Three

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ALEXIA

Quarta-feira é quase sempre um bom dia, eu venho para a freira no centro de Menelaus, compro frutas e verduras. É estranho imaginar que agora isso seja algo bom porque quando eu era menor a pior coisa que eu poderia fazer na vida era vir com minha mãe para freira comprar frutas quando a coisa que eu mais queria, eram balas e brincar na praia. Decerto, as coisas mudaram, um pouco, ainda sou viciada em balas. Contudo, minha dieta está resumida a fruta, verduras, peixes e bem às vezes em aves. A verdade é que frutas tropicais me encantam e viver em uma ilha tropical apenas facilita algumas coisas para mim.

— As ameixas acabaram de chegar. -Senhor Lewis fala. Ele é um homem generoso e me conhece desde quando vinha com minha mãe. — Elas estão ótimas. -Acrescenta com um tom simpático e um pequeno sorriso se forma em meus lábios. Pego a ameixa oferecida por ele e a mordo. Sinto imediatamente o gosto doce da fruta descer em minha garganta. Eu sorrio mais e limpo o melado no canto da minha bochecha.

— Como sempre certo, Lewis. -Falo e ele sorri. — Vou querer cinco. -Falo.

— Cinco ameixas para mim também. -Uma voz rouca soa e me viro. É o rapaz do isqueiro. Seus olhos verdes estão atentos em mim, quando eu me viro para olhá-lo. Um olhar tão intenso que parece capaz de saber tudo que se passa na minha cabeça. Eu não costumo me encontrar com quem frequenta o lugar onde eu trabalho nos sábados de madrugada, na verdade, pouco sei quem frequenta aquele lugar. Porém, é difícil esquecer olhos tão verdes assim. Eu desvio o olhar assim que escuto o barulho da sacola. Sorrio para Lewis e tiro algumas moedas de cetins para Lewis o entregando.

— Até quarta, Lewis. -Falo e ele sorri movendo seu velho chapéu de palha.

Eu continuo a andar passando pelas barracas, não olho para trás, apesar de ter uma vontade grande em olhar mais uma vez para ele. Paro em frente de uma barraca que tem várias laranjas, tão brilhantes e lisas, parecem deliciosas. Eu começo a pegar algumas laranjas, enquanto a senhora, que não é assim tão minha amiga como Lewis me observa.

— Vou levar essas. -Falo e ela sorri pequeno para mim. Sorrio de volta e enquanto ela empacota as laranjas eu me viro, não vendo mais o rapaz do isqueiro. Mordo meus lábios e continuo a comprar minhas amadas frutas.

Papilio não é um lugar perfeito, tem seus pecados como qualquer outro lugar já foi, mas foi o único lugar que acharam e a única civilização que sobreviveu quando, o planeta enlouqueceu pelas loucuras que fazíamos, foram anos de guerra, para Papilio se tornar o que é hoje, um planeta novo. O Novo Mundo que descobriram em outro planeta, a Nova Terra que descobriram no caos e não por aventura, bem, ao menos é o que os livros de história nos dizem hoje. E agora, tudo começa a se reerguer novamente, li ontem no jornal que estariam povoando outra ilha, agora adepta para mais pessoas, uma notícia interessante depois de várias páginas falando sobre o assalto no banco real na semana passada. A verdade é que Papilio cresceu, os problemas vieram com isso e agora ela está cheia de aldeias e precisa expandir para uma nova ilha, a ilha Libella agora. Ela poderá ser povoada, em breve. É o que dizem, talvez eu vá para lá. Mudar, começar tudo de novo, viver minha constante metamorfose, é sempre assustador, mas no fim é sempre bom.

Além disso, não tem mais nada que prenda a Papilio, eu não pertenço a lugar nenhum então ir para uma ilha nova, que parece ser distante da bagunça que Papilio vem se tornando, parece algo bom.

Eu coloco minhas frutas dentro do meu clássico fusca, ele é abastecido pela energia solar, diferente do antigo que foi criado para guerra e sem qualquer tecnologia que afete menos o que existe ao redor. Eu entro no meu carro e começo a dirigir. Respiro fundo, eu trabalho, exceto na madrugada dos sábados, na manipulação de medicamentos para minha aldeia, Menelaus, como o nome de uma borboleta-azul. O que significa que eu ajudo muitas pessoas com seus problemas de saúde, eu não cobro dinheiro, porque esse não é o objetivo, além disso, o hospital local me ajuda me abastecendo com os materiais que eu preciso e eu os ajudo com as receitas que eu sei. Saber sobre as plantas medicinais em Papilio é uma virtude que eu tenho.

Assim que paro de frente da minha casa pequena e repleta de verde, eu vejo uma mulher, loira e branca o contraste da minha pele. Está com um bebê, caminho até ela assim que saio do carro com minhas sacolas, de imediato escuto o choro do bebê.

— Alexia, ele tem febre. -Ela fala. Não a conheço, ou talvez apenas não me lembro dela. Olho para o bebê e sua pele branca estava com vários marcas rosas. Franzo minha testa. — Acho que é roséola.

— Não, isso é rubéola. -Falo com certeza. — Vou pegar um frasco para o bebê e uma pomada, venha. E queime essa roupa. -Falo e ela balança a cabeça rapidamente. Pego o bebê, apenas de fralda. Ele está agitado e queimando em febre, entro com ela para minha casa. Dessa forma, pois, a minha quarta-feira começa.

⚜⚜⚜

Depois de cuidar de um bebê com rubéola e duas mulheres grávidas que comeram do mesmo bolo e vomitava sem parar, pela intoxicação. Eu fui até praia. Fica há alguns passos da minha casa então não gasto mais que cinco minutos e isso parece ser o paraíso, eu cresci a beira do mar e é estranho como a imensidão do azul faz-me sentir pequena comparada com o resto. Sento-me em uma pedra e fico ouvindo o barulho do mar, da água se chocando na pedra, dos pássaros cantando freneticamente dando adeus a esse dia para então louvar o próximo. Estou apenas sentada em uma pedra observando o fim da tarde, vendo as cores roxas e rosas fazendo contraste no céu azul infinito e ansiando para ver as luas. Vejo, contudo, a primeira estrela aparecendo e também sinto o vento fresco tocar minha pele. Um momento de paz que de fato existe não importa onde esteja, o que aconteça, sempre irá existir um momento de paz. Eu tiro um baseado no bolso do meu vestido e coloco na boca acendendo e fumando. Maconha é diferente de nicotina, uma me faz viajar e parece como estar bastante bêbada e depois bastante fome, a outra me faz relaxar e pode me matar. Uma eu fumo até o final e a outra, apenas uma tragada. Eu realmente não sou um bom exemplo a seguir. Dou uma tragada longa no baseado e respiro fundo olhando para o céu vendo as nuvens se movimentarem um pouco. Ainda tem pouco luz, mas logo com às duas luas enormes haverá mais um pouco de luz e eu vou para casa.

Acabo sendo desviada da minha melancolia em observar o imenso mar e o infinito céu quando escuto um gemido e franzo minha testa, volto a tragar o baseado, como volto a escutar o gemido também. Por Deus, é uma praia, não é possível que estejam fazendo algo aqui. Viro-me a procura da origem do barulho e entre as pequenas ondas do mar batendo na pedra, vejo um corpo caído. Eu me assusto e jogo o baseado no chão. Eu corro até lá. É um homem que sangra e está deitado na praia, eu sei que sangra porque sempre que a água voltava, a areia se manchaca mais sangue do que estava antes. Isso não é algo bom. Agacho-me e ele tosse em seguida geme tentando dizer algo.

— Merda. -Murmuro e o viro devagar e me assusto vendo que era o rapaz do isqueiro. — Merda.

Continua... 

Notas: Oioi bebes tudo em?

Gostaram do capitulo? Harry está bem machucado o que será que o cão bravo vulgo Harry fez?

Espero que estejam gostando muito obrigada pelos comentários ♥ vejo vocês no próximo capitulo. Love All. Xx

Golden || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora