Lucas Moore
A ficha ainda não tinha caído. Não havia feito nem vinte e quatro horas direito que eu tinha vindo falar com a dona Rosa e do nada ela aparece morta. Seja lá quem estiver por trás disso, não tá nem um pouco feliz em saber que eu e a Júlia estamos nos metendo em seus planos.
Depois de passarmos quase duas horas na delegacia prestando depoimento, a Vanessa foi buscar nós dois.
Vanessa: Então, amanhã vocês conversam mais...
Júlia: Não. – ela se exaltou pela primeira vez desde que saímos daquele apartamento. – Deixa ele dormir lá em casa, mãe. Por favor.
Eu a abracei e ela chorou baixinho no meu peito. Em quase cinco meses que estamos convivendo juntos, eu nunca tinha visto Júlia tão abalada como ela está agora. Tudo o que vimos hoje foi extremamente forte e angustiante, sem falar naquela ameaça que recebemos antes da polícia entrar no local.
Vanessa: Se seu pai desconfia... – ela sussurrou mas enfim concordou. – Tá bom, foi um baque muito grande o que vocês passaram hoje.
Nós entramos no carro e Júlia foi no banco de trás junto comigo. Ver ela debilitada desse jeito partia meu coração em dois. Eu nunca me senti tão impotente, nunca quis tanto que a dor de uma pessoa passasse pra mim.
Assim que chegamos no apartamento, Júlia se afastou de mim ao ver a irmã e Karyne a abraçou.
Júlia: Foi horrível, Kary. – ela resmungou. – Eu nunca achei que veria um cadáver na minha frente. De verdade.
Eu passei a mão em meus cabelos e senti meus olhos marejarem. Fiz menção de sair mas quando eu ia atravessar a porta, Vanessa pegou no meu braço.
Vanessa: Ela precisa de você. – sussurrou me encarando.
– Eu não posso. – sussurrei desnorteado. – É tudo culpa minha. Se eu não tivesse falado pra ela que...
Vanessa: Não foi culpa sua, Lucas. Quem matou aquela senhora, ia fazer aquilo mesmo se vocês não fossem lá. – ela continuou sussurrando. Eu abaixei minha cabeça. – Agora mais do que nunca, vocês precisam um do outro.
Eu concordei e fui até Júlia. Ela me encarou e me abraçou. Eu a guiei até o quarto e limpei suas lágrimas com as pontas dos meus dedos.
Júlia: Estou com medo. – sussurrou me encarando. – Eu estou com muito medo, Lucas.
– Não vou deixar nada acontecer com você. Eu vou te proteger de qualquer um que tentar te fazer algum mal. – sussurrei lhe abraçando novamente. – Você precisa se acalmar, meu amor.
Júlia: Eu vi uma senhora morta. Eu presenciei a cena de um assassinato e... – ela parou de falar e fungou contra o meu peito.
Ela estava estranha. Desde o momento em que saímos do apartamento, e não era só por causa da dona Rosa.
– Aconteceu mais alguma coisa hoje? – eu sussurrei pegando seu rosto com as mãos. Ela encarou meus olhos e concordou.
Júlia: Duas coisas muito, muito estranhas. – sussurrou. – Mas eu vou te contar amanhã, eu não consigo falar sobre isso hoje.
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Eu Odeio Você - Concluída
Novela Juvenil"Eu te odeio pelo simples fato de te amar e não poder te ter. E acho que todo esse desafio é que me faz te amar tanto." Júlia e Lucas se odeiam desde quando nasceram, por culpa maior de seus pais que não se suportam. Em uma brincadeira do destino, o...