Capítulo 6

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Theo

Acordo cedo e vou direto para a empresa. Chego e peço para Carol ligar para a Meg e marcar uma reunião. Me tranco no escritório para adiantar um pouco a papelada que estava sob a mesa, mas não consigo me concentrar.

Meg...

Não via a hora de vê-la. Meus sentimentos estavam muito conflitantes em relação à ela. Mas não planejava estragar tudo isso, seria profissional e a trataria como uma funcionária.

Era isso que eu estava pronto para fazer, mas tudo que planejei sumiu da minha mente assim que á vi entrando na recepção do meu andar. Parecia deslumbrada, como uma criança num parque de diversão. Não conseguia deixar de olhar para ela, e devia estar parecendo um bobo porque ela sorria tímida enquanto entrava na minha sala, acompanhada de Carol.

- Sr. Geller?

-Sim Carol?!

-Está se sentindo bem? – me olhava preocupada.

- Estou, porque a pergunta?

-Desculpe, mas... está com uma cara estranha.

-Estou bem Carol, pode ir agora. Obrigada.

Ela sai pedindo licença, e nos deixa a sós.

-Olá Meg!

- Olá. Esse lugar é lindo!

-Que bom que gostou! Fiquei com medo que não viesse.

-Não faria essa loucura, essa é  uma ótima oportunidade.

- Vem, vou te levar para conhecer a empresa. – não podia ficar mais ali com ela, aquele perfume estava me atingindo. Minha vontade era beijá-la.

-Tudo bem!

Saímos e eu mostrei a ela, cada canto da empresa. Depois voltamos até o meu andar, e a levo a sala que fica de frente para a minha.

-Aqui é seu escritório Meg. Sinta-se a vontade para decorá-lo da forma que bem entender.

-Ual.... quer dizer.... isso é lindo! – Ela me olha nos olhos profundamente – Obrigada Theo, de verdade. Você está realizando o meu sonho.

Não pude deixar de sorrir.

-Fico feliz que tenha gostado. Vamos começar o trabalho?

-Claro! Por onde eu começo?

-Por enquanto, quero que se sinta a vontade para arrumar a sala do seu jeito, depois quero que me acompanhe até umas instituições que ajudo. Hoje é dia da vistoria.

- Vistoria? – pergunta ela.

-Sim, a cada dois meses nós vamos nas instituições para ver se está tudo certo por lá, se não falta nada para as pessoas que trabalham lá, ou alimento, roupas... essas coisas.

- Que interessante. Se quiser podemos ir, depois eu arrumo a sala. Não trouxe nada para colocar aqui ainda.

- Então vamos.

Fomos a várias instituições, e a Meg parecia encantada com tudo, principalmente com as crianças do orfanato. A cada hora que passamos juntos eu a admirava mais, e ela se mostrava tão inteligente e madura para a idade dela.

Só faltava uma instituição, que era a que cuidava das mulheres e meninas que sofriam abuso. Me sentia mal em ir ali, porquê era tanto sofrimento e medo que elas sentiam.

-Chegamos Meg. Essa é a instituição que trata de abuso. Não se preocupe se alguma dessas mulheres se esconderem ou se assustarem com você. O trauma delas são sérios.

Meg me encarava pálida.

- Ok.... eu sei como elas se sentem... Quer dizer, imagino.

-Tudo bem?

-Ahn... Claro. Está tudo bem sim!

Entramos na recepção e estava tudo silencioso, e me lembrei que hoje era dia de palestra. Vou em direção a sala onde elas se reuniam. E ficamos na porta, vendo uma menina começar a falar.

- ... Então, ele disse que precisava de ajuda para escolher uma roupa para a filha dele, que vestia o mesmo tamanho que o meu, pediu ajuda e disse que seria rápido.  Não vi maldade ali, já que minha mãe estava ocupada em outro setor da loja, resolvi ajudar, fui até o provador e tirei minha roupa para experimentar o vestido. O coloquei e sai para ele ver, ele disse que eu tinha ficado linda, e me olhou de um jeito estranho. Resolvi me trocar logo e procurar minha mãe. Quando entrei no provador de novo ele veio atrás e me agarrou. Quis gritar, mas ele tampou minha boca e disse que tinha uma arma, e que se eu gritasse ele me mataria. Fiquei apavorada. Não me mexi mais. Ai ele começou a me beijar – nessa hora a menina já estava as lágrimas, me sentia muito mal por ela. – e a arrancar minha roupa. Eu  senti tanto... mas tanto medo. Ele me deitou no chão, e abusou de mim, enquanto eu sangrava e chorava, desesperada, nunca senti tanta dor. – chorava ainda mais. – E depois de tudo, ele me largou lá e disse pra eu não contar para ninguém. Ou ele mataria a mim e a minha mãe. Eu não consegui me levantar, só chorava, me sentia suja...

Olho para o lado e Meg não está mais lá. A procuro nos corredores, nas salas e nada. Saio na rua e também não a encontro. Para onde será que ela foi? Pego meu celular, e tem uma mensagem dela.

Theo, desculpe sair sem avisar. Estou indo para casa, tive um mal estar. Amanhã nos falamos na empresa.
Boa noite.

Oque será que ela tem? Vou passar na casa dela mais tarde para ver como ela está.

Volto para dentro e procuro a diretora, para conversamos, preciso continuar meu trabalho. Mas não me concentro, Meg me deixou preocupado.

Saio da instituição e ligo pro meu amigo Nick.

- Alô

-Nick...

- Eu espero que sua ligação tenha um motivo muito sério, pra me atrapalhar assim!

-Não me diga que está transando no seu escritório? Já te digo, a Geller não vai pagar mais nem um dano que você causar aí.

-Não se preocupe, não vou estragar nada, mas não posso garantir que não vai mais haver sexo aqui.  Mas me conta, oque precisa?

-Só liguei pra avisar que nao volto pra ai hoje mais, que você tome conta de tudo!

-Tudo bem chefinho, algum problema?

- Não, espero que não...

Desligo e vou direto pra casa. Não ia conseguir me concentrar em nada hoje mais, até saber se a Meg está bem.

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