Twenty Six

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ALEXIA

Não temos tudo que queremos, a vida é assim. Real e cruel, céu e inferno. Vivemos no purgatório e nele, não temos tudo o que queremos, temos algumas coisas, amostras dos sofrimentos, dos prazeres e das alegrias. Um purgatório não totalmente ruim pois — talvez — em algum momento teremos a oportunidade de amar, de ser feliz e sentir verdadeiramente a paz e de fazer deste lugar um paraíso mortal. Aqui nós temos sensações que imaginamos ser eternas, mas talvez só saibamos o que será a eternidade quando a morte chegar, mas se engana ao pensar que morte seria a solução para tudo, ela é dramática demais e bastante incerta, um caminho totalmente sem volta para ser entregue facilmente. Desta forma, é quase impossível desistir deste purgatório que vivemos — para algumas pessoas como eu —, e eu não me vejo parando de procurar por liberdade, por tranquilidade, por felicidade e principalmente paz. O amor, a afetividade e a intimidade eu sei que é algo que vem espontaneamente e veio para mim. Veio de uma forma tão rápida como se foi, escapando pelos meus dedos, mas o amor voltou depois de bastante tempo e agora parece que o meu amor irá embora novamente e tão rápido como antes, mas tudo isso porque vivemos no purgatório. Maldito lugar imperfeito moldado por pessoas imperfeitas, agora, amaldiçoado, este lugar que sempre terá como destino a destruição, o caos, tudo e nada que queremos. Entretanto, quero acreditar que alguém, em algum lugar tem tudo isso, vive com tudo isso, viverá bastante com tudo isso e acabara morrendo com isso, com a paz e um amor ingênuo. Então, quando a morte finalmente a visitar no dia que ela mesma combinou, sem saber se estamos prontos ou não.

Seria, assim, um erro tão grave querer algo tão puro e simples? Maldito mundo amaldiçoado.

— Alexia, está na hora de ir. -Harry fala e coloca munição em sua arma. Eu respiro fundo e visto minha blusa em seguida pego a chave do carro em cima de uma cômoda.

— Você pode vir comigo, eles vão se destruir agora. Anthony e Christopher. -Falo e olho para Harry, ele sorri um pouco e se aproxima de mim. Ele passa a mão no meu rosto e eu fecho meus olhos então Harry beija minha testa. — Vamos, por favor. -Sussurro.

— Agora que Christopher sabe ou acha que sabe sobre o que eu quero, ele não vai desistir fácil, ele já desistiu uma vez de ir atrás de mim, bruxinha. -Harry fala e abro meus olhos olhando para Harry. Ele está sério então segura meu rosto. — Ele não vai querer desistir de novo e além disso se você realmente foi o que penso que foi para ele, se ele souber sobre nós... -Suspira e morde seus lábios com força. — Você precisa ir logo.

Não há mais como impedir o que está para acontecer aqui, a despedida realmente se tornou inevitável e a única que me resta é respirar cada segundo e esperar ansiosa pelo reencontro que uma hora ou outra acabará acontecendo, mesmo no final mais trágico.

— Eu te amo. -Falo e o moreno sorri.

— Eu também te amo, bruxinha. -Harry me beija, seu gosto de menta com cigarro está aí e ainda os vestígios do álcool. Entretanto, a forma como ele mexe seus lábios torna o beijo doce e amargo, como um chocolate caro. Coloco minha mão na sua nuca e pressiono meus lábios contra os deles por um momento chega a doer e eu consigo sentir uma lágrima quente se escorrer pelo rosto. Este não pode ser o fim, cretino do criador se este for o nosso fim.

Olho para o Harry e ele beija meu queixo depois minha testa.

— Por favor, vá logo. -Ele murmura e podia sentir na sua voz que ele gostaria de chorar tal como eu também gostaria naquele momento, mas sem lágrimas agora, neste momento precisamos ser fortes. Harry coloca a arma na cintura, eu termino de arrumar minha bolsa, colocando algumas pérolas e cetins, roupas não é algo na qual eu deva me preocupar ainda mais em Menelaus, aquele lugar já foi minha casa e aposto que nada mudou tanto como eu gostaria que mudasse.

Golden || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora