As Mentiras de Isla Britch | ✓

21. Descobertas

Assim que abriu a porta do apartamento, Isla notou o olhar incrédulo da sobrinha.

— Você não está reformando nada aqui! — Ana comentou indignada e colocou as mãos na cintura.

— E você vai ficar quietinha sobre isso — Isla falou séria.

Por sorte, apesar de Jack também morar ali, não havia nada muito marcante da presença de um segundo morador. Isla só caminhou até a estante onde havia um porta-retratos em que ela e Jack estavam juntos e escondeu rapidamente o objeto em uma gaveta.

— Por que você tem tanto livro de biologia? — Ana questionou passando as mãos pela pequena estante de livros.

— Porque eu amo a natureza — Isla respondeu puxando a sobrinha pelo ombro para se afastar da estante. — Trouxe você aqui pra gente ter uma conversa séria.

— Eu posso tomar um banho primeiro?

Isla assentiu e mostrou para a menina onde ficava o banheiro. Enquanto a sobrinha estava no chuveiro, foi inevitável que ela não pensasse sobre Christopher, sobre Jack, sobre a situação geral de mentira e enganação.

Sentia atração física pelo executivo, mas ela e Jack tinham muita história.

Sabia que Christopher era um cara legal e gentil, mas Jack era cheio de ideais (mesmo que ela não seguisse verdadeiramente os ideais do namorado).

Christopher tinha uma aura de poder em torno de si que exalava respeito, mas Jack era tão bonzinho e sensível.

No fim, ela não estava chegando à conclusão nenhuma. Os dois eram ótimos, cada um à sua maneira.

— Então, quer falar sobre o quê? — Ana surgiu secando o cabelo em uma toalha e usando os pijamas improvisados da tia.

A morena só deu duas batidinhas na cama e fez a menina sentar ao lado dela. Não sabia por onde começar exatamente, então decidiu que faria como sempre: iria enrolar.

— Como está sendo o colegial?

— Está ok — a menina respondeu dando de ombros.

— Ok? Esperava mais emoção — Isla comentou cutucando a barriga da sobrinha.

— Sinceramente? É um saco! — revirou os olhos. — Ainda mais quando se vive na sombra da rainha Anne Britch — encarou a tia com seriedade. — Você é porra de uma lenda naquela escola, é um saco ser sua sobrinha! — Ana explodiu se levantando rapidamente e deixando Isla preocupada.

— Ei, calma aí — a mulher disse levantando-se também. — Me explica direito, qual o problema? O que está acontecendo?

Ana suspirou e soltou os braços ao lado do corpo de maneira desistente.

— Você foi líder de torcida, eu nem ligo pra essa porcaria — levantou um dedo, numerando os problemas. — Você saía com uma quantidade gigantesca de caras, eu não saio com nenhum — levantou o segundo dedo. — Você sempre foi bonita e gentil com todo mundo, eu sou a estranha e excluída — levantou mais um dedo. — Eu tenho uma única amiga, mas você tem uma foto com dezenas delas te parabenizando por ter entrado na universidade — levantou o quarto dedo. — Eu provavelmente não irei entrar em uma universidade da Ivy League, mas olha onde você está hoje! Uma mulher bem-sucedida morando em Nova Iorque com um namorado podre de rico e super legal! — Ana bufou e passou as mãos pelo rosto.

Isla se aproximou da sobrinha e a abraçou fortemente.

— Minha vida não é perfeita, meu ensino médio não foi perfeito e eu te garanto que você será muito, muito, muito melhor do que eu em tudo o que você fizer — encarou a sobrinha ainda dentro do abraço. — Porque você é a melhor versão de todos nós nessa família. Eu te amo, ok?