Capítulo 8

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Theo

Pego meu carro e de início vou pra casa, mas minha impaciência de encontrar a a Meg me faz mudar o rumo. Pego meu celular e procuro as informações que tenho dela, vejo o endereço e vou direto pra lá.
Chego na portaria do apartamento, me identifico ao porteiro e ele libera minha subida, não sei porque minha mão está soando frio.
Quando a porta se abre, vejo a amiga dela, Carly, sorrindo de canto, mas em questão de um milésimo de segundo, vejo ela, em pé com uma xícara na mão, vestida em um pijama da minnie, que mostrava todo seu corpo, não consegui evitar o olhar que lancei pra ela. Tento disfarçar e digo o mais rápido possível que havia ido lá pra ver se ela estava bem.

-Estou bem,  não precisava se dar ao trabalho de vir aqui, não queria te incomodar. 

-Eu vou deixar vocês a sós. - Carly diz, pegando sua xícara da bancada e saindo em direção ao corredor.

-Não me incomodo de ter vindo aqui, pelo contrário. Você saiu as pressas Meg, fiquei preocupado.

- Eu te mandei uma mensagem dizendo que vinha pra casa, foi só um mal estar, estou melhor agora.

-Uma mensagem não ia mudar minha preocupação.

Meg fica calada, sem olhar pra mim. Começo a ficar irritado pela falta de consideração dela. E decido ir embora. 

-Bom já vi que você está bem,  vou embora. Até amanhã!

-Espera! - Meg pega no meu ombro, e me vira pra ela. - Desculpe, fui muito grosseira com você,  obrigada por se preocupar comigo!

Estávamos tão perto, eu sentindo o cheiro doce que emanava do seu corpo, ela estava vestida com um pijama de desenho animado, mas que nela não ficava nada infantil,  me deixando louco pra tocá-la. Decidi me afastar. Oque essa menina faz comigo?

-Tudo bem, não precisava se desculpar, mas oque aconteceu de verdade? Você não parecia estar passando mal.

Ela me olhou, parecia querer contar algo.

-Eu não aguentei ver o sofrimento daquela menina, me senti na pele dela, só de imaginar... - Meg parou um instante como se buscasse ar pra continuar- ... Só de pensar,  no que ela passou, sendo violada, ameaçada. Ninguém merece passar por isso! Por isso sai de lá, não conseguia continuar ouvindo aquilo.

-Sinto muito fazer você passar por isso. Prometo que não vou pedir pra ir comigo outra vez.

-Não, tudo bem, você não tem culpa de nada. E mais uma vez me desculpe por sair assim do nada. Você aceita uma xícara de café, chá, refrigerante?

Eu pensei em negar e ir embora, já sabia que ela estava bem. Mas, como não consigo evitar ficar perto dela, aceitei.

Meg, vai até a cozinha e me traz uma xícara de café.

- Vem, vamos lá pra fora. - Ela me leva até a sacada do seu apartamento,  senta numa cadeira, e me aponta a outra logo a sua frente, me sento e fico a observando. Ela parecia estar desconfortável comigo ali, mas ao mesmo tempo não. Eu quase conseguia escutar as engrenagens da sua mente trabalhando. Oque será que ela tanto pensa?

- Theo, eu sinto que preciso deixar claro pra você uma coisa. Já que vou trabalhar pra você.

- Claro, pode me dizer.

Meg respirou fundo e quando ia abrir a boca pra dizer o que quer que fosse. Escutamos a amiga dela gritando no telefone com alguém

"-Não pense que sou como as garotas que você está acostumado a sair.... Você acha que me engana?.... Estamos saindo a dois meses, e agora que você vem dizer que não quer nada sério, achando que é normal? Bom... quer saber, eu não vou me estressar com você. Isso acaba agoranão volte a me ligar Nick! "

Nick, lembro do meu amigo, ele é bem cafajeste quando quer. Parece que existe outro Nick igual a ele por aí enganando as mulheres. 

Me volto a Meg,  esperando que ela diga algo, mas ela simplesmente levanta e me olha.

- Desculpe por isso!

-Tudo bem. Eu estou acostumado a ouvir esse tipo de reação, várias mulheres ligam ou vão na editora atrás do meu amigo, que por sinal também se chama Nick.

-Não entendo, porque as pessoas ficam juntas e ao mesmo tempo  querem outras pessoas?

- Você não precisa se preocupar com isso. Qualquer um que tenha você por perto, vai perceber a sorte que tem, e não vai querer mais ninguém. - Meg me olha, tão linda, com aquele olhar que à dias mexe comigo.  Não consigo evitar o meu pensamento (aliás,  ultimamente não consigo controlar nada) e vou chegando mais perto... mais perto... consigo sentir sua respiração no meu peito... eu a beijo, e ela não recua... não sei explicar oque aconteceu comigo, mas meu coração acelerou, e todas as partes do meu corpo despertaram, quanto tempo faz que não me sinto assim? Aliás acho que nunca me senti assim, nem com Alice. Mas oque eu estou fazendo? Não posso beijá-la,  Alice ainda é minha mulher, não posso traí-la assim. Sou despertado pelas mãos de Meg me afastando. Olho pra ela confuso, aliviado e querendo mais daquele beijo. Oque esta acontecendo com meus sentimentos?

-Theo, por favor não faça isso. Não sei o que você pensa que sou, mas eu não quero que isso aconteça novamente. Eu vou trabalhar pra você,  não quero que a gente confunda as coisas.

Vocês imaginam como foi ruim ouvir aquilo? Mesmo sabendo que não poderia ter nada com ela. Sabia que ela estava certa, mas fiquei com um pouco de raiva de raiva por ela me rejeitar assim.

- É claro,  me desculpe, isso não irá se repetir Srta. Lancaster. Vamos nos tratar como colegas de trabalho, já que é apenas isso que somos!

Ela me olhou assustada, mas não disse nada.

-Bom, eu vou embora.

-Eu te acompanho até a porta.

-Não é necessário,  eu sei o caminho. Tenha uma boa noite, Srta. Lancaster, até amanhã.

Não esperei resposta, e sai da sacada, em direção a porta.

Assim que sai do apartamento de Meg, me arrependi de ter sido tão grosso com ela. Ela tem toda razão, só nos conhecemos a três dias. Já é estranho eu ter pedido pra ela assumir um cargo alto na minha empresa sem nem conhecê-la direito. Imagina beijá-la. Ela não merece um cara cheio de problemas na vida dela.

A partir de amanhã, vou tratá-la como ela pediu, mesmo sabendo que vai ser muito difícil ficar perto dela e não me sentir atraído.

Chego em casa, e de cara na lareira encaro a foto de Alice, tão sorridente. Todas as imagens do acidente passam na minha cabeça, todos os anos que ficamos juntos. Me sinto sufocado, preciso de uma bebida. Vou em direção ao bar e pego a garrafa de whisky. Bebo descontroladamente.  Meu celular toca e vejo que é Nick. Não atendo,  preciso de um tempo pra mim.

Não posso trair minha mulher assim. Não posso querer mais ninguém como um dia a quis.

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