A cidade de Detroit

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5 de novembro de 2038

16:00

Detroit não havia mesmo mudado! Assim que colocou os pés para fora do avião Amy foi recebida com o vento gelado da cidade que informava que o inverno estava para chegar. Assim como o inverno, sua nova vida também.
A última vez que esteve em Detroit havia sido quando? Aos seus 9? Ou 8 anos talvez? Já não se lembrava direito, fazia tanto tempo desde que... bem, desde a morte de sua mãe biológica. Após esse inoportuno evento seu pai já não era mais o mesmo. Amy lembrava poucas coisas a respeito de sua infância, o choque da morte de sua mãe e o afastamento do pai a fizeram criar um bloqueio mental eliminando qual quer pensamento ruim de sua mente. Deus abençoe a Tia Anne por ter cuidado da pobre criança, o pai biológico não suportava olhar para a menina sem lembrar da esposa, então, houve uma negligência total com a garota, o pai, um gênio da tecnologia passou a se concentrar cada vez mais em suas pesquisas para não ser lembrado pela assombração da morte de Janet.
No entanto, voltar para Detroit era um grande passo para Amy, voltar onde tudo terminou mal para um grande recomeço, porém, nada começaria bem sem um bom chá. Deus, como Amy odiava o frio e a calefação do aeroporto não dava conta do clima gélido.
A garota se direcionou a Starbucks mais próxima e escolheu um chá preto com limão siciliano e se acomodou no balcão.

—Esse aeroporto está um câos, olhe como essas pessoas caminham desesperadas prestes a perder a merda do avião — Um homem que aparentava estar na casa dos 30 anos sentou ao lado de Amy no balcão da cafeteria. A garota olhou e sorriu.
—Eu sei não é mesmo? Digo, que sejam mais pontuais e cheguem cedo, evita todo o estresse...— abanou as mãos olhando em direção a correria do aeroporto. O homem só riu com um tom de deboche.
—Droga, você não é daqui hum?— Ele perguntou com uma das sobrancelhas levantadas. Amy piscou assustada, era tão óbvio assim?
— Pareço muito impressionada com o tanto de pessoas nesse aeroporto?— A garota questionou risonha.
—Sabia, é do interior!
— Hummm, na verdade da Costa Oeste, sou de Oceanside.
—Ah me enganei sobre o bronzeado, pensei que era uma garota do campo, talvez do Tennessee.— Amy gargalhou. Ok, ele era bom de papo.
— Amy Collins— A garota estendeu a mão
— Gavin Reed!— O cara apertou a mão da garota firme.
— Então Gavin, indo passar o feriado em algum lugar ou acabou de chegar?
— Indo passar o a porra do feriado em uma cena de crime no saguão D — Deu uma piscadela. Foi então que Amy olhou notou o distintivo no qual estava escrito "Detetive Reed". Se sentiu mais animada, talvez ele seria algum rosto amigo no Departamento de Polícia de Detroit, contudo, Amy preferiu não se pronunciar.
— Ah detetive Reed...—riu— Prazer em conhecer mas tenho que ir, o dever me chama— rolou os olhos. Reed apenas acenou com a cabeça e sorriu dando um até mais.

•••

17:00

O clima em Detroit começava a fechar e uma tempestade de aproximava, era o tempo perfeito para ficar em casa, não se você fosse Hank Anderson e precisasse de algumas bebidas para se sentir bem.

— Sr. Anderson, minhas recomendações seriam que você saísse após ter se alimentado do lanche que preparei.
—Marie não fode— Hank olhou para a Android que mantinha um semblante neutro no rosto.
Hank havia jurado que não teria a porra de um Android dentro de casa, porém com as investigações a respeito dos divergentes estarem tomando a maior parte do seu tempo, ele se rendeu a uma companhia de aluguéis que prestavam serviço alugando seus Androids por dias na semana para quem precisasse de uma organização dentro de casa.
— No entanto eu compreendo que devido algumas circunstâncias a perda de apetite pode vir a ocorrer. Aconteceu algum evento que manteve seus níveis de estresse alto Sr. Anderson?— O Led em sua tempora alterava do azul para o amarelo.
— Porra... Se eu soubesse que encheria tanto o saco não teria feito o pedido naquela merda. Só alimente o Sumo e volte para a loja— Hank deu um sorriso irônico. O Led na têmpora de Marie piscou para amarelo, entendendo o recado.
Hank pegou as chaves do carro e saiu de casa. A Android o observou partir e sentiu algo, não sabia dizer se era algum erro do sistema, o que ela não sabia era que estava experimentando uma emoção humana, a preocupação.

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