" - Você parece um enigma para mim e eu tenho medo que você seja um demônio como meu pai foi. -Ela fala e eu mordo meus lábios. Alexia segura minha mão, fecho meus olhos, sentindo um toque tão quente quanto um raio de sol. A mulher à minha frente pa...
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❝Dessa vez nós iremos até o fim
Aumente as luzes aqui, baby Brilho extra, eu quero que todos vejam isso Aumente as luzes aqui, baby Você sabe que eu preciso ❞-All Of The Lights (Kayne West e Vários Artistas)
HARRY
Hoje é a noite do jantar e eu acabei sabendo que não será apenas um jantar comemorativo no palácio, mas também uma comemoração de aniversário de Libella desde quando ela foi fundada. Cinco anos atrás e por um ano da administração da Rainha Elloah. Diferente de Papilio, Libella não tinha nativos, somos os primeiros e não que isso seja algo tão grande, mas é importante. Além disso, aqui não tem guerra e Elloah parece querer evitá-la a todo custo administrando bem essa ilha com ordem e respeito a diversidade das pessoas e a forma de como lidamos com o mundo. Isso é bom, mas a forma como ela o faz, eu ainda não sei. Digo, acordei nesse novo mundo faz pouco tempo, mas tudo que eu vejo é paz. Quase que aqui fosse um paraíso, talvez seja. A maior questão é se eu mereço ele.
Não deveria pensar nisso. Você não precisa pensar tanto nisso. Alexia me disse ontem na hora do jantar. Acho que ela percebeu que estava querendo me lembrar de mais coisas, ela colocou a mão em meu ombro e disse que eu não precisaria pensar tanto no que eu não me lembro. Uma hora ou outras as coisas aconteceriam. E eu espero que aconteçam da forma certa.
Já é fim de tarde e Aurora acabou dormindo em meu colo quando estava sentado no degrau da varanda. Eu estava lá observando o sol ser engolido pelo mar para a noite surgir. Neste embalo de um final colorido de tarde, havia um sentimento estranho pelo meu corpo, eu estava bem fisicamente, mas minha cabeça parecia estar a mil, pensando em tudo, pensando em nada. Eu estava agitado e com essa sensação nova, uma sensação boa, mas assustadora. E minha cabeça, meus pensamentos eles não paravam, estavam a mil. Só estou me sentindo mais calmo agora, observando o fim do dia com minha filha no colo. Como se eu tivesse esperando por esse momento por toda minha vida.
Alexia foi tomar banho para se arrumar. Aurora já está limpa e só precisa trocar de roupa, mas acordar ela apenas para isso me parece tão errado, ela está em paz e deveria continuar assim.
Quando o sol finalmente se põe eu subo as escadas até o quarto da minha pequena. Eu deixo ela no berço e fico a observando por longos segundos.
Ela se parece com Alexia, a cor da pele, o cabelo, o formato da boca, nariz e até nas sobrancelhas, mas os olhos dela são verdes. Verdes diferentes do meu, são olhos verdes da selva, mas nada de selvageria. Verdes da grama molhada depois da chuva, verdes cheios de vida e ingenuidade. São olhos verdes únicos e dela, da minha filha. De Aurora.
Sou desviado desses pensamentos quando escuto um barulho de algo caindo, vindo do quarto de Alexia. Ela se machucou? Imaginar isso fez com que uma corrente de preocupação percorresse pelo meu corpo e eu vou correndo até o quarto de Alexia. Eu paro na porta, ela está de costas para mim, uma toalha cinza em seu corpo e eu consigo ver cada curva do seu corpo. Ela está bem, digo, não parece ter caído ou se machucado. Alexia também é linda. O cheiro dela invade meu nariz e é um cheiro tão gostoso quanto viciante, um cheiro familiar.
