Ao ver Leo sentado na sala de espera, Isla sorriu e caminhou até o senhor simpático que era motorista de Christopher.
— Senhorita Britch! — ele disse animado e levantando-se para cumprimentá-la
— Senhor Leo! — falou animadamente. — Há quanto tempo não nos vemos, né?
— Mas sei que está em boa companhia com o Sr. Kyle — ele respondeu com um sorriso simpático.
A engenheira somente assentiu com a cabeça e sorriu amarelo. O mais velho tinha razão, Christopher era uma boa companhia. Boa demais para uma mentirosa como ela.
— Sr. Leo, nós temos uma cozinha ali no fundo. Nos armários superiores tem uns salgadinhos. Fique à vontade para se servir — orientou despedindo-se do homem com um sorriso gentil.
Assim que entrou na sala de reuniões, ela notou que era a última a chegar.
— Bom dia — disse para ninguém em específico e sentou-se à mesa. Estava sim, descaradamente, evitando olhar para o executivo que estava presente. — Podemos começar comigo, é só uma finalização da minha parte do processo — Isla comentou enquanto Polly lhe entregava um pen drive com a apresentação.
Assim que conectou o dispositivo e a apresentação estava visível para todos, ela iniciou a explicação desde o processo inicial do trabalho até a parte final onde se encontravam agora. Apesar de saber que deveria apresentar tudo olhando para o maior interessado que era o Sr. Kyle, ela não o olhou em momento algum. Tinha certeza que se encarasse os olhos castanhos do homem iria perder a linha de raciocínio e sua mente seria invadida pelas palavras gentis que ele havia lhe dito na roda gigante do Luna Park.
— Já conferimos absolutamente tudo e está funcionando perfeitamente — falou séria. — Agora essa finalização é com Henry e Bianca que vão deixar tudo mais sofisticado e da maneira como o senhor deseja — finalizou encarando o homem pela primeira vez no dia.
Notou que os olhos dele estavam sérios sobre ela, era concreto que ele não entendia a resistência da mulher naquele momento. Para ele, haviam "terminado" numa boa.
— Obrigada, senhorita Britch — Christopher disse um pouco rouco e pigarreando em seguida. — Quem é o próximo?
Henry começou a falar sobre as suas ideias, mas principalmente sobre o custo total de tudo, afinal, a parte financeira era essencial em qualquer projeto.
Isla se permitiu olhar para Bianca que fazia comentários pertinentes conforme Henry ia falando e depois encarou Polly que fazia anotações como se a vida dependesse disso. Depois olhou para Henry com atenção e sorriu ao notar que o colega de trabalho tinha um estilo próprio de se vestir com gravatas borboletas e suspensórios, e usava toda e qualquer oportunidade para se afirmar, sem vergonha alguma, que era um homem gay.
Isla sorriu pensando que era engraçado que sem querer haviam montado uma equipe onde 90% dos integrantes eram da comunidade LGBT, sem contar que ela era a única mulher engenheira civil da construtora e que Nora era a única mulher negra dona de uma construtora gigante como a Bergman.
Eram a exceção da exceção, todos trabalhando juntos e fazendo, modéstia à parte, um excelente trabalho.
Não pôde deixar de pensar em Ana, talvez fosse importante que ela conhecesse aquelas pessoas da vida da tia. Pessoas que podem mostrar que ser diferente não é sinônimo de fracasso, que há chances e oportunidades. Que Ana tem sim um futuro brilhante pela frente e isso não depende de quem ela beija ou deixa de beijar.
— Isla? — Bianca chamou e a engenheira continuou com os pensamentos longe. — Isla? — sentiu o cutucão que Henry lhe deu.
— Oi — respondeu ficando ligeiramente vermelha ao notar o olhar de confusão de todos sobre si.
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As Mentiras de Isla Britch | ✓
ChickLitQuantas mentiras uma única pessoa pode ter na vida? Isla Britch tem uma coleção delas. O que se esperar de uma vida com tantas mentiras? Confusões. Muitas confusões e diversos mal-entendidos. Até onde você iria com uma mentira? Isla Britch foi long...