Força E Fogo São de Nós

4

Estava na mesa quando vi minha amiga chegar, larguei minha taça rapidamente e fui atras dela que nem tinha me visto na sala segui ela até seu quarto pra ver se ela estava bem se precisava de algo.

— Oi!
—  Oi, disse ela em um tom desanimado.
— O que foi ?
Ela se virou para mim e só aí entendi porque ela passou correndo, seu pescoço e seus braços estavam cheios de manchas vermelhas.
—  O que aconteceu ?!
—  Tive que me deitar com um soldado ontem e deu no que deu, alguns deles são brutos demais.
— Estou vendo, vou falar com Kalede pra pegar algo pra tratar disso aí.
— Tudo bem obrigada.

Passei depressa pelo salão e fui ao encontro da nossa regente.

— Com licença senhora mas eu poderia ir até a sala de Calebe pegar um remédio para minha amiga ? Ela voltou machucada da noite de ontem..
— Pode ir e depois irei verificar o que houve.
Segui rapidamente para a sala do médico, bati na porta e fui direto ao ponto.
— Com licença senhor poderia me ajudar ?
— Olha se não é a menina da insônia! Como está ? Melhorou ?
— Sim senhor, estou ótima mas agora quem tá precisando é uma amiga, ela passou a noite com um homem e ele deixou ela com manchas vermelhas pelo corpo, o senhor não teria algo para dar um jeito nisso ?

Ele foi até uma estante pegou um vidrinho com um produto verde gosmento e me deu.

— Aqui, isso deve dar, fale para ela passar todos as noites.
— Obrigada, disse pegado o vidro e seguindo de volta ao harem.

Aqui está seu remédio! disse animada.
— Mas agora a senhora vai me contar como foi à noite quero saber como surgiu isso dai.

Ela fechou os olhos e respirou fundo para começar a falar.

— Eu já tô acostumada com isso, na verdade como você já sabe me deitei com muitos homens mas fazia tempo que eu não era chamada então a primeira foi ontem depois de muito tempo, eles nos tratam como objetos se sentimos dor eles não se importam, não medem a força, apertam o quanto querem, com os nobres não é tão ruim mas com os soldados é horrível eles agem como animais e nos tratam como um, fazia tempo que eu não me sentia mal com o que fazia, agora estou me sentindo assim como se eu fosse um bicho surrado.
— Isso é degradante para a auto estima de uma mulher, comentei, querem que tenhamos postura, alto confiança mas nas mãos deles temos que nos comportar como se fôssemos fantoches.

— Você ainda tem sorte de se guardar e poder lutar por si mesma.
— Não por muito tempo, um dia podem me chamar e..
— Não vão chamar.

Horas mais tarde.

Estava terminando de passar o emplastro nas costas dela quando Raia entrou no quarto.

— O que aconteceu ? Perguntou em tom sério.

— Nada só o homem com quem tive que me deitar ontem à noite me deixou com esses vergões mas Merabe já está cuidando de mim, não precisa se preocupar.

— Sim, disse ela pegando o vidro e cheirando, isso deve dar um jeito até o começo da festa.

— Senhora..

— Sim.. disse dando um sorriso discreto entre os lábios..

— Não tem nada que se possa fazer pra eles não fazerem mais isso com ela ? Perguntei encarando.

— Infelizmente não minha querida, elas são minha responsabilidade aqui dentro mas quando estão no quarto com eles eu não posso dar conta e muito menos controlar o que é feito.

Olhei para baixo acho que elas notaram minha tristeza mas Raia cortou o silêncio ao dizer que o jantar já estava pronto saindo do quarto.

— Você quer comer aqui ?
— Quero, mas é contra as regras.
— Tudo bem eu explico que você não quer que as outras te vejam assim..  e venho comer com você.
— Obrigada, disse ela me jogando um beijinho.