Garotas Ninja

Capítulo 6 - Sasha

Sentada na escrivaninha do quarto que eu dividia com Nick, eu estava estudando Física, minha matéria menos preferida mas, surpreendentemente, a que eu me saía melhor. Não era novidade nenhuma eu ser a irmã nerd, aquela que só se preocupava com notas e bom desempenho escolar. Mas oras, era isso que ia me fazer entrar em Harvard, era isso que iria me tornar alguém, era todo aquele esforço que me tornava...perfeita.

Sasha Parker. A menina perfeita.

De repente me lembrei do menino da detenção. Juan Rivera. Ela havia me dito que ser perfeita não era o que realmente importava e que eu não precisava daquilo...

Mas afinal, o que um garoto que nem ao menos me conhecia poderia saber sobre mim? Nada! Isso tudo era uma grande besteira...

- E aí, mana. Estudando? Pra variar? - Nick Perguntou entrando no quarto.

Fechei meu caderno de anotações.

- Como sempre.

- Você vai acabar endoidando.

- Como estudar pode enlouquecer alguém, Nick?

- Não sei, mas eu fico muito confusa só em olhar as fórmulas de Química...

Minha irmã se jogou em sua cama e eu sentei ao seu lado. Peguei um travesseiro em formato de Cupcake e pus no meu colo.

- Que noite hein? - Perguntei me lembrando do assalto daquela tarde. Havíamos corrido um sério risco, mas as aulas de Krav Maga da Alex valeram a pena, pois a mesma conseguiu derrubar os bandidos tranquilamente.

- Nem me fale. Nem tive tempo de comprar meu pacote de Doritos! - Nick falou como se aquilo fosse uma verdadeira tragédia.

Não tive como não rir. Nick sempre me fazia gargalhar, mesmo nos piores momentos.

Decidimos ir dormir, pois já estava ficando tarde. Nicole ameaçou fazer uma fogueira no quintal com os meus livros caso eu voltasse a estudar enquanto ela dormia, então decidi que o melhor era deitar e relaxar.

Antes eu tivesse ficado estudando.

Os pesadelos mal me deixaram dormir.

Os sonhos foram sobre antes da adoção. E na verdade, antes mesmo do Orfanato. De repente, eu estava sentada aos pés de uma mulher que costurava o que parecia ser um vestido. Ela possuía cabelos escuros como os meus presos em um coque, pele morena, olhos castanhos e uma expressão calma. Ela parecia uma versão minha mais velha.

Minha mãe.

Sentado na poltrona ao lado estava um homem forte, de barba, cabelos escuros e um traje de negócios, como um empresário ou algo assim. Claramente meu pai.

Os dois conversavam e faziam planos para mim, sobre meu futuro. E a pequena Sasha apenas sorria e continuava brincando com suas bonecas no tapete da sala.

Em seguida, o sonho mudou. Agora eu estava um pouco mais velha, sentada em uma cama de beliche, com os cabelos presos em marias-chiquinhas e com um vestido branco. Eu lembrava do meu quarto do orfanato e de como eu me sentia incrivelmente sozinha ali, sentada, encarando a chuva que batia no vidro da janela. Aquelas pessoas com quem eu morava, a que eu chamava de mãe e pai, não me amavam? Porque eles haviam me deixado ali e ido embora? No sonho acabei revivendo uma crise de choro, e acabei acordando com os olhos cheios de água.