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12 de janeiro de 2019

Por mais bobo que parecesse, Osmond não conseguia acreditar que ela estava mesmo ali, olhos acesos como os primeiros raios de sol da manhã e cabelos tão desgrenhados que parecia que ela tinha acabado de acordar. Toda de preto e arfando, Angel aparentava ter corrido uma maratona até a porta da casa dele. Ou voado o céu inteiro.

E Osmond não conseguia parar de sorrir, por mais sério que tentasse ficar ou por mais que tentasse controlar seus sentimentos, eles escapavam atrevidos e o faziam sorrir bobo daquele jeito e desviar o olhar dos olhos dela e passar a mão nos cabelos e ficar sem ar o tempo todo.

- Ei... - ele a cumprimentou, abrindo-lhe a porta e a convidando a entrar.

- Você - Angel brincou.

Ela entrou e olhou ao redor com admiração.

Okay, agora Osmond absolutamente não sabia o que fazer. Deveria abraçá-la? Deveria beijá-la? Será que ele poderia lhe dar um beijinho na bochecha? Será que deveria fazer isso? Se ele não fizesse, seria estranho? Ah, meu Deus, o que ele deveria fazer? De repente nada do que ele sabia sobre gostar de alguém fazia mais sentido. Angel não era Rachel, ela era uma pessoa completamente nova e inteiramente... misteriosa. O que é que Osmond sabia realmente sobre ela além de que não conseguia dormir de tanto pensar em tudo que gostaria de fazer ao seu lado, de todas as coisas sobre ela que ele desejava saber e como e quando poderia perguntar ou iria por acaso descobrir?

Acalme-se, cara, respira fundo, ele disse para si mesmo e sorriu normalmente quando Angel terminou de vasculhar a decoração pomposa da sala e o olhou. 

- Você veio correndo? - ele se viu perguntando. 

Angel deu aquele seu sorrisinho tímido que Osmond amava.

- Vim! Eu não tenho muito tempo.

Ele a observou checar as horas no relógio em seu pulso e odiou que ela precisasse pensar no tempo e que tivesse acabado de dizer que tinham tão pouco.

Angel o olhou em seguida com interrogações entre suas sobrancelhas. Osmond a estava olhando fixadamente e por isso ela sorriu envergonhada, mordeu o lábio e começou a caminhar pela casa dele para fugir daquela intensidade. Parecia muito admirada com o espaço e seus olhos se entretinham nos detalhes da decoração fria e austera, nas pinturas abstratas e esculturas sem sentido.

Osmond a seguiu devagar, dando-lhe espaço para explorar o quanto quisesse. Ele só queria abraçá-la como fizera no dia anterior sob aquele arco de flores vermelhas, mas tinha medo de agir como um bobo, de escolher o momento errado, de ela... desaparecer. 

E quando parou para pensar nisso percebeu o tamanho do medo que ele realmente tinha do momento em que ela iria embora como todas as outras vezes, correndo e olhando para o relógio, como uma Cinderela encantadora.

Ela estava de costas para ele, olhando para o jardim impecavelmente bem cuidado do lado de fora das paredes altas de vidro da cozinha. Osmond pegou sua mão e a fez se virar. Os dois arfaram juntos e com os olhares assim misturados e feitos um, tiveram certeza de que nas 23h que estiveram longe os dois pensaram a cada segundo naquele exato momento.

Como ela podia ter aqueles olhos de folhas douradas de outono? Osmond queria viver para sempre naqueles olhos de primavera, queria acordar com eles ao seu lado e descobrir que tom adquiriam à luz das velas, ao brilho da lua, no inverno e na claridade do verão em uma praia. 

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