18. A história para outro dia

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Christopher estacionou o carro em frente ao hotel onde Emma e Ana estavam ficando. Haviam retornado para Manhattan de helicóptero e ele se comprometeu a deixar as mulheres da família Britch em seus respectivos locais.

— É isso, estão entregues — Isla comentou virando o corpo levemente para trás para ver as duas.

— Muito obrigada pelo feriado incrível, Christopher — Emma agradeceu com um sorriso leve. — Precisamos todos descansar agora.

Isla olhou para o painel do carro e constatou que eram quase onze horas da noite.

— Se cuidem vocês duas — a engenheira disse encarando os olhos da sobrinha. — Qualquer coisa me avisem, estarei por perto.

Ana inclinou o corpo e deu um beijo na bochecha da tia e sorriu gentil para Christopher antes de sair do carro sendo acompanhada pela mãe.

O falso casal observou as duas entrarem no hotel antes de dar partida no carro.

— Para sua residência? — Christopher perguntou com falsa pompa.

— Meu palacete fica naquela direção — Isla apontou para qualquer lado, seu senso de direção era péssimo. — Mas eu gostaria muito de comer um McDonald's agora — passou a mão pela barriga.

— Para o McDonald's seguiremos, ó rainha Isla — Chris falou saindo da vaga e ouvindo a risada da mulher ao seu lado.

O feriado, que era pra ser um momento tenso e de total atenção deles para não cometerem gafes, acabou se tornando uma oportunidade para se conhecerem melhor e formar um vínculo improvável.

Os dois estavam na pequena fila de um drive-thru e Isla reclamava de cada música clássica que tocava no carro.

— Eu não quero ouvir o Chopin aí — reclamou quando a melodia começou a tocar.

— Sabe o que eu acho engraçado? — Christopher disse encarando a mulher. — Você acerta todos os compositores na cagada!

Isla revirou os olhos e sorriu de lado.

— Eu não acerto na cagada, eu realmente sei quem compôs cada música — disse fazendo uma careta para ele e mostrando a língua.

— Você odeia música clássica! — ele exclamou indignado com o conhecimento da mulher. — Não é possível que você realmente saiba...

— Me testa, eu sei até o nome das composições — Isla o desafiou e ele riu trocando de música rapidamente para testar a mulher.

A nova melodia começou a soar dentro do veículo no momento em que eles receberam os pedidos.

— Então, não vai falar nada, espertinha? — Christopher comentou saindo do local e vendo a mulher colocar uma batata frita na boca.

Tsjaikovski — falou o sobrenome do compositor russo com a boca cheia. — Se não me engano essa música é Souvenir de Florence — respondeu tomando um gole do refrigerante.

Christopher parou o carro no sinal vermelho e encarou a mulher com a boca aberta.

— De onde saiu esse conhecimento?

— Amélie, minha avó materna, era amante das artes clássicas — Isla falou dando de ombros.

Ficaram ouvindo a melodia forte e encorpada em silêncio, a engenheira sentia-se em uma época longe da sua, como se estivesse vivendo em uma época bem antiga em uma província ao ouvir aquela música.

Notou que Christopher seguia para o seu bairro.

— Passa o beco, na próxima esquina à esquerda — ela explicou. — É o prédio de tijolinhos à vista mais feio — comentou rindo sozinha.

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