sei que terão outras vezes. Não sei se vou conseguir aguentar — minha mente já está em ruínas. O desesperado e melancólico olhar de John ainda está fixado em minha mente. Sinto-me nojenta e impura, ainda com resquícios de seu sangue por debaixo de minhas unhas.
E agora, sozinha nessa maldita casa, vejo que ironicamente, consegui o que sempre quis: me afastar de tudo. Completamente sozinha, com os próprios pensamentos dessa minha mente fodida.
Isso. É. Ridículo.
Tudo parece dar errado na minha vida. É como se, desde sempre, eu não me encaixasse em lugar algum. Como se Deus não houvesse traçado um destino para mim. Apenas vago por aí. Uma sem-destino. Ninguém vai se lembrar de mim se algo acontecer.
Sou apenas mais uma vítima dele.
Tudo deu errado até eu chegar aqui. E tudo vai continuar dando errado. É uma questão de tempo até ele vir aqui e me assistir sangrar feito um animal indefeso.
Fito a lareira, melancólica.
Droga.
Meus olhos já estão inchados e doloridos de tanto chorar.
Mesmo se eu escapasse daqui, não haveria nada me esperando lá fora.
Afundo ainda mais no sofá e suspiro.
Uma porta é fechada violentamente, fazendo até mesmo a parede atrás de mim vibrar. Levo minhas mãos até a boca, assustada.
Seguro a respiração ao ouvir o arrastar das suas botas.
Jeff não tem me visitado por dias.
Diferente do que imaginei, o som se afasta até um cômodo próximo. Escuto gavetas se abrindo bruscamente e o som de coisas sendo arremessadas ao chão. Seja lá o que houve, ele tem pressa.
Pouco tempo depois minha porta se abre de uma forma tão desesperada quanto a primeira.
Jeff entra como um furacão. Seu moletom branco encharcado de sangue. Ele está eufórico. Agarra o meu pulso com sua mão trêmula, esta coberta por sangue seco.
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A Nova Proxy | Jeff The Killer {EM REVISÃO}
FanfictionOBS: fanfic inspirada em "A Prisioneira do Jeff The Killer". --------------- Parece uma grande piada mórbida do Universo. Dia após dia, eu traçava lentamente o meu fim, enquanto achava que estava o adiando. E agora, todos os minutos que permaneço v...