Força E Fogo São de Nós

𝟖

Sai daquela sala me segurando para não desabar ali mesmo, dessa vez queria me enfiar embaixo das cobertas e de lá não sair mais, estava com medo, não queria voltar, na verdade eu só queria estar na minha casa comendo um pedacinho de pão e ficar admirando a brasa naquele momento tudo aumentava o meu desespero eu não tinha para quem voltar estavam todos bem enterrados assim como tudo que eu imaginava para minha vida.

Fui andando apressada para dentro do harém sem pensar em dar justificativas para ninguém mas tudo deu errado pois quando a apareci na porta a primeira coisa que fizeram foi olhar para mim e mergulharem em um falso silêncio por de trás dos cochichos que logo foram aumentando o que trouxe Raia apressada dos fundos do harém, tudo que eu desejava naquele momento era um abraço, um carinho, alguém para dizer que tudo ficaria bem, mas eu estava errada perante aqueles olhares de desaprovação e deboche percebi que não tinha conquistado nada até então, a chefe das cortesãs no entanto continuava a me olhar sem expressar nenhuma palavra sequer, eu não sei dizer se aquele silêncio era a minha salvação ou se era a minha queda ao abismo, as lágrimas então venceram a batalha e começaram a cair vitoriosas pelos meus olhos, estava pela primeira vez envergonhada e de cabeça baixa só ouvindo as risadinhas ao meu lado, fiquei paralisada num instante me veio a mente tudo o que poderia me acontecer: expulsão, tortura, morte... esse pensamento foi como um soco em minha consciência que tanto lutou para sobreviver.
Os sussurros das demais começaram a ficar mais claros, estava amortecida pelo misto de coisas que aquele homem e toda a situação havia me proporcionado mas podia ouvir:

— Ela foi devolvida, disse uma rindo baixinho..

— Não era a sua preferida Raia, pelo visto não deu pra manga! disse outra rindo sem disfarce.

— Eu não quis e não vou me deitar com ele, falei tentando manter o mínimo de postura.

— Silêncio! Vá pro seu quarto! completou ela.

Eu fui sem hesitar, minha vontade era sair correndo e me esconder mas o meu resto de dignidade não permitiu, estava entrando no corredor quando senti sua presença novamente.. era ele, parado na porta do harém, olhei para trás disfarçadamente:

— Comandante, exclamou Raia abaixando a cabeça imediatamente assim como todas as outras.

— Eu quero uma mulher, que faça o serviço completo.
Ele foi rápido e direto ao mesmo tempo em que olhava para mim puxou uma morena pelos braços levando-a sem o menor pudor, era Samira.

Nossos olhares se cruzaram novamente e ele sorriu de forma até singela para mim, o que me fez encara-lo e seguir para o meu quarto e as outras ? só ficaram olhando espantadas, eu continuei já tirando aquele monte de jóias no meio do caminho, arrancando a parte de cima, a debaixo, os sapatos, se pudesse me tirar dali também seria muito bom eu estava farta.

Coloquei a camisola e me joguei na cama só queria fechar os olhos e esquecer de tudo, não queria ver nem ouvir ninguém apenas o silêncio escondida debaixo dos cobertores como uma criança que tem medo do bicho papão fiquei calculando quanto tempo demoraria para acontecer, tinha voltado para o harém com fome mas não me atreveria a sair dali para ir comer, não com toda a situação que eu criei, fiquei no meu casulo por umas duas horas com pequenos intervalos para poder espiar e não ficar sufocada, quando ouvi o maravilhoso som do silêncio tomei coragem e me levantei, vestindo meu roupão fui andando cautelosa até a mesa, fiz sinal para uma serva que veio até mim, pedi-lhe comida e poucos minutos depois ela veio com um belo prato que fez meu estômago roncar sentei-me a mesa e comi sem pensar no que me ocorreria amanhã, porém sentia que alguém me observava entre aquelas colunas e paredes, essa sensação começou a me incomodar isso me fez correr para o meu quarto por instinto, mas vi Raia aparecer na entrada do corredor dei um pulo era ela que estava me observando.